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“Não quero fazer da política a minha vida”

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O Região da Nazaré vai entrevistar, até às próximas eleições, todos os membros do executivo das Câmaras Municipais de Alcobaça e Nazaré.Na edição anterior falámos com José Vinagre, da Câmara de Alcobaça. Para esta edição, entrevistámos António Salvador, vereador da Câmara Municipal da Nazaré. António Salvador foi eleito como número dois do Grupo de Cidadãos […]
“Não quero fazer da política a minha vida”

O Região da Nazaré vai entrevistar, até às próximas eleições, todos os membros do executivo das Câmaras Municipais de Alcobaça e Nazaré.Na edição anterior falámos com José Vinagre, da Câmara de Alcobaça. Para esta edição, entrevistámos António Salvador, vereador da Câmara Municipal da Nazaré. António Salvador foi eleito como número dois do Grupo de Cidadãos Independentes e há cerca de um ano assumiu o pelouro do Ordenamento do Território, do Planeamento e do Urbanismo.Entrevista Tânia RochaRegião Nazaré – Qual o balanço que faz do seu mandato?António Salvador – Colocaria o meu balanço em dois momentos: aquele em que estive sem pelouro e aquele em que assumi o pelouro do Urbanismo. Apesar das tentativas de muita participação na primeira fase do mandato, isso foi muito difícil. Agora é bem mais fácil, porque penso que as pessoas já entenderam que existe a vontade clara de tentar ajudar que os projectos e iniciativas avancem. Nunca houve da minha parte uma tentativa de bloqueio, antes pelo contrário. Seja à esquerda ou à direita, tento sempre ajudar e penso que as pessoas já entenderam isso.

R.N. – Quando fala em tentativa de bloqueio, está a referir-se à sua posição ou à posição da maioria partidária em relação às suas propostas, na primeira fase do mandato?A.S. – As propostas eram aceites, mas do ponto de vista político, não convinha assumir que as aceitavam. Hoje as coisas são diferentes. As pessoas têm muita tendência para dividir o que é esquerda e o que é direita, ou o que é partido A e o que é partido B. No município, pertencendo todos à mesma comunidade, não se deve fazer isso. Devemos discutir as ideias e propostas de cada um, com seriedade, sem estar sempre com segundas intenções, a ver quem está a brilhar mais, ou a tentar esconder alguns protagonismos, em vez de se discutir os problemas e arranjar as soluções.R.N. – A paternidade das propostas é um problema na organização e execução do executivo?A.S. – Boa parte dos membros do executivo tem um problema permanente de tentar ter protagonismo em tudo. A minha postura sempre foi diferente em relação a essa parte do executivo. Fico muitas vezes triste e decepcionado, (e isto é um balanço do meu mandato), com as pessoas que defendem interesses pessoais ou de um partido, em vez dos interesses da comunidade e em vez de trabalharem nesse sentido. A paternidade é pouco relevante, o que interessa é saber se a proposta é para concretizar, se é boa para a nossa comunidade. R.N. – Sendo militante do PSD, porque é que nas últimas eleições concorreu numa lista adversária ao seu partido?A.S. – Porque não estava de acordo com as políticas que estavam a ser seguidas e com alguns dos seus protagonistas. Fui das poucas pessoas dentro da concelhia na Nazaré, que assumiu uma posição frontal e corajosa contra quem estava no poder naquele momento, contra o oportunismo partidário de alguns, que agiram de uma forma que nós achávamos que era má, que não representava bem o partido e que só queria aproveitar-se deste. Houve pessoas que se demitiram e houve pessoas que enfrentaram quem tinha estado por trás desse processo de “assalto ao poder”, na concelhia do PSD. Eu e outros cidadãos independentes, acabámos por demonstrar com clareza que tínhamos razão. Por isso, há muita coisa que está a mudar na forma de gerir o município. O Grupo de Cidadãos Independentes (GCI) apresentou um programa alternativo, que ajudei a fazer, com muitas semelhanças com o programa do PSD, daí que não seja difícil que eu me integre nesses programas, projectos ou políticas, porque as defendo. Aqui o que está em causa é o método e a forma de gerir, e isso está a mudar. Quando as pessoas estão a trabalhar honestamente, em equipa, conseguem obter os resultados. Foi uma atitude de coragem, vencedora, e já estamos a mudar o concelho. R.N. Porque é que passou de vereador de oposição para parceiro do presidente da Câmara, se não estava de acordo com os protagonistas do seu partido?A.S. – Quando formei, com outras pessoas, o Grupo dos Independentes, nós apresentámos um projecto e um plano, que é muito semelhante ao do PSD em algumas matérias, e também semelhante ao do PS, noutras. Quando disse que não estava de acordo com os protagonistas, não me referia especificamente ao presidente, estava a incluir um conjunto de pessoas, dentro da Câmara e do partido. Quando digo isso, refiro-me ao facto de haver um conjunto de resultados até essa data, e ao facto de isso ter mudado a meio do actual mandato, com a alteração do figurino político provocada pela presença dos vereadores Independentes e pela exoneração do então vice-presidente.O que fez com que as circunstâncias mudassem e eu passasse a assumir um pelouro, foi o facto de ter sido convidado para isso, mas sobretudo, porque houve um momento de grande crise, motivado por questões políticas e pessoais. Tínhamos um mandato para cumprir e eu senti que tinha de colaborar para haver estabilidade, independentemente dos partidos ou dos interesses pessoais. Assumi a responsabilidade de garantir que a população não ia sofrer com isso.R.N. – A continuação do mandato foi a principal causa para ajudar a manter a Câmara e não a deixar cair no período de grande instabilidade política que sofreu?A.S. – Houve um momento em que havia um risco sério de a Câmara cair. Não havia condições de governação. Ausentei-me durante um mês, para ponderar, e retomei decidido a ir até ao fim com o meu mandato, independentemente de agradar a A ou a B. Fiz isso pelos valores que fui lá defender, ou seja, pondo os interesses da população acima dos interesses individuais ou partidários. R.N. – Acha que o presidente o convidou a si e ao vereador José Pires a assumirem pelouros, por serem do mesmo partido?A.S. – Garantidamente que da minha parte não foi por ser do PSD. Vi isso de uma forma individual e não pelo interesse partidário, ou seja, mesmo que fosse militante do PS, ou de outro partido, teria assumido a estabilidade da Câmara. O interesse colectivo deve estar acima do interesse individual.R.N. – Mas acha que se assim fosse, o presidente também o convidaria?A.S. – Eu acredito que sim. Acho que o presidente optou pela estabilidade, pela segurança, e por confiar nas pessoas que podiam ajudar a população e o concelho a levar por diante um conjunto de projectos. Foi uma decisão pessoal, tanto minha, como do presidente, e não teve em atenção interesses partidários. No entanto, é evidente que hoje também tenho interesse que o PSD tenha estabilidade na Câmara, não posso ignorar isso. Fui capaz de estar no GCI, de ser eleito pelo meu nome e não por um partido e, nessa altura, não estava a ter em conta interesses do partido. Sou do PSD, mas antes de mais sou da Nazaré. A população e o meu concelho estão primeiro. Aqui, o meu partido é a Nazaré!R.N. -Como se sentiu quando as pessoas começaram a achar que tinha traído os independentes?A.S. – Nunca acharam isso. Essa foi uma ideia que alguém “vendeu”, mas não é verdadeira. Eu assumi funções, mas não mudei de cadeira, nem de cor, nem de convicções. A boa parte do GCI aceitou bem eu ter assumido o pelouro, vendo nisso uma oportunidade para pôr em prática a política e o programa que tinham defendido. Hoje, muitos reconhecem que foi uma boa decisão e que estou a ter um bom desempenho. Só tenho um ano de exercício de actividade e esse tempo é muito pouco para pôr tudo em prática. R.N. – O que fez que tivesse mudado a Nazaré?A.S. – Em poucos meses foram feitos sérios esforços para pôr em prática o concurso “Nazaré XXI”. Este projecto é um desejo de há muitos anos, mas só agora está lançado. Há outros projectos em curso, nomeadamente: o concurso do teleférico para a Pederneira, que já foi lançado, e a Área de Localização Empresarial do Valado, que irá ser relançado. As decisões estão tomadas, mas é preciso tempo para pôr as coisas em prática. Creio que não podem exigir que num ano faça o que não se fiz em 20 e mais anos.R.N. – A crise financeira que se instalou vai atrasar ou impedir a concretização destes projectos?A.S. – A crise vai atrasar alguns dos projectos. É uma crise muito profunda e intensa. Mas a nossa determinação e criatividade, com algum tempo, vai encontrar soluções.R.N. – Quais os pontos fortes e pontos fracos do seu desempenho? Como se avalia?A.S.- Um ponto fraco é o tempo. O meu tempo de mandato é muito curto para pôr em prática tudo o que ambicionava. Se tivesses começado no início do mandato, creio que muitas coisas já estariam lançadas. Espero que as pessoas tenham noção que não era possível fazer mais com o tempo que tive até agora, mas pôr os projectos em curso é um ponto positivo.A maior dificuldade que estou a sentir neste mandato é não saber qual é a honestidade dos outros. Gostaria que os outros fossem honestos e responsáveis comigo e que trilhassem o mesmo caminho para atingir os objectivos da população.Relativamente à avaliação, caberá à nossa população avaliar os resultados na altura certa. Só espero que entendam que não tive o tempo que outros tiveram para executar esses projectos. Não estou a dizer que quero ficar mais tempo, mas creio que é necessário. Só ficarei por ser necessário, e caso a população o queira, porque não quero fazer da política a minha vida.R.N. Está a dizer que alguns lutam por visibilidade pessoal e não pelos interesses da comunidade?A.S. – Estou. Se há uma coisa que me decepciona na política local é a preocupação de alguns em serem os protagonistas de tudo o que acontece de bom e de fugirem com o “rabo à seringa” ao que acontece de mau, sendo poucos os que estão preocupados com as consequências e resultados para a população.R.N.- Acha que alguns membros do executivo, além de não mostrarem soluções, tentam travar o desenvolvimento do concelho?A. S. – Quando colocam os interesses pessoais ou partidários à frente dos interesses da comunidade, estão claramente a boicotar o trabalho dos outros e o que eles próprios dizem querer. Vê-se muita falsidade e falta de vergonha, com uns alegados “políticos” a dizerem o contrário do que pensam só para atingirem os seus objectivos mesquinhos, por vaidade, ambição, ou até por vingança pessoal. Creio que as pessoas estão atentas e saberão “separar o trigo do joio”.R.N. – O que acha que a população pensa de si, como político?A.S. – Espero que as pessoas me avaliem enquanto pessoa e não enquanto político. O cargo político é uma fase da vida, não é uma profissão ou uma característica pessoal. Espero que olhem para mim como uma pessoa competente, honesta e responsável, e se isso for avaliado positivamente, então serei um bom político. Para mim, “bom político” é aquele que coloca o seu saber, a sua competência e o seu trabalho ao serviço da população. Se ser “bom político” for mentir, insultar e caluniar, então não quero ser “bom político”!R.N. – O que mais gostaria de fazer se tivesse oportunidade?A.S. – Além de concluir estes projectos urbanísticos, nomeadamente, a construção do teleférico, a requalificação da marginal, a reabilitação e construção de novos equipamentos (Paços do Concelho, Mercado municipal, áreas comerciais, reabilitação dos espaços públicos dos centros urbanos), a construção da Marinha, o Golfe e a Área de Localização Empresarial, há outro conjunto de projectos que gostaria de concretizar, tão ou mais importantes que estes, que se prendem com infra-estruturas urbanas e a área social.R.N – Acha que a comunicação social o trata de igual forma, em relação aos outros membros do executivo?A.S.- Não. Acho que sou discriminado pela comunicação social e regional, de uma forma desproporcionada. Talvez por ter estado ligado a este jornal, julgo que alguns órgãos de comunicação social não olham para mim como outro agente político qualquer, mas isso não me afecta nada, porque não estou à procura de “aparecer”. É mais frequente ser contactado por um órgão nacional do que por um local ou regional. Na comunicação social, algumas pessoas, esquecendo o profissionalismo, desmerecem alguns para tentar promover os amigos, misturando interesses pessoais com trabalho, esquecendo a isenção e a imparcialidade.R.N – Quer continuar como membro do executivo na Câmara Municipal?A.S. – Essa decisão cabe a um conjunto enorme de pessoas, desde membros dos partidos à própria população, mas gostava de ter a oportunidade de acabar o que começou e fazer outros projectos.R.N. – Mesmo que esse conjunto de pessoas não decidam integrá-lo na lista, vai candidatar-se em conjunto com o actual presidente? Ou pode candidatar-se como independente?A.S. – Uma candidatura como Cidadão Independente é legalmente possível. O destino a Deus pertence. Mas não creio que volte a ser necessário. O trabalho com o actual presidente da Câmara está a correr bem. Existe uma equipa unida e motivada. Creio que a decisão do PSD será a de apoiar a candidatura do actual presidente, e eu estarei disponível para o secundar na lista do PSD à Câmara Municipal, com uma equipa nova, para trabalhar e concretizar algumas obras que vão melhorar a vida da Nazaré, ao nível da economia das empresas e das pessoas, e ao nível da qualidade de vida, sempre com respeito pela nossa Cultura e Património, pondo as pessoas em primeiro lugar.

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