Abertura do festival Injazz – jazz em portuguêsDavid Mariano Há quatro anos que o Injazz é o único grande festival itinerante dedicado exclusivamente ao jazz feito por músicos portugueses – trocando por miúdos, a quarta edição do Injazz 2008 volta a matar dois coelhos de uma cajadada só, o que significa que não só divulga e promove um programa de alta qualidade artística fora dos principais centros urbanos (descentralizar é para a organização uma prioridade) como se empenha em mostrar o que de melhor se faz no panorama do jazz nacional. É um princípio que vem estabelecido desde a primeira edição em 2005: a apresentação de projectos de primeira linha do jazz português, assim como a estruturação de uma campanha eficaz que contribua para um maior reconhecimento dos artistas em todo o país.
Alcobaça tem feito parte do périplo desde os auspícios desta iniciativa e este ano não será diferente (com o alargamento do número de cidades participantes a ampliar o tal efeito de descentralização que sempre presidiu ao evento), alinhando novamente num programa preenchido por concertos, actividades didácticas, jam sessions, animação de rua, exposições e workshops (actividades que procuram contribuir para a criação de um ambiente de festa e discussão em torno da “excitante linguagem musical” –palavras deles – que é o jazz). De facto, quem fala em “primeira linha” está a falar de nomes como Bernardo Sasseti e Maria João: o primeiro sobe ao palco do Cine-Teatro de Alcobaça no dia 29 de Fevereiro, pelas 21h 30, enquanto a segunda nem deixa o soalho esfriar, actuando logo no dia seguinte a 1 de Março, à mesma hora. Quem olhar para informação contida na agenda oficial deste espaço perceberá que as datas estão trocadas, mas ao leitor o Região da Nazaré garante que são os dias aqui referidos os verdadeiramente correctos (e caso não se queira preocupar muito com isso pode sempre comprar o bilhete com desconto que serve para ambos os espectáculos). Na primeira noite temos, portanto, Bernardo Sasseti ao piano e a solo, num projecto original complementado com imagens resultantes do seu próprio trabalho fotográfico (concerto que é o primeiro de um ciclo de três durante o festival dedicados aos improviso e que será composto também pelos pianistas João Paulo Esteves da Silva e Mário Laginha em datas a anunciar). Quanto à noite de sábado, Maria João aproveita para estrear uma nova formação de jazz e promete ainda estarrecer o público (embora não haja novidade nenhuma nisto) com a sua voz prodigiosa.Isto há “Coisas de Jazz” Entre muitas outras coisas (cinema, rádio, fotografia, livros e gira-disquismo) há uma coisa que é mesmo com ele: jazz. Falamos de José Alberto Vasco, conhecido como o mais obsessivo (no bom sentido) melómano alcobacense que aproveita a passagem de grandes artistas do jazz nacional pelo Cine-Teatro de Alcobaça para agora apresentar no Foyer deste espaço (e um dos seus “lugares de infância”) a exposição “Coisas de Jazz”, entre os dias 25 de Fevereiro e 25 de Março. Coleccionador inveterado e amante dos “belos objectos culturais”, José Alberto Vasco aplica-se em tirar do baú uma série de recordações que contemplam discos, revistas, pinturas, programas, bilhetes, cartazes de concertos, criando ainda um espaço dedicado à história do jazz em Alcobaça. Numa época em que a cultura ameaça tornar-se cada vez mais descartável, esta é uma boa forma de evocar os tempos em que era palpável: os tempos em que tinha “corpo”.
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