Eu pescador me ConfessoArmando LopesColunistaJá o tenho escrito variadas vezes. Os sindicatos e os partidos políticos não se podem transformar em meros organizadores de manifestações contestatárias. Quer uns quer outros têm que ir bastante mais além. Potenciando as suas capacidades interventoras e mobilizadoras, no sentido de adoptar soluções que contribuam para o prestígio democrático das instituições. Contrapondo propostas que apontem caminhos alternativos consistentes e fundamentem melhores decisões. Sendo criativos e lúcidos, mas também realistas, pragmáticos, coerentes e, sobretudo, honestos.
A tentação pela vulgaridade que evidenciam, agora que perdi o lirismo romântico e sonhador dos verdes anos, incomoda-me. Assim como me incomoda verificar que os dirigentes de uns e doutros se misturam e confundem. Sobrepondo estratégias e propósitos. Fazendo coincidir acções, deliberações e posturas. Sem que se saiba, realmente, quem é quem. Se o sindicalista se o membro do partido.O actual secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, é um dos que estão demasiado comprometidos com estes esquemas nebulosos de identificação político sindical. Não sabe separar as águas. Pelo que, a sua intervenção na organização de contestações sistemáticas aos órgãos de soberania, fragiliza os professores. Torna-os vulneráveis, expondo-lhes as debilidades. Transforma-os num conjunto de arruaceiros. Manipula-os de forma oportunista, pondo sindicatos contra sindicatos. Em suma, retira a razão de ser dos seus legítimos protestos, em troca de uma rápida ascensão pessoal a nível partidário.É claro que os professores, como todos os outros sectores da Administração Pública, têm motivos mais do que suficientes para estarem descontentes. Só que, não devem manifestar o seu descontentamento através de manobras habilidosas de subversão das situações. Porque isso lhes rouba transparência e credibilidade. E os sindicalistas tal como os políticos já deviam ter percebido que certas atitudes, em democracia, são prejudiciais. O que significa que, uns e outros, já deveriam ter amadurecido. Não contribuindo para a degradação da imagem, junto da opinião pública, daqueles que representam.Conquistem a opinião pública com a verdade dos factos e não com encenações, por mais bem preparados que estejam os cenários. Denunciem todas as situações em que há violação de direitos, liberdades e garantias. Mas façam-no sem demagogia, de forma concreta, objectiva e fundamentada. Porque uma coisa é denunciar e outra, bem diferente, é manipular. Por isso, tudo o que tresanda a invenção, tudo o que vem inquinado de oportunismo político, só favorece os que detêm o poder.Façam o que têm a fazer sem dar trunfos nem argumentos ao adversário. Sem politiquices nem intrigas. E, fundamentalmente, não destruam aquilo que já estava a ser alcançado. A capacidade crítica e a autoridade moral para contestar as medidas que, efectivamente, prejudicam todos aqueles que representam.
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