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Entrevista ao Padre José Luís

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José Luís Guerreiro afirma não discriminar ninguém e estar na Nazaré ao serviço de todos Um ano após ter tomado posse como Pároco da Nazaré, o Padre José Luís fala sobre a fé da gente do mar, as suas intenções de imprimir mais dinamismo cultural à paróquia, o Estado laico, a educação sexual nas escolas […]
Entrevista ao Padre José Luís

José Luís Guerreiro afirma não discriminar ninguém e estar na Nazaré ao serviço de todos

Um ano após ter tomado posse como Pároco da Nazaré, o Padre José Luís fala sobre a fé da gente do mar, as suas intenções de imprimir mais dinamismo cultural à paróquia, o Estado laico, a educação sexual nas escolas e algumas medidas tomadas, recentemente, pelo Estado, em relação aos doentes terminais. Uma entrevista de Clara Bernardino Natural de Peniche, José Luís dos Santos Guerreiro começou a trabalhar como operário numa fábrica de Indústria de Conservas aos14 anos. Sentiu o “chamamento de Deus” por volta dos 17 anos e acentuou-se aos 18, acabando por ingressar no Seminário de Ermesinde (Missionários da Consulata), passou por Fátima, no Seminário da mesma congregação e em 1967 foi para o Seminário Maior de Évora, onde fez Filologia e Teologia. Foi ordenado padre em 1973, em Peniche, sua terra natal, a seu pedido e com o consentimento do Bispo, na Igreja de S. Pedro. Esteve 7 anos em Évora, 15 em Peniche, foi nomeado prior de A-dos-Francos, Landal e Painho, foi capelão do Hospital de Peniche e, mais recentemente, esteve como prior de Óbidos durante 8 anos. Em 2006, veio para a Nazaré e faz o ponto da situação de um ano de actividade numa paróquia que considerou exigente, heterogénea e com várias vertentes pastorais.

Região da Nazaré (RN): Sr. Padre, que balanço faz do seu primeiro ano de actividade na Nazaré? Padre José Luís: (P. JL): Este ano estive sobretudo a conhecer as pessoas. É preciso conhecer bem as pessoas para depois poder trabalhar. A Nazaré é uma paróquia exigente, heterogénea e com várias vertentes pastorais, com muitas potencialidades. Vim com a intenção de ser o pastor de toda a gente. Não faço excepção de pessoas, não tenho preferências. Estou para servir todos. Estou, enquanto o Sr. Patriarca assim o entender. No dia da minha ordenação prometi obediência. Nunca coloquei objecções ou hesitações em ir para um sítio ou para outro. Quem obedece não erra! Assim, é como muita alegria que estou na Nazaré e gostaria de fazer uma paróquia viva. A Nazaré é uma terra de gente de fé. Tudo o que tem sido promovido tem tido muita participação. A gente do mar tem uma sensibilidade espiritual muito apurada. É preciso conhecer as terras. Todos nós que estamos perto do mar, as pessoas são como o mar, funcionam ao ritmo da maré: uns dias estamos mais calmos, outros, mais bravo, tempestuoso. Todos nós que vivemos à beira-mar e nos deixamos tocar por ele actuamos assim. S. Pedro é o protótipo do homem do mar: cheio de fé, mas capaz de negar Cristo antes que o galo cantasse três vezes e, depois, arrependeu-se e chorou. RN: Sente diferenças entre as pessoas do Sítio, da Pederneira, da Nazaré e de Fanhais? P. JL: Sinto essas diferenças e respeito-as. A Pederneira não tem nada a ver com o Sítio. A geografia distingue as pessoas e a origem de cada uma das povoações também. Devemos falar com as pessoas com unidade e como uma comunidade. Veja-se a celebração da 1.ª comunhão que é sempre feita no Santuário, independentemente de as crianças serem do Sítio, da Pederneira, ou da Nazaré. Se seguíssemos o critério das diferenças, as crianças da Nazaré faziam a comunhão lá em baixo, as da Pederneira na Pederneira e por aí fora. O tempo é um grande mestre. Nós, padres, devemos congregar, não separar! É em nome de Deus que devemos congregar. Temos que ajudar as pessoas. Por exemplo, as 3.as sextas-feiras do mês há momentos de adoração/ oração em Sto António e há pessoas do Sítio que vão lá abaixo que eu encontro no elevador, tal como quando há missas no Sítio, há pessoas que vêm lá de baixo cá para cima. RN: Que projectos tem para a paróquia? P. JL: Pretendo criar uma paróquia “viva”, dinâmica. A paróquia da Nazaré está a precisar de incentivar os momentos culturais. Por exemplo, o Natal não deve ser só presépios e celebrações eucarísticas, que são muito importantes, mas precisam de ser complementadas. No dia de Natal, à tarde, vai haver um momento cultural no Santuário, com a “prata da casa”, já falei com a Mestrina e vai haver a execução de peças alusivas à quadra. A seguir ao Carnaval vai haver outro momento cultural. Na Quaresma, ocorrerá, de novo, um momento cultural, para que este tempo não seja só procissões, haverá também teatro, canto coral, entre outras actividades. Estas actividades não serão feitas à margem da Câmara, veja-se o grupo do canto coral é da Câmara e esta será chamada a participar nestes eventos. Estamos todos com boa vontade. Tenho percebido isso no Sr. Presidente da Câmara. RN: Como vê a acção da Confraria, enquanto Reitor? P. JL: Vejo-a como um bem para a comunidade. Se a Confraria não assumisse a assistência ao domicílio, seria ainda pior para a Nazaré. É um trabalho de espírito cristão. Não basta ser cristão, nem ser só boa pessoa! É preciso pôr o “espírito” naquilo que fazemos. É preciso agir. É esse o papel da Confraria: dar assistência e reconfortar aqueles que mais precisam. A acção da Confraria é feita com os olhos postos “na pessoa”. Vivemos numa sociedade em que existem leis, que, às vezes, são injustas, não têm princípios, porque não forma feitas a pensar na pessoa. Não basta legislar por legislar. É preciso agir com “os olhos postos na pessoa”, que precisa, que necessita. Por exemplo, qual foi o princípio que esteve subjacente à lei do aborto? Em que princípio se baseia a lei? Até para um médico se torna difícil agir, pois faz um juramento, quando se forma, para salvar vidas. RN: Como entende o facto de termos passado de “Estado católico” a “Estado laico”? P. JL: Há acontecimentos no nosso país que me deixam preocupado. Há uma falta de respeito pelas maiorias, que depois se converte no desrespeito das minorias. O Estado laico deve respeitar todos, porque todos têm direitos. Se um crucifixo na escola desrespeita dois alunos, vamos desrespeitar vinte? O estado laico pode entrar num falso caminho do pluralismo. O estado laico não tem nada que se meter em assuntos religiosos. A tolerância e o pluralismo apregoados acabam por dar em nada. Um doente em estado terminal tem que pedir por escrito a presença de um padre. Eu fui capelão e conheço bem a realidade dos doentes que precisam de conforto. A tolerância do estado laico acaba por desembocar na falta de respeito. Proibir e decretar assuntos desses é ignorância pura. Isso é do foro íntimo das pessoas. Isso é ignorância pura do que é estar doente ou trabalhar com doentes. RN: O que pensa do facto de ser obrigatório o ensino de educação Sexual nas escolas do 1.º ao 12.º Anos? P. JL: A Educação Sexual tem a ver com a educação para o amor. A educação para o amor depende sobretudo da família. Por mais preparados que estejam os professores, há uma componente que só a família consegue transmitir. Se Jesus é amor e se educarmos com os olhos postos em Jesus, não só estaremos a educar para o amor como olharemos para o outro com respeito e não apenas como um objecto. Não há professor nenhum, por muito boa vontade que tenha, que consiga suprir essa lacuna: a família deixou de educar para o amor! RN: Gosta de ser Padre? P. JL: Gosto imenso porque ser Padre dá-me oportunidade de me relacionar com gente diferente e porque posso ajudar as pessoas em situações difíceis. O Padre é o “homem do serviço”, os Padres não fazem greve, não têm sindicato, trabalham 24 horas por dia. Se um Padre fizesse greve durante uma semana, haveria uma semana sem se ouvir falar em amor, amizade, paz, compreensão ou solidariedade. Sou Padre há 34 anos, e nunca me arrependi do passo que dei, porque sei em quem pus a minha confiança e sei que ele não me engana. Dificuldades, todos temos, e ainda bem pois poderíamos pensar erradamente que isto é o paraíso, e isso não é verdade, estamos de passagem!

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