No Cine-Teatro de Alcobaça a 30 de MaioDavid MarianoNa próxima sexta, dia 30 de Maio, pelas 21h 30, a hora é de teatro: “Bernardo Santareno… Nos Túneis da Liberdade” sobe ao palco do Grande Auditório do Cine-Teatro de Alcobaça pela mão da Veto Teatro Oficina numa narrativa dramática que combina 2 actos da autoria de Fernanda Narciso e José Ramos. Com “leves alterações”, diz o texto de apresentação da peça, temos aqui alguns textos dramáticos e a epistolografia de Bernardo Santareno (1924-1980) revelada. Podemos dizê-lo por outras palavras: o espectáculo assim construído a partir de testemunhos, da correspondência pessoal e da criação literária do autor pretende mostrar a vida deste escritor, considerado uma amante da bondade do ser humano e da liberdade (e perguntamo-nos: o que teria ele a dizer sobre estes dois aspectos hoje?).
Será uma forma de retratar o seu amor pelo teatro, a intensa actividade cristã que nutriu a par de um certo desencanto com a Igreja, a formatura em medicina, os amores e as paixões femininas, a intensa actividade que manteve no campo da dramaturgia portuguesa, sem esquecer o envolvimento politico e de oposição ao Estado Novo que o deu a conhecer como um homem verticalmente íntegro e convicto até ao fim da sua vida. Para quem não sabe, Bernardo Santareno é reconhecido como o mais pujante dramaturgo português do séc. XX, cuja obra e percurso é habitualmente dividida em dois ciclos distintos, mas onde as peças tentam responder ao que lhe foi sempre essencial: o direito à diferença e o respeito pela liberdade e dignidade do homem perante as várias formas de opressão.Temas bastante actuais, diríamos, para a época em que vivemos, de um autor a quem se associa uma bela imaginação dialogal e cénica, inspirada num misto de poesia e superstição populares, onde a inspiração não deixa de seguir de perto um certo sentimento erótico e religioso aspirando à íntima comunhão humana que se chega mesmo a realizar através da pura crueldade (isto a confiar nas palavras da notabilíssima História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes). A sua obra mais conhecida: “O Judeu”, a qual retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva queimado pelo Santo Ofício, é uma das mais citadas e representadas no teatro nacional. Com “Bernardo Santareno… Nos Túneis da Liberdade” chegou agora a vez do autor também ser posto em cena.Mário Marques estreia residência musical no Cine-Teatro de Alcobaça Parece que desta é de vez: há duas edições atrás o Região da Nazaré por engano (ou distracção: em ambos os casos expressamos aqui as nossas mais sinceras desculpas) noticiou o concerto de estreia de Mário Marques como músico residente do Cine-Teatro de Alcobaça, artista que tratava de avançar deste modo a primeira de três propostas musicais nessa ilustre condição (concerto acabou por ser cancelado e adiado para uma outra data). Mais vale tarde do que nunca: agora sim teremos oportunidade de ouvir o músico alcobacense apresentar a música de Daniel Shneyder como pretexto para um desafio que passa precisamente pela fusão das duas linguagens em que Mário Marques mais tem feito carreira (o jazz e a música erudita). Esperamos não nos enganar desta feita: dia 10 de Junho, pelas 17 h, teremos finalmente um programa composto por uma suite de jazz com oito andamentos e uma formação constituída por um saxofone solista, um quarteto de cordas e percussão. Está explicado o título do espectáculo: “Saxofone e Cordas” aposta na complexidade musical de Daniel Shneyder e procura corresponder à exigência dos arranjos face às diferentes capacidades e visões instrumentais colocadas em cena. Tudo isto é o primeiro capítulo de uma relação que promete novos episódios: em Outubro será altura do saxofone se acompanhar de um Coro Misto (com espirituais e improviso à mistura) e em Dezembro temos algo que se chama “Histórias, Contos, Música e Barulhos” (um título bem simples e objectivo que promete muita energia e caos criativo).
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