Editorial Clara Bernardino Está a começar mais um ano escolar. Com todas as reformas e contra-reformas que tem havido na Educação desde o 25 de Abril, passou a haver também um espaço consagrado à formação cívica do aluno que começa, na escola, a construir a sua consciência social e crítica de uma forma mais incisiva. Não é uma novidade, mas é, de há uns anos a esta parte, uma tentativa consciente dos currículos de ajudar a fomentar alguns alicerces de cidadania. O arranque das aulas coincide, este ano, com duas campanhas políticas para as eleições legislativas e autárquicas. Por todo o lado, há cartazes e outdoors a promover as políticas e os candidatos. A propaganda é uma forma de comunicar com o eleitorado e de dar a conhecer os rostos daqueles que pretendem levar por diante os destinos da nação ou da autarquia.
Ainda que cada um de nós sinta que é um excesso de cartazes ao longo das ruas, nas rotundas, nas estradas, também sabemos que, depois das eleições, os cartazes e a maior parte das estruturas que os suportam são recolhidos. As campanhas eleitorais levam muito tempo a preparar e são o resultado do trabalho de muitas pessoas que ao longo de algum tempo delinearam estratégias, estabeleceram planos de acção e, sobretudo, trabalharam para pôr essas estratégias em prática. O vandalismo exercido por alguns sobre os outdoors vem revelar que cada vez é mais importante formar indivíduos para serem cidadãos, é preciso investir numa formação cívica real que desenvolva nos mais jovens e em todos aqueles que ainda estão em formação as competências necessárias que lhes permitam saber ser e saber estar não só em família e na escola, mas, acima de tudo, na sociedade. Então e aqueles que não quiseram ou não puderam beber na fonte da escola o civismo e a cidadania ? Estarão eles condenados a ser vândalos? Claro que não! Afinal, os nossos avós, por vezes, nem sequer tinham a 4.ª classe e sabiam perfeitamente as regras de viver em sociedade. Conheciam de cor as regras do respeito pelo trabalho do outro e, apesar de não conhecerem a liberdade, sabiam distinguir a libertinagem quando a viam e souberam ensinar os seus filhos a não segui-la, para que os nossos pais nos ensinassem a nós seus netos. O vandalismo é o expoente máximo da libertinagem. As aulas estão a recomeçar. É na escola que os alunos passam a maior parte do seu tempo. Os conhecimentos adquiridos ao longo do seu percurso escolar poderão ser importantes ferramentas para o resto da vida, mas a escola não substitui a família e não podemos esquecer que o nosso povo, na sua sabedoria empírica, não esquece que “a primeira escola é a família”.
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