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Dia da Mulher – igualdade até que ponto?

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EditorialClara BernardinoCelebra-se no dia 8 de Março mais um Dia da Mulher. É curioso que haja um dia por ano dedicado à mulher e que se organizem festas, encontros, jantares em que elas saem, se divertem e se acham iguais aos homens. Só o facto de existir um dia dedicado à mulher parece vir recordar […]

EditorialClara BernardinoCelebra-se no dia 8 de Março mais um Dia da Mulher. É curioso que haja um dia por ano dedicado à mulher e que se organizem festas, encontros, jantares em que elas saem, se divertem e se acham iguais aos homens. Só o facto de existir um dia dedicado à mulher parece vir recordar que os restantes 364 dias do ano são dedicados ao homem, porque se de facto existisse a apregoada igualdade, não seria necessário assinalar uma data no calendário ou comemorá-la com tanto entusiasmo.Enquanto muitas mulheres festejam o “seu dia”, um pouco, por todo o mundo, morrem mulheres vítimas da sua família, da sua cultura e da sua nacionalidade. Ainda há mulheres vendidas, apedrejadas, silenciadas. Ainda há países onde ter uma filha mulher é um infortúnio…

Bem hajam as nossas mães, as nossas avós, as nossas bisavós e todas as outras antes delas, que lutaram silenciosamente, com os meios que dispunham e nos foram dando através do seu leite a noção da importância e da responsabilidade de ser mulher.Na política, em nome da democracia, existem quotas para as mulheres. É a chamada regra da paridade. Se depois da revolução de Abril fazia sentido que houvesse quotas para que as mulheres fossem integradas e chamadas a participar nos destinos da nação, continuo sem perceber por que razão em pleno séc. XXI continuamos a falar em quotas. Se de facto houvesse igualdade, a quota não seria de um terço, mas de metade. Se houvesse uma lista composta só por mulheres também haveria a necessidade de impor uma quota para homens? Será que se o mundo fosse governado pelas mulheres também existiria um “Dia do homem?”Há quem diga que as quotas servem para envolver as mulheres na política. Mostra-nos a História que a maior parte das revoluções foram iniciadas por mulheres…Não são a própria República e a Justiça representadas através de uma figura de mulher?A mulher já é símbolo há muito tempo, desde que lhe eram vedados o saber e a cidadania, porque isso a tornava “perigosa” e pouco submissa. Não será a existência de quotas uma medida “politicamente correcta” para mascarar algum tipo de descriminação? Como escrevia Eça de Queiroz no conto A Aia, “uma roca não governa como uma espada”. Num mundo mais justo, quer a roca (mulher), quer a espada (homem) são necessários para que haja equilíbrio. Homem e Mulher, juntos caminhando lado a lado, partilhando, construindo.

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