Mário Botas O médico-pintor Mário Botas nasceu na Nazaré, no dia 23 de Dezembro de 1952. Apesar da sua vida curta, Mário Botas deixou uma grande obra que perpetua a sua existência. O pintor nazareno faleceu no dia 29 de Setembro de 1983, no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, vítima de leucemia, mas a sua obra continua presente, muito pela acção da Fundação Casa Museu Mário Botas que o próprio criou em testamento. Depois de completar o ensino primário e secundário na terra onde nasceu, Mário Botas ingressou, em 1970, na Faculdade de Medicina de Lisboa, onde acabou a licenciatura em medicina, em 1975. No entanto, nunca chegou a exercer a profissão de médico, devido à doença do foro oncológico que o atingiu.
Em 1977, Mário Botas, com apenas 24 anos, descobriu que tinha leucemia. Perante a notícia, decidiu dedicar-se exclusivamente à pintura. Esta decisão fê-lo perdurar no tempo e torná-lo imortal. Um ano depois, fez uma exposição individual em Nova Iorque, na galeria Martin Summers, e em 1980, já em Lisboa, dedicou-se sobretudo à criação, preparação de exposições e outras actividades artísticas. Além de pintor, Mário Botas também escrevia, desenhava e fazia versos. Antes de deixar o mundo dos vivos, Mário Botas criou, por testamento público, a Fundação Casa Museu Mário Botas, a quem doou a totalidade dos seus bens e a sua obra, de valor inestimável. Esta fundação, cuja sede ainda se encontra em construção, na Avenida Vieira Guimarães, na Nazaré, pretende “contribuir para o conhecimento da arte em geral e encorajar o seu estudo”, além de dar a conhecer a obra do seu fundador. Considerado uma “inquietante personalidade”, Mário Botas “não tinha limite para a criatividade, nunca estava parado, era um artista compulsivo e cheio de energia”, refere Ana Isabel Rodrigues. Mário Botas criou cerca de 600 obras. Ana Isabel Rodrigues diz que “quase todos os seus quadros têm uma marca, o seu auto-retrato em várias manifestações: seja boneco, homem, bicho, caricatura, sempre se encontra a sua presença disfarçada”. O pintor nazareno criou inúmeros auto-retratos, dispersos pelas suas personagens. A questão “do eu e do não eu” é um marco em toda a sua obra. Segundo José Manuel Vasconcelos, “a pintura de Mário Botas deve muito à perscrutação e assimilação dos universos românticos filtrados pela morbidez spleenesca dos simbolistas e decadentistas fim-de-século, consubstanciada nas múltiplas cintilações do binómio arte-sonho”. Ainda refere que “na sua obra resultam aspectos como: a natureza como organismo animado, a nostalgia de uma unidade cósmica, o homem como símbolo ou imagem do todo, a acção e a expressão humana como reflexo obscuro de uma transcendência que se procura desvendar através de representações que mais não são do que a interrogação sobre o lado nocturno da vida”. Ainda acrescenta que “a experiência da subjectividade na obra de Mário Botas traduz-se na necessidade obsessiva de se descrever e de se “pôr em cena”, de expor as inquietações e angústias do seu coração, de se colocar no centro da sua reflexão plástica”. Ainda em vida, Mário Botas fez várias exposições individuais e colectivas, nacional e internacionalmente. Na Fundação Casa Museu Mário Botas, cuja inauguração se prevê ser concretizada no final deste ano, existe uma sala dedicada somente a exposições permanente do seu fundador. Em cada exposição permanente, que deverá ter a duração máxima de dois anos, vão estar diversas obras de Mário Botas expostas por temas. Ainda faz parte deste edifício uma sala para exposições temporárias de pintura e escultura; um centro documental e bibliográfico, com sala de leitura, com acesso à Internet e um espaço reservado aos livros do pintor; um auditório; uma sala de reuniões, e ainda, um espaço de cafetaria e loja.
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