Novo movimento cívico expôs argumentos contra os traçados previstos do TGVProtesto chegou a congestionar IC2David MarianoContinuam os protestos e a criação de movimentos cívicos contra o TGV em Alcobaça: na passada sexta-feira, dia 7 de Novembro, foi a vez de várias dezenas de manifestantes voltarem a realizar uma marcha lenta de automóveis liderados pelo grupo de Amigos da Terra por Amor à Camisola (ATAC). Com início marcado para as 18 h 30 em dois locais distintos (Évora de Alcobaça, junto ao restaurante “O Alcides”, e Aljubarrota, em frente ao campo de futebol desta localidade), esta marcha lenta anti-TGV marcou um novo capítulo de protesto da população contra os traçados apresentados pela Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE) no troço Alenquer (OTA) – Pombal (Lote C1) que prevê afectar numerosas freguesias do concelho de Alcobaça.
A iniciativa levou ao congestionamento do IC2, via afectada durante o início da noite graças à saída do primeiro grupo de automóveis concentrado em Évora de Alcobaça, o qual procurou mais tarde juntar-se ao segundo grupo reunido em Aljubarrota – não sem algumas falhas e desencontros no percurso –, seguindo antes disso por Casais de Santa Teresa, Vale Vazão, Môgo, Olheiros (e finalmente Aljubarrota), até atingirem o local previsto de chegada: os Paços do Concelho em Alcobaça. Aí foram recebidos pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Carlos Bonifácio, pelo presidente da Associação de Defesa do Património de Alcobaça (ADEPA), Carlos Mendonça, e diversos outros representantes de instituições que se mostraram solidários com a causa.Foi já perto das 22 h e num palco instalado para o efeito em frente aos Paços do Concelho que se fizeram então os primeiros discursos contra a passagem do TGV e a apresentação dos vários argumentos lesivos desta infra-estrutura ferroviária na região. Entre eles, Valdemar Rodrigues – engenheiro do ambiente que revelou ter participado durante oito meses nos estudos da RAVE sobre os traçados do TGV – mostrou solidariedade com o movimento e começou por afirmar que a ligação prevista entre Lisboa e Porto era “um disparate completo” tanto do ponto vista ambiental como financeiro, destruindo ainda um ecossistema fundamental como o do Vale do Môgo.Seguiu-se Carlos Mendonça, presidente da ADEPA, que alertou para a possibilidade de destruição do património histórico sustentado pelo conjunto de grutas do Carvalhal de Aljubarrota, onde têm sido descobertos artefactos com mais de 8 mil anos pertencentes ao período do neolítico; posição coadjuvada por Paulo Alexandre, representante da associação Sílex que preserva e pesquisa esses achados arqueológicos, relembrando igualmente que a zona está classificada como Reserva Ecológica Nacional; facto que “não pode servir apenas para umas situações, ao contrário de outras como o TGV”, sublinhou.Após diversas intervenções, Noémia Rodrigues – descrita como a alma do movimento – foi a última a informar que os dinamizadores do protesto não eram políticos, mas sim cidadãos com amor à camisola. A perda de qualidade de vida, o acréscimo de problemas de saúde e o aumento de risco de cancro provocado por linhas de muito alta tensão, foram alguns dos perigos destacados por Noémia Rodrigues com a passagem do TGV pelo concelho.Para finalizar, a manifestante garantiu a solidariedade do Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça e dos Presidentes das Juntas de Freguesia de Prazeres e São Vicente de Aljubarrota, e a realização de encontros futuros com a Quercus e aOikos, além de uma petição que será entregue na Assembleia da República. Quanto ao Estudo de Impacto Ambiental sobre os traçados do TGV no concelho, o resultado será conhecido no próximo 24 de Dezembro pela Agência Portuguesa de Ambiente.
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