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Emanuel de Sousa Tomaz(professor de ténis)Findos os jogos olímpicos mais caros da história, com 27 milhões de euros investidos nas inigualáveis cerimónias de abertura em que estiveram envolvidos 15.000 participantes, e de encerramento com a suprema dignidade da atribuição das medalhas da maratona a Tsegay Kebede da Etiópia (bronze), Jouhad Gharib de Marrocos (prata) e […]

Emanuel de Sousa Tomaz(professor de ténis)Findos os jogos olímpicos mais caros da história, com 27 milhões de euros investidos nas inigualáveis cerimónias de abertura em que estiveram envolvidos 15.000 participantes, e de encerramento com a suprema dignidade da atribuição das medalhas da maratona a Tsegay Kebede da Etiópia (bronze), Jouhad Gharib de Marrocos (prata) e a Samuel Wansiru do Quénia (ouro),tudo aquilo que os mais cépticos podem dizer é: Incomparável!A milenar arte pirotécnica chinesa, aliada às dezenas de milhares de figurantes que interligaram a tradição à tecnologia num espectáculo deveras deslumbrante e apoteótico, culminou com o ex-ginasta Li Ning correndo no ar que nem astronauta, a acender a chama olímpica que durante 17 dias iluminou os jogos. Foi deveras grandioso!10.708 atletas de 204 países, competiram em 28 desportos pela atribuição de 302 medalhas de ouro.

A China, se dúvidas subsistissem, mostrou ao mundo que aquele império que dominou há 5000 anos e que teve na dinastia Ming o seu expoente, está de volta e depois de alguns milénios de hibernação, a recente abertura ao capitalismo, catapulta a China para o topo de tudo: a classe média chinesa são 400 milhões de pessoas (mais do que a população da Europa comunitária), ávida de tudo aquilo a que o dinheiro proporciona e tornando-a no alvo mais apetecido de todo o “mundo civilizado”. Estes jogos serviram de montra privilegiada para todo o mundo absorver a modernização de Pequim e da China, que tem apenas ¼ da população mundial! Com 51 medalhas de ouro, a China que só participa em olimpíadas desde 1984, foi a grande vencedora dos jogos e na cerimónia de encerramento, Hu Jintao, presidente da república popular da China era o espelho da nação: o triunfo em toda a linha, aliado à excelente organização (a aldeia olímpica e o fabuloso sistema de transportes deixaram os atletas rendidos)… a drástica diminuição da poluição (que até ajudou a fazer cair o recorde olímpico da maratona, que pertencia a Carlos Lopes desde 1984), juntaram 1 bilião e 400 milhões de almas em torno do sonho olímpico. Mais não foi do que o renascer do dragão!O desporto na China foi durante anos usado apenas como propaganda, mas com a abertura da China ao mundo, o desporto de alta competição com todo o mediatismo inerente na actual sociedade global, foi alvo de um tratamento de excepção, com a criação de academias (verdadeiras fábricas de talentos), de infra-estruturas de norte a sul e com a importação de técnicos de topo mundial nos mais variados desportos, o que tudo junto fez da China um colosso e fará dela nos anos vindouros e de forma sustentada, a maior potência mundial a todos os níveis!Quanto aos Estados Unidos da América, as 36 medalhas de ouro apenas lhe garantiram o 2º. lugar nos jogos; …Legado da administração Bush, ou o princípio do fim da hegemonia?A Rússia, tão habituada estava a disfarçar através do desporto a gigantesca miséria e desigualdades que assolavam o império da U.R.S.S., conseguiu ainda assim o 3º.lugar entre as nações com mais medalhas de ouro, 23! E se o desmembramento do bloco soviético significou o aparecimento de 15 novos países, Putin e a seu fantoche Medvedev, deviam aprender a lição, de que a grande Rússia com toda a corrupção no aparelho de estado e em todos os sectores da sociedade, já não pode fazer alarde do poderio militar para ter a posição dominante que outrora ocupou! A invasão da Geórgia mais não fez do que pôr a nu uma verdade elementar: as guerras actuais travam-se por interesses económicos! Esta foi pela machadada que o gasoduto georgiano provocaria nos depauperados cofres russos. E a prepotência é tanta que o reconhecimento da Abecásia e da Ossétia do Sul, deixam todos aqueles países europeus que reconheceram a independência do Kosovo, sem margem de manobra para qualquer tipo de intervenção… As atiradoras Natália Paderina (Rússia) e Nino Salukvadze da Geórgia (prata e bronze na pistola de ar a 10 metros), deram uma verdadeira lição do espírito olimpíco, ao abraçarem-se no pódio. A Grã Bretanha que vai receber os jogos em 2012, foi 4ª. classificada na corrida ao ouro (18), logo seguida pela Alemanha (16), Austrália (14), Coreia (13), Japão (9), Itália (8) e França, Ucrânia e Holanda fecham o top 10 com 7 medalhas de ouro cada. Essencialmente, assistiu-se à evolução, ou à continuação sustentada dos países que num passado recente organizaram os jogos e souberam assim tirar proveito das excepcionais infra-estruras que herdaram: Austrália, Coreia, e sobretudo a Espanha. A excepção pela negativa foi a Grécia, mas como os ingleses dizem e bem: Greece is a mess!Na generalidade, a qualidade desportiva foi fantástica! Foram batidos 132 recordes olímpicos, 43 recordes do mundo e assistiu-se à consagração de alguns super atletas: o americano Michael Phelps, que com as 8 medalhas de ouro na natação, suplantou o lendário Mark Spitz que detinha o recorde de medalhas na mesma olimpíada: 7 de ouro em Munique 1972! O inglês Chris Hoyt no ciclismo de pista (provas de perseguição), com 3 medalhas de ouro, o ginasta chinês Dzu Kai, também com 3 medalhas de ouro, o etíope Kenenisa Bekele, que tem que ser considerado o melhor fundista mundial de todos os tempos, venceu o ouro nos 5.000 e nos 10.000 metros; igual proeza realizou a sua compatriota Tirunesh Dibaba, vencendo concludentemente a légua e a dupla légua. Destaque ainda para a americana Nastia Liukin (filha de ex-campeões russos), que com 5 medalhas na ginástica, provou ser a melhor ginasta mundial ( ganhou o all around)…e para o jamaicano Usain Bolt, rei da velocidade, com vitória nos 100 e 200 metros tendo batido o mítico recorde mundial de Michael Jhonson com 19,30 segundos. Destaque pela negativa para a inclusão da prova de BMX (aquelas bicicletas pequeninas cuja barra de direcção gira a 360º. e os participantes se identificam pelos calções abaixo do joelho e a caírem pelo rabo), uma prova que dura 30 segundos em que caiem metade dos participantes, roça o ridículo já para não lhe chamar surreal… (Como é possível que ao ver tamanha palhaçada o hóquei em patins não seja desporto olímpico)? E também o grotesco profissionalismo dos participantes dos jogos: o americano Kobe Bryant no Basket, Roger Federer, Rafael Nadal, as irmãs Williams e todas as vedetas do circuito ATP e WTA, os futebolistas Ronaldinho e Lionel Messi entre tantos outros que subvertem o ideal olimpíco: Citius, Altius, Fortis! Se o barão Pierre de Coubertin assistisse à degeneração dos ideais por que tanto lutou, decerto que não resistiria a tanta hipocrisia…O contraste foi a emocionante e duríssima prova de BTT, vencida pelo francês Julien Absalon em 1h55m59s. Épico!Sobre o Tibete, durante o decorrer dos jogos, nem uma palavra… Os três locais em Pequim, postos à disposição dos manifestantes, permaneceram vazios, pois era necessário uma autorização e os pretendentes acabaram todos presos…Quanto à participação portuguesa, é tempo de parar para pensar! De uma vez por todas tem que se começar a construir a casa pelos alicerces: os 15 milhões de euros que o governo deu ao comité olímpico português, proporcionou aos participantes lusos as melhores condições possíveis face à inexistência de um projecto! E é de um projecto a médio-longo prazo que o desporto português precisa! Aliado à criação de infra-estruturas descentralizadas e da contratação de técnicos superiores que possam preparar os nossos técnicos para que possam vir a ser melhores. Mas se calhar para isso terá que se mudar a mentalidade primeiro… veja-se o caso de Aleksander Donner, o melhor técnico de andebol que passou por Portugal; campeão em todos os clubes que treinou e está no desemprego… É preciso dizer mais?Quanto aos comentários brejeiros sobre os nossos atletas, é conveniente de vez em quando sair do sofá para vestir a pele de desportista; aí então está-se no direito de criticar!Parabéns a Vanessa Fernandes e a Nélson Évora, por disfarçarem aquilo que desde há décadas é indisfarçável: neste país só os futebolistas são profissionais!O velejador Gustavo Lima (campeão europeu e mundial), aufere 1.000 euros mensais e Obikwelu 1.250 euros! …Um pedreiro ganha mais!Portugal tem potencial desportivo não tem é projecto nem infra-estruturas! E aí a culpa é não só dos sucessivos governos que nos têm enganado, mas também dos media nacionais, que desde há décadas têm elevado o futebol à categoria de religião, relegando todo o desporto para terceiro plano e até o apelidando de: modalidades! Onde tem estado o futebol nos jogos olímpicos? Onde esteve? Na última participação miserável perdeu com o Iraque (…) 4-2, venceu Marrocos por 2-1 e foi goleado pela Costa Rica por 4-2 (!!!), ficando em último lugar no grupo! A imprensa regional também tem uma culpa inalienável ao dar o ênfase que dá a campeonatos sem a mais pequena notoriedade, “escondendo” todos os outros desportos que tanto têm feito pela juventude deste país. Aparentemente ninguém aprendeu a lição do euro 2004, com os estádios vazios depois do investimento megalómano e da taça América…Por andarmos há anos a brincar ao futebol deixámos fugir para Valência um dos mais mediáticos eventos desportivos do planeta, com a criação directa de 750 mil postos de trabalho… A continuação da atitude miserabilista da imprensa em privilégio do futebol, continuará a cavar um fosso cada vez mais intransponível entre o verdadeiro desporto, o desporto de formação e a turva indústria do futebol da qual tantos comem, prestam vassalagem e auto-promovem-se socialmente, contribuindo definitivamente para a intransponível decaláge do fosso olímpico!

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