Entre 23 e 26 de NovembroDavid Mariano É a segunda vez que se realiza no Grande Auditório do Cine-Teatro de Alcobaça e é a segunda vez que a extensão doclisboa (Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa) sobe das salas da capital para apresentar ao concelho o melhor que se fez durante o ano no género do documentário. Será de 23 a 26 de Novembro e depois da 5.ª edição do doclisboa ter conquistado em 2007 um número que superou largamente as expectativas anunciadas; em onze dias o certame acolheu mais de 32 mil espectadores (o que estabeleceu um acréscimo de 10 mil espectadores em relação ao ano passado), já ninguém pode dizer que não ouviu falar nesta autêntica “festa do documentário”.
Mesmo assim avisamos os mais desatentos: o doclisboa é o único festival de cinema exclusivamente dedicado ao documentário em Portugal e conquistou ao longo dos anos uma crescente afluência de público (desde a estreia em 2004 praticamente triplicou o número das audiências). Por outras palavras, trata-se de um ponto de encontro privilegiado entre público e realizadores (e em Alcobaça não será diferente: alguns dos realizadores das obras propostas também estarão presentes), profissionais nacionais e estrangeiros do documentário (produtores, distribuidores, programadores, críticos) e ao mesmo tempo um fórum aberto de reflexão e discussão sobre o estado do mundo e a situação do cinema documental contemporâneo. O doclisboa é, portanto, uma séria aposta na descoberta de novos territórios, na grande diversidade e vitalidade do cinema do real (onde vai dar para perceber que o próprio documentário nacional constitui neste momento uma das áreas de maior criatividade no nosso panorama audiovisual); porta aberta para um olhar sobre temas contemporâneos e de actualidade, actuando dessa forma como um agente que intervém sobre a sociedade portuguesa e espaço de excelência onde os filmes se discutem e se pensam nas suas mais diversas abordagens temáticas ou estéticas. Serão cinco filmes durante quatro dias, com destaque para os grandes premiados no campo da produção portuguesa (ver caixa com programação), nomeadamente “& etc” de Claúdia Clemente e “Era preciso fazer as coisas” de Margarida Cardoso (os vencedores na categoria de Melhor Curta e Longa-metragem Nacional respectivamente), “A casa do Barqueiro” de Jorge Murteira (Melhor Primeira Obra Portuguesa) e “Convicções” de Julies Fréres (Menção Especial par Melhor Filme Nacional). Confirmadas estão as presenças dos cineastas Jorge Murteira e Luísa Marinho que participarão num debate com o público sobre os seus trabalhos após a sessão.Programação extensão doclisboa 2007 Alcobaça23 de Novembro (sexta) 14h 30 & 21h 30“Poeticamente exausto, verticalmente só – A História de José Bação Leal”de Luísa MarinhoAproximação à vida e obra de José Bação Leal, morto em Moçambique durante a Guerra Colonial, com apenas 23 anos, e que viria a transformar-se no símbolo de uma juventude por cumprir. Este documentário revela um poeta e pensador corajoso, injustamente desconhecido, que contestou a ditadura dentro da própria instituição militar.24 de Novembro (sábado) 21h 30“& etc”de Cláudia ClementeFundada em 1973, a “& etc” é uma pequena editora que se rege por parâmetros únicos: não tem fins lucrativos, não publica obras comerciais e aposta em autores desconhecidos. Tornou-se ao longo dos anos uma referência no panorama nacional, conhecida pela singularidade dos autores que publica, entre os quais João César Monteiro, Adília Lopes ou Alberto Pimenta.“Era preciso fazer as coisas”de Margarida CardosoAlguns dias de Outono durante os ensaios de “O Tio Vânia” de Tchékhov. Actores e encenador procuram o caminho para a construção de qualquer coisa em comum. As suas vozes interiores, as suas dúvidas, confundem-se com as das personagens que tentam alcançar. A casa, o tempo, a idade, a frustração. Não estaremos todos à procura de sentido?25 de Novembro (domingo) 21h 30“A casa do Barqueiro”de Jorge MurteiraPaulino faz da barraca sobre o rio a sua casa improvisada. Ali guarda de tudo um pouco, cozinha, faz a barba e prepara o bigode, recolhe quando a chuva, o frio ou o vento apertam. Entre as margens do Tejo é ele quem assegura a ligação. O filme acompanha o último barqueiro da Amieira do Tejo durante quatro estações.26 de Novembro (segunda) 14h 30 & 21h 30“Convicções”de Julie FrèresEm Fevereiro de 2007, os Portugueses foram chamados a votar pela ou contra a despenalização do aborto. Partindo do quotidiano de quatro mulheres de convicções totalmente opostas, o filme segue de perto a campanha do referendo, nos bastidores, na rua e nos media.
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