Imagem da Virgem Maria regressou ao mosteiroImagem da padroeira da Igreja de Santa Maria está restauradaA imagem da Virgem Maria padroeira da Igreja de Santa Maria de Alcobaça regressou ao Mosteiro Depois de muito tempo longe dos olhares do público, a imagem da Virgem Maria que foi alvo de uma grande intervenção de restauro a cargo de André Remígio, com o objectivo de restabelecer a sua integridade estética, física e química, regressou ao Mosteiro de Alcobaça, no passado dia 26 de Maio.André Remígio explicou que a acção de restauração passou pela conservação da policromia – fixação – que estava a cair, e o estufado, seguindo-se, depois, a limpeza da peça e a remoção das várias intervenções anteriores de má qualidade que desvirtuavam a leitura da peça. O conservador explicou ainda que no decorrer do restauro foram encontrados na imagem de Santa Maria rebocos com tintas plásticas e camadas de purpurina – pó brilhante -, que terão sido usadas na década de 60, à luz do que era, à época, a filosofia de conservação de peças de arte.

Rui Rasquilho, director do Mosteiro de Alcobaça, enfatizou que “esta foi mais uma obra de arte recuperada com o contributo de mecenas culturais”, no caso concreto através da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo local, reforçando “a necessidade de todos participarem na preservação de um dos monumentos mais emblemáticos da região”. “Todos os gestos, mesmo os invisíveis, são bem vindos para salvaguarda deste grande Património Mundial”. Apesar da sensibilidade dos materiais e da delicadeza da peça já com muitos anos, e ao contrário do que acontece nos museus com o “repouso” de algumas peças para se restabelecerem de algumas condições adversas que lhes provocam danos, a imagem de Santa Maria vai manter-se exposta no Mosteiro de Alcobaça, ainda que colocada no interior de uma redoma de vidro. De acordo André Remígio, os devotos que têm a tendência de beijar a imagem da Santa, a quem foram atribuídos milagres, a humidade do Mosteiro e da cidade bem como as intervenções de conservação anteriores, sobretudo as dos anos 60, contribuem para a degradação destas peças já com bastante anos de história, mas a sua presença na Igreja do Mosteiro constitui um importante contributo para a leitura da filosofia cisterciense.A peça esteve durante longos anos colocada a dezenas de metros de altura no retábulo do altar-mor, tendo sido retirada em 1930 juntamente com todo o altar barroco, seguindo a filosofia da ética de conservação e restauro da altura, permanecendo, apenas, no local Nossa Senhora, mas localizada na Capela-Mor. A peça que esteve durante anos num dos pontos mais altos do Mosteiro está, agora, restaurada, e ao nível dos homens, o que, segundo os especialistas “desvirtua” a leitura original da peça.