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A Grandeza de Portugal

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Valdemar RodriguesProf. UniversitárioPortugal é o país da Europa mais pessimista, conferem os analistas, e um dos países onde a economia informal tem mais peso (cerca de 22,3 por cento do PIB, segundo os dados da agremiação empresarial “Cotec” onde pontificam algumas das mais conhecidas luminárias do meio empresarial português). Além disso em Portugal existem cerca […]

Valdemar RodriguesProf. UniversitárioPortugal é o país da Europa mais pessimista, conferem os analistas, e um dos países onde a economia informal tem mais peso (cerca de 22,3 por cento do PIB, segundo os dados da agremiação empresarial “Cotec” onde pontificam algumas das mais conhecidas luminárias do meio empresarial português). Além disso em Portugal existem cerca de 16% de indígenas que não possuem sequer uma conta bancária, o que coloca definitivamente o país na “cauda” do mundo “moderno” e “civilizado”. O que eu quero dizer aqui, com muito orgulho deste meu povo que assim se defende, é que são estas (poucas mas reveladoras) pérolas que fazem de Portugal uma nação ainda com algum futuro e tento na Europa e no mundo dito “civilizado”.

As luminárias do empreendorismo lusitano, para nossa surpresa, esquecem-se crescentemente, quando se trata de comentar o nosso “atraso”, de explicar por exemplo o “sucesso” do esforço de “modernização” germânico, norte-americano ou britânico, que fez com que metade (ou mais) das famílias jovens estejam hoje falidas e/ou no desemprego, e sem grandes perspectivas em relação ao futuro, não obstante as suas elevadas qualificações académicas. Não tanto certamente como nesses paraísos da “modernidade” ocidental, as luminárias do “empreendorismo” luso sempre dependeram do Estado, a quem exigem as leis mais favoráveis aos seus negócios, leis por vezes de uma “modernidade severa”, e de quem recebem generosas contrapartidas económicas, ou isenções fiscais, ou subsídios, pelos seus grandes “méritos empreendedores”. Seria pois estranho que tais luminárias e exegetas da “economia global” achassem bem o povo trocar a sua “biológica” galinha por um alqueire de batatas sem dar conta disso às Finanças, ou guardar debaixo do colchão o seu ouro e algum dinheiro, sem recorrer aos modernos “serviços” bancários. Por um lado o Estado perde tributações ou seja, a “justa” retribuição pelos serviços que presta à “elite empreendedora” (feitura de leis consentâneas, concessão de privilégios, uma justiça mais “ajustada”, autorizações e licenças, “facilitação” de negócios internacionais, etc.) e por outro a entidade bancária deixa de ter algo de “substancial” para poder dizer sobre nós ao Estado (quanto movimentamos na nossa conta, que aplicações financeiras penhoráveis possuímos, quanto consumimos mensalmente, etc., etc.) – só inconvenientes portanto!Em relação ao pessimismo nacional, que não estimula a “produtividade” (ora aí está!), as luminárias julgam que o povo dorme e que não recorda, em Portugal há pelo menos duzentos anos, para onde o têm conduzido sempre os grandes “choques modernizantes”, que é para a pobreza, para a escravidão ou para o cadafalso. Acima de tudo, faz parte da identidade nacional essa certeza de que a ascensão social não é fruto do trabalho honesto e aplicado, e pior do que isso, de que o cunho aristocrático da nossa sociedade impede à partida, e inapelavelmente, qualquer pretensão de ascensão social de quem não seja filho ou sobrinho “de algo”. Foi o historiador José Mattoso que notou esta bem vincada tendência identitária portuguesa, à qual não pode em rigor chamar-se pessimismo. Em Portugal não há pessimistas: há gente que aprendeu as lições que a história lhes vem ensinando de forma indelével. Há traidores certamente, e são talvez hoje muitos, mas há também quem não troque a liberdade por essas algemas douradas de uma “vida moderna”. Há muito boa gente por esse mundo e por essa Europa, gente ilustre e letrada, que não estaria disposta a pagar tanto pela sua liberdade. Nós estamos, e aí reside a nossa maior grandeza. Tenhamos ao menos orgulho disso.Cós, 16 de Agosto de 2008

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