Tânia Rocha Na manhã de sol da última quarta-feira, um grupo de 13 crianças e 16 adultos navegaram à busca dos golfinhos que vivem na costa da Nazaré. Foram de autocarro desde a Biblioteca de Praia até ao Porto de Abrigo, local onde foram equipados com os coletes de salvação, depois foi dado um briefing sobre a iniciativa, e finalmente embarcámos na marina do Clube Naval da Nazaré, à descoberta das comunidades de golfinhos existentes ao largo da Nazaré. Fomos distribuídos por três embarcações. Com os coletes vestidos, as mãos agarradas ao barco e com os olhos bem abertos, navegámos pela enseada da Nazaré. A aventura começou com o passeio de barco, que voavam sobre ondas deste mar imenso. Durante a viagem, os olhos de todos perscrutavam por sinais de vida, como pequenas ondas de espuma ou aves à caça de peixe, a quem se podiam juntar os golfinhos.
Os barcos dividiram-se por rotas diferentes, enquanto os passageiros podiam contemplar a bela paisagem vista de mar. A adrenalina e a magnífica vista já valiam por si só, mas após percorrermos cerca de cinco milhas de mar, a 14 nós, deu-se o ponto alto do passeio, apareceram os primeiros golfinhos na proa de uma das embarcações. As outras alertadas pelo rádio, dirigiram-se para a local com muita pressa, mas assim que nos aproximámos, as embarcações abrandaram. Quando se avistaram as primeiras barbatanas de golfinhos comuns, o Delphinus delphis, ninguém permaneceu sentado. Os gritos de entusiasmo, a alegria no rosto das crianças e aquele cenário de vida lindíssimo, proporcionaram um momento magnífico para todos. Primeiramente, pensámos que seria só um eventual casal de namorados a permanecer naquele local, que demonstraram não querer ser incomodados. Fizemos alguns círculos com a embarcação à procura de outros membros do grupo, até que surgiram cerca de cinco membros que nadaram junto e debaixo dos barcos, já acostumados à nossa presença. Nadaram junto às embarcações, competiram à mesma velocidade, surgiram em mergulhos, sozinhos ou em grupo, mas não fizeram nenhuma pirueta. Por alguns instantes, este grupo permaneceu junto das embarcações repetindo as corridas e os mergulhos sincronizados. Mais ao longe, avistámos mais alguns membros, que também se juntaram a nós. Passado algum tempo, todos mergulharam no profundo oceano, fazendo com que a nossa viagem terminasse. Regressámos a terra com a vista regalada. Atrás de nós, tínhamos apenas mar. Mariana Isabel tem oito anos, é de Gondomar, e viu pela primeira vez golfinhos no mar da Nazaré. Disse que sentiu “uma diversão muito grande”. A mãe, Cármen Oliveira, que a acompanhou na visita, afirmou que foi “um passeio lindíssimo”. Rodrigo Pereira, de 11 anos, é de Turquel e também viu golfinhos pela primeira vez na Nazaré, confessou ter “gostado muito”, não só de ver os golfinhos, mas também do passeio de barco. Já a Rafaela Pestana, de dez anos, é a segunda vez que fez este passeio aos golfinhos e pretende repetir a experiência no próximo ano. Os golfinhos são animais mamíferos cetáceos, que pertencem à família Delphinidae. Alimentam-se de peixe e lulas, têm uma esperança média de vida de 25 anos e vivem em grupo. São muito inteligentes, sociáveis e brincalhões. Actualmente, são conhecidas 37 espécies diferentes de golfinhos em todo o mundo. O “Passeio aos Golfinhos” é uma actividade da Câmara Municipal, realizada em colaboração com o Clube Naval da Nazaré, dedicada às crianças, e que se realiza todas as quartas-feiras, em Julho, Agosto e na primeira semana de Setembro, se o estado do mar e as condições atmosféricas o permitirem. É uma acção de educação ambiental, inserida no programa de sensibilização ambiental da Campanha Bandeira Azul 2009, que tem como um dos principais objectivos “mostrar a estreita ligação entre a presença desta espécie e a existência de um ecossistema preservado e rico em alimentação”. Todas as crianças dos seis aos 12 anos podem participar nesta iniciativa, e as que têm entre seis e oito anos têm de ser acompanhadas por uma adulto. As inscrições são gratuitas e devem ser efectuadas no dia anterior ao do passeio, na Biblioteca de Praia, situada em frente à Praça Sousa Oliveira.
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