Peça de teatro leva ao Cine-Teatro de Alcobaça histórias de pessoas reaisDavid MarianoNo próximo sábado, dia 2 de Maio, o Cine-Teatro de Alcobaça recebe a peça de teatro “Rosa Esperança”, um espectáculo com encenação de Rui Germano e que conta com os depoimentos reais de sete mulheres que enfrentaram o cancro da mama. Trata-se de um espectáculo que remete para experiências profundamente biográficas, mas onde a ficção não fica de fora: as histórias reunidas pretendem aqui chamar a atenção para uma dura realidade que mata quatro mulheres por dia em Portugal.Inserido num projecto de teatro de pesquisa, nomeado “Projecto Mulheres e o Cancro da Mama” e levado a cabo pela companhia riomaiorense “Quem Não Tem Cão…”, em “Rosa Esperança” interpretam-se e reinventam-se histórias de pessoas reais: a peça conta com a participação de 7 mulheres que, não sendo actrizes, decidiram expor a sua própria experiência de luta contra o cancro e aceitaram o desafio de a partilhar com o público num palco.
No meio da ansiedade e da angústia daquelas personagens, entramos desta forma num processo que relata a evolução da doença, desde o diagnóstico, os exames, as consultas, os internamentos, a cirurgia e os tratamentos. Mas como conseguiram chegar estas mulheres aqui: exprimindo em palco e em frente à audiência um percurso que normalmente é tão doloroso? Mulheres de várias origens (Rio Maior, Lisboa, Ovar e até Alcobaça) e com várias profissões (bancárias, professoras, esteticistas, jornalistas e empresárias), os participantes da peça conheceram-se através de um blogue criado por uma amiga do encenador que acabaria por falecer. O próprio encenador viveu o drama da doença dentro a sua própria família quando a sua mãe há 26 anos sentiu um nódulo no peito e procurou um médico.“Rosa Esperança” é um retrato íntimo e intenso do drama vivido pelas mulheres afectadas pelo cancro da mama, dos seus fantasmas, das suas preocupações, dos seus medos, mas acima de tudo da capacidade de vida que estas demonstram perante a adversidade e a morte, num universo feito de esperança e luta: não necessariamente um fim, antes o princípio de tudo. Feito com mulheres, de carne e osso, que mostram como a vida é possível.
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