Em mais um Concerto Íntimo de CisterDavid MarianoNão é uma rock star, mas as rock stars já lhe prestam reverência e até querem ser vistas ao lado dela. Foi o que aconteceu por exemplo com Mick Jagger e os Rolling Stones que da última vez que vieram a Portugal a convidaram para estar em cima do palco e à frente de milhares de pessoas num estádio de Alvalade repleto para ver mais um concerto dos “dinossauros” (isto quando cada concerto da banda britânica não representa menos do que um pedaço vivo da mitologia do rock). Foi curioso, portanto, ver nessa noite Ana Moura, uma “fado star”, bem ao lado dos Rolling Stones e de músicos que provavelmente serão os últimos “rock stars” dignos desse título capazes de manter tal estatuto ao longo de décadas.
Ana Moura não traz consigo os Rolling Stones (embora a ideia não fosse má), mas traz a voz que tem encantado o país ao Cine-Teatro de Alcobaça, no próximo sábado, dia 8 de Março, pelas 22h, espectáculo integrado no ciclo de Concertos Íntimos de Cister (cuja acção promove a consciência social do espectador ao oferecer parte da receita total da bilheteira a uma instituição de solidariedade local). Boas causas não faltam a este concerto que promete puro fado e irá apresentar ao vivo temas do novo disco da fadista, intitulado “Para Além da Saudade”, como “Os Búzios” e “O Fado da Procura”.Ao terceiro álbum, Ana Moura é uma artista afirmadíssima no tradicional território do fado e bastante conhecida junto do grande público (tarefa porventura mais difícil de conquistar), embora seja um facto que hoje o fado ganhou em energia e juventude graças à mais recente vaga de jovens valores que por aí proliferam (não apenas por causa de Mariza, também Mafalda Arnauth, Mísia, Kátia Guerreiro ou Joana Amendoeira ajudaram a constituir uma galeria de respeitável calibre).Não é por acaso que uma das canções que mais marcou o arranque da carreira desta artista se tenha então chamado “Sou do Fado, Sou Fadista”, o que prova que a sua voz grave, marca absolutamente inconfundível neste campo, seja uma das razões que veio dar redobrado fôlego ao fado. Das suas actuações diz-se que não trazem grandes dramas nem exageros e que o seu registo, “um contralto pleno e profundo”, chega a arrepiar plateias nas mais prestigiadas salas da Europa, Estados Unidos e Oriente. A 8 de Março, dia internacional da mulher, há trinta por cento de desconto para o público feminino e uma voz de mulher que não se deve perder por nada deste mundo (Mick Jagger que o diga).
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