Olívia Chicharro veste bonecas à nazarenahá mais de 30 anos

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Tânia Rocha Chegou à Nazaré tinha 17 anos. Embora filha de nazarenos, Olívia Chicharro nasceu em Angola. Chegou à terra mãe dos seus pais após o 25 de Abril de 1974. Quando chegou, terminou o curso de formação feminina, na área das artes de costura, em Alcobaça. Começou a trabalhar numa loja de artesanato, altura […]
Olívia Chicharro veste bonecas à nazarena<br>há mais de 30 anos

Tânia Rocha Chegou à Nazaré tinha 17 anos. Embora filha de nazarenos, Olívia Chicharro nasceu em Angola. Chegou à terra mãe dos seus pais após o 25 de Abril de 1974. Quando chegou, terminou o curso de formação feminina, na área das artes de costura, em Alcobaça. Começou a trabalhar numa loja de artesanato, altura em que lhe despertou o interesse pelo traje nazareno. Usou o seu conhecimento para bordar aventais para algumas lojas de artigos regionais, mas não satisfeita só com a confecção de uma peça, comprou uma boneca, despiu-a e a partir daí começou a fazer todas as peças do traje nazareno. Através da curiosidade pelo traje, aprendeu como se veste uma boneca, e é nisso que tem vindo a trabalhar durante toda a sua vida. Mais tarde, fez um curso de artesanato através do Instituto de Emprego e Formação Profissional, e depois constituiu a sua própria empresa de artesanato, que tem actualmente 18 anos de existência.

Durante o Verão vende algumas das peças que confecciona na sua banca, situada na Praça Manuel de Arriaga, e fornece algumas lojas de artigos regionais na Nazaré. No entanto, o seu trabalho não está presente só na Nazaré, Olívia Chicharro vende para várias partes do país. Durante o Inverno confecciona as bonecas para as começar a vender no início da Primavera, altura em que as encomendas começam a surgir. Em paralelo, participa em várias feiras de artesanato e exposições, por todo o país. Tirou o curso de Formação para Formadores e chegou a ser formadora em alguns projectos promovidos pela autarquia e pela Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. Contudo, a sua arte não se esgota no traje típico nazareno. Veste miniaturas típicas de várias regiões. Faz dois tipos de bonecas, as de colecção e as comercias. Segundo Olívia Chicharro, “as bonecas de colecção são vestidas a rigor, com tecidos típicos e são de porcelana”. Por outro lado, “as bonecas comerciais são de plástico, e o traje que usam é adaptado ao traje de origem, com tecidos mais baratos, mas que são semelhantes aos de origem”. Uma boneca de porcelana, vestida a rigor, com cerca de 40 centímetros, pode custar à volta de 55 euros, enquanto a boneca análoga, mas comercial, tem o preço de 30 euros, aproximadamente. O traje feminino nazareno, domingueiro, é rico, ornamentado e artisticamente produzido. As bonecas vestem todas, rigorosamente, as sete saias. Podem ser brancas ou de cor, caseadas ou com rendas aplicadas. A última, que está debaixo do avental, é feita em pano escocês, caxemira, tirilene plissado ou chita azul com a barra de veludo. Os aventais, normalmente de cetim, podem ser bordados ou com rendas aplicadas. Os casacos são feitos em veludo, e as blusas são enfeitadas com mangas de renda, normalmente, bordadas na gola e nos punhos. Para completar, levam na cabeça um cachené, capa preta ou xaile a compor, com um chapéu preto e chinelas de verniz. Contudo, existe também outro tipo de traje, o dito traje de trabalho, que é composto por menos saias, e todo ele pouco ornamentado, acabando por ser tornar mais pobre. Os tamanhos das bonecas podem variar entre os 12 e os 40 centímetros. O preço, o traje e o material, também variam consoante o trabalho e tempo que é dedicado a vestir uma boneca. A artesã diz que “o negócio já teve alturas mais rentáveis”. Para Olívia Chicharro vestir bonecas nazarenas “é uma realização” e “um estímulo para continuar o meu trabalho”. O traje vai aparecendo à medida que vai vestindo uma boneca. A conjugação das diversas peças de roupa vão surgindo e completando-se naquele instante. Olívia Chicharro não é a única mulher que confecciona as bonecas vestidas à nazarena, mas é uma das poucas que ainda se dedica a este tipo de artesanato como meio de sobrevivência, como actividade profissional principal, um trabalho que também se foi desvanecendo com o passar do tempo. “Uma arte, uma profissão”, como classificou a artesã, ao qual já não se dedica muita gente. Para vestir bonecas, “é preciso ter arte, gosto e empenho”, disse.

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Artigos Relacionados

Vereadora volta a alertar para mau estado da Escola Amadeu Gaudêncio

A vereadora da oposição na Câmara Municipal da Nazaré, Fátima Duarte, voltou a chamar a atenção para o estado de degradação da Escola Básica Amadeu Gaudêncio, denunciando, uma vez mais, problemas estruturais e de higiene que persistem no estabelecimento de ensino....

escola 1 1

Recolhas de sangue no Valado dos Frades

A Associação de Dadores de Sangue de Valado dos Frades vai promover duas ações de recolha de sangue no mês de julho. A primeira decorre no dia 6, entre as 9h00 e as 13h00, na sede da associação. A segunda está marcada para o dia 23, no mesmo horário, e terá lugar...

recolhas

Esquininhas” volta a trazer música às ruas da Nazaré no dia 21 de junho

No próximo dia 21 de junho, a vila da Nazaré volta a transformar-se num palco ao ar livre com mais uma edição do evento “Esquininhas”, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal que promete animar as ruas com seis concertos de estilos variados, do jazz ao fado....

banda