Entre 15 de Dezembro e 31 de JaneiroDavid Mariano Houve um ponto de partida para a exposição colectiva patente na Galeria Pedra do Guilhim, inaugurada no último dia 15 de Dezembro – e a qual poderá ser vista até ao último dia de Janeiro próximo no Edifício Atlântico na Avenida Marginal (praticamente com vista para o mar). O ponto de partida foi, portanto, a Menção Honrosa ganha pelo artista plástico José Fonte na última Bienal de Artes Plásticas da Nazaré – Prémio Thomaz de Mello com a obra “(Dis)Posição”, e que serviu de eixo central à reunião de diversos trabalhos de outros pintores consagrados.
Entre eles, e além do próprio José Fonte, podemos encontrar autênticas autoridades das Belas Artes nacionais, basta para isso começar por mencionar um dos “monstros” percursores do dadaísmo em Portugal; Cruzeiro Seixas, que no ano de 1942 se juntou a um grupo formado por Fernando Azevedo, Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, Júlio Pomar, João Moniz Pereira e António Domingues decidido a abalar as vetustas consciências desse tempo. Foi, aliás, um dos primeiros em 1946 a conceber desenhos oníricos que o aproximavam do surrealismo – embora a primeira tentativa de criação de um grupo surrealista só tenha surgido um pouco mais tarde. Há mais: Armanda Passos (pintora do Porto e membro do grupo “Série” Artistas Impressores a expor já desde 1976), Espiga Pinto (que se dedica à pintura desde 1954 e foi bolseiro da Fundação Gulbenkian, em Paris, onde trabalhou com o pintor francês Jean Degottex), Paulo Ossião (aguarelista neofigurativo que expõe desde 1985), Teresa Magalhães, Carlos Carreiro e Eurico Gonçalves, são estes os restantes nomes cuja obra podemos admirar na Galeria Pedra do Guilhim durante estes dias. Segundo Maria de Lurdes, a responsável pelo espaço, a Nazaré “sempre foi um núcleo de pintores, não daqui, mas de fora, não só portugueses e inclusivamente estrangeiros, porque a localidade era apelativa através da paisagem e das próprias figuras humanas que aqui se podiam encontrar.” Não é de admirar então que pintores como Thomaz de Mello ou Guilherme Filipe elegessem como tema central de alguns dos seus trabalhos os costumes nazarenos. E perguntamos: o que torna afinal a Nazaré tão especial e atractiva para os diferentes artistas que por aqui passam? Maria de Lurdes não tem certezas: “Não sei se é a cor, a paisagem, se são os costumes, se calhar é tudo.” Como numa pintura, acrescentamos nós.
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