Legenda Carlos CoelhoCarlos Coelho especialista em gestão de marcas defendeClara BernardinoApesar de a Assembleia Municipal e a Câmara terem dito não à elevação da Nazaré a cidade neste momento, o Presidente da Câmara cumpriu o prometido: lançar o debate sobre o assunto, convidando vários especialistas. O primeiro a abrir o ciclo de conferências foi Carlos Coelhos, consultor do Programa “Imagens de Marca”, da SIC, cujo primeiro programa foi dedicado à Nazaré.O Salão Nobre dos Paços de Concelho encheu-se, no passado dia 22 de Julho, para ouvir Carlos Coelho que iniciou a sua intervenção salientando que “o que importa é reflectir quais são os pilares onde vai assentar” a Nazaré vila ou cidade. Segundo o especialista, esses pilares já fazem parte do dia-a-dia dos nazarenos e vêm do passado e da história da vila.

O 7, número simbólico, pois 7 são as saias, os mares e as cores do arco-íris, deve ser, na opinião de Carlos Coelho, uma das marcas a valorizar pela Nazaré, bem como o traje tradicional, a religiosidade, as lendas, o mar, a gastronomia, a paisagem natural e o canhão submarino que, em seu entender, devem afirmar-se como marcas da diferenciação territorial da Nazaré. «A Nazaré tem pilares para ser uma terra fantástica», concluiu Carlos Coelho.Durante a sua apresentação destacou, ainda, que este século é marcado pela imaterialidade, pois a maior parte das pessoas já tem um pouco de tudo e procura as “não coisas”, isto é, a beleza de uma paisagem, uma bela história, um bom prato. Por isso, a riqueza do património imaterial da Nazaré é uma mais-valia, pois é «um dos sítios com maior concentração de história no nosso País». «Há muitos milhões de pessoas dispostas a pagar para vivenciar isto», afirmou.Para tal, é preciso conferir um cunho de modernidade às tradições. «O futuro deve ser construído com base na genuinidade», ou seja, a “Nazaré antiga – menina das 7 saias deve modernizar-se e passar a usar 7 mini-saias”, aludindo à necessidade de a terra corresponder também às expectativas dos mais jovens que não se sentem atraídos pelo negro e pelo fatalismo do passado que envolve os trajes e a atitude das suas gentes.Carlos Coelho considerou que “o estatuto vila ou cidade não é um estatuto administrativo mas uma decisão identitária” e deu como exemplos Cascais e Oeiras, que por questões de turismo optaram por se manter como vilas e são hoje dos locais mais populosos e com melhor qualidade de vida do País salientando que estas duas localidades se modernizaram respeitando a sua história e adaptando-se à actualidade, acrescentando que “não há nada que se possa fazer que dependa do estatuto administrativo”. Como contraponto, apresentou a cidade de Santana, na ilha da Madeira, que não se desenvolveu por ser cidade, tendo que recorrer às suas tradições para conseguir algum desenvolvimento. Para o conferencista, a passagem do estatuto administrativo a cidade não implica o corte com as tradições «mas também não é o berço do desenvolvimento». Salientando que «o turismo vende histórias, não camas», defendeu que «o nosso passado não é uma peça de museu, é fonte de desenvolvimento».“O importante é criar uma marca e desenvolvê-la” para atrair mais população e mais turismo, salientando que também tem de existir a captação e interesse dos privados em investir no concelho.”