Armando LopesColunistaParecem cogumelos a nascer. Subitamente, invadiram tudo o que é praça, largo ou rotunda. Nas bermas das estradas ou nas zonas de maior movimento e visibilidade. Enormes e apelativos como convém a qualquer cartaz que se preze. E bastou apenas um suave cheirinho a eleições para que o fenómeno explodisse.Pessoalmente não tenho nada contra os cartazes publicitários em geral. A não ser que eles interfiram com as condições de segurança ou colidam com o meu sentido estético. No entanto, os de propaganda política desagradam-me particularmente, principalmente por tudo aquilo que representam e significam. Penso mesmo que chegam a constituir uma ameaça, quando o seu conteúdo é um insulto à inteligência ou uma provocação. De qualquer modo são, inevitavelmente, um desperdício de dinheiro público e uma afronta ostentosa. Por isso mesmo, criticáveis.
Já por diversas vezes me interroguei sobre aqueles rostos sorridentes que, ciclicamente, nos vão aparecendo à frente. Rostos dos mesmos protagonistas que, ao longo dos anos, se vão repetindo em sucessivos actos eleitorais. É certo que nos aparecem sempre renovados, graças ao engenho de cirurgiões gráficos. Verdadeiros mestres na arte de remover rugas, verrugas, sinais e outras anormalidades. São eles que conseguem o milagre da eterna juventude, transformando qualquer estafermo num regalo para a vista.A verdade é que sempre me intrigou aquele sorriso que, frequentemente, os candidatos afivelam nos lábios. Não sei mesmo de onde lhes virá a felicidade. Tão pouco acho compatível esse regozijo com o sacrifício que, depois de eleitos, todos dizem estar a fazer por nós, pelo país. De modo que só encontro uma explicação para tamanha manifestação de contentamento: estão a mentir-nos e a gozar connosco! Só pode!… Caso contrário, porque raio de razão é que os cartazes hão-de sorrir?…
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