Editorial 137O ano que, ainda agora, começa trouxe consigo o frio, a chuva e o desânimo, provocado pelas notícias de uma crise anunciada, ainda no fim do ano velho.Basta olhar para os carrinhos do supermercado para perceber que a crise começa na mesa e acaba no guarda-roupas. Afinal, as promoções já começaram e as lojas continuam vazias. Ao contrário do que o Governo prometeu, o desemprego em vez de emagrecer, engorda cada vez mais.
Quando falamos em fome, pensamos que isso acontece aos outros, lá longe; ou então, atribuímos a culpa da vida dos sem-abrigo a algumas calamidades sociais como a droga e o álcool, que vão arrastando, lentamente, as pessoas que caem nas suas teias para um poço sem fundo. Mas, infelizmente, a fome não mora lá longe. Às vezes, é nossa vizinha, mora paredes meias com a nossa casa e nós não sabemos.Como combatê-la?Há uma resposta imediata, enquanto os governos não respondem. Chama-se solidariedade. Essa não depende das bolsas, nem da subida do barril do crude, nem sequer da taxa Euribor. Depende apenas de cada um de nós. Organizam-se bancos alimentares de quando em quando. E ainda bem que se organizam. Mas, e o resto do ano?Talvez seja necessário que estejamos mais atentos aos que estão perto. Talvez seja necessário que aprendamos a partilhar o nosso pão com aqueles que têm menos do que nós e recuperemos alguns valores que se foram perdendo ao longo dos anos.
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