Clara BernardinoPrimeiro, foram os cravos, depois, as palavras.Um pouco por toda a parte, repetem-se os discursos sobre o que foi, o que aconteceu, onde se estava no 25 de Abril.Entre palavras que cheiram a História e as que respiram o futuro, são preferíveis as segundas porque são o primeiro passo para fazer cumprir os sonhos que se formam dentro de nós e nos levam a lutar por algo melhor.
Somos quem fomos e quem seremos. A História é importante para nos lembrar as origens, a tradição, a herança dos antepassados que temos que respeitar e preservar. Os sonhos são o que nos faz levantar, lutar, cair, voltar a levantar com mais vontade, com mais fervor, com mais ânsia de pôr em prática tudo aquilo a que temos direito. É caso para dizer que há 35 anos, Abril foi o verbo. Agora, Abril é liberdade, é a conquista de muitos direitos, mas é também a recordação de uma luta que nunca tem fim, para que a História não se repita.Abril é o mês dos sonhos: dos que já se cumpriram, dos que estão por cumprir. De Abril em Abril o país faz o balanço: o que é que se conquistou desde aquele Abril dos cravos, em que em vez de sangue, brotaram flores nos canos das espingardas? E desde o último Abril? Desde há 35 anos conquistamos a liberdade, a democracia, o pão.E desde o último Abril? Será que o nosso país cresceu, se desenvolveu, melhorou?Talvez o Poeta tenha razão: já se cumpriu a liberdade, mas falta cumprir Portugal!Que importância tem o vermelho, o laranja, o rosa, o azul, o verde de cada um dos partidos, se Portugal tem uma única bandeira e nela estão representados o sangue derramado para que fossemos um povo e a esperança no futuro. Essas são as verdadeiras cores dos nossos corações. Acaso não falamos, não sonhamos, não sentimos, não amamos em Português?
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