Emanuel TomazQuando em 1519 Fernão de Magalhães iniciou aquela que foi a primeira viagem de circum-navegação, estava longe de sonhar que se tornaria no maior dos capitães e que a sua epopeia alguns séculos mais tarde daria início à globalização. Portugal que no século XVII dominou o mundo com uma população de apenas 1.500 000 súbditos, teve o seu declínio tal como todos os grandes impérios do passado, tornando-se desde a implantação da república num país subdesenvolvido, miserável e com uma assustadora taxa de analfabetismo.Agora que estamos na cauda da Europa, em pleno século XXI o 1º. ministro anunciou um choque tecnológico e a introdução do “Magalhães” no projecto E-escolinhas, vai colocar nas mãos das crianças portuguesas 500.000 computadores “Magalhães”: o primeiro portátil desenhado e produzido na totalidade em Portugal. O computador vai ficar a custo zero, a 20 euros ou a 50 euros, consoante o rendimento das famílias e a sua comparticipação, possibilitando assim à juventude portuguesa uma viagem na selva da imaginação…

Steve Ballmer (um dos homens mais ricos do mundo) director da Microsoft, veio a Portugal publicitar a participação da empresa fundada por si e por Bill Gates, elogiando o empreendedorismo luso na área das novas tecnologias. – Depois do ministro Teixeira dos Santos ter garantido o crédito inter-bancário até vinte biliões de euros, evitando um clima de histeria colectiva que seria provocada pela corrida às poupanças, a parceria dos gigantes Samsung e Microsoft revelou-se mais um balão de oxigénio para José Sócrates, que ao querer manter as grandes obras públicas apesar da conjectura internacional totalmente desfavorável, consegue com o “Magalhães” uma vitória a todos os níveis: possibilita aos jovens uma ferramenta indispensável para navegar nas auto-estradas do conhecimento e da informação e poderem assim preparar a sua integração neste admirável mundo novo, que chega a Portugal com vinte anos de atraso e a um ano das eleições cumpre uma das mais importantes promessas eleitorais e transmite a todos os portugueses a certeza de que a sua determinação para prosseguir com a modernização do país é inabalável! É num momento de crise que o estado tem que dar o sinal que não desiste. Os grandes projectos nacionais não podem parar! Desde Francisco Sá-Carneiro que Portugal não tinha um político com esta genialidade, visão, frontalidade e coragem! – Tal como a viagem de Magalhães foi concluída por Juan Sabastián Elcano em 1522 mudando o mundo e o pensamento da época, também a obra de José Sócrates (que poderá até vir a ser terminada por outro) mudará para sempre a face do país. – As lastimáveis intervenções recentes da presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite (que até já foi titular da pasta das finanças), esvaziada de conteúdo nas críticas inócuas ao governo sobre uma medida extraordinária e imprescindível e de Francisco Louça, que começa a ser levado cada vez menos a sério (pois ao saber que nunca terá que apresentar um programa de governo que será posto em prática, pode disparar em todas as direcções)… se às vezes marca pontos na assembleia em fait-divers, agora ao levantar suspeitas sobre o estado avalizar os empréstimos dos bancos portugueses incita ao levantamento das poupanças o que é de uma irresponsabilidade grotesca e vêm pôr a nu que o atraso estrutural do país se deve inequivocamente ao facto da democracia estar refém dos partidos políticos e estes porem sistematicamente os seus interesses à frente do país. As vozes contestáveis argumentam que é uma medida avulso e eleitoralista, que o programa não foi coordenado com o ministério da educação, que as crianças vão crescer preguiçosas pois o português, o inglês, a matemática, têm que ser estudados…É o caso típico de : preso por ter cão e preso por não ter… é este corte com o passado em que tudo era prometido ser nunca se sonhar em cumprir, que assusta todos os que vivem da política e se opõem a tudo o que não os beneficie. Mau seria se nada fosse feito!Esperamos que a obstinação do 1º. Ministro diminua o fosso entre ricos e pobres, eleve os padrões de vida, revitalize a classe média, garanta a competitividade das nossas empresas e da nossa economia e equilibre as contas públicas. Se conseguir isto, então os enormes esforços que nos foram exigidos terão valido a pena, pois será o início de uma nova era, pautada por regras de equidade. E aquele Portugal eternamente adiado e que nunca foi de todos nós, pode ser que venha finalmente a ser cumprido…