legenda Isabel Ricardo Amaral no lançamento do seu vigésimo livro700 anos depois Isabel Ricardo Amaral dedica trilogia aos TempláriosDavid Mariano Isabel Ricardo Amaral começou por onde muitos de nós começaram há alguns anos atrás: Enid Blyton (célebre autora da colecção “Os Cinco”) e Agatha Christie (que inventou personagens da estirpe de Hercule Poirot ou Miss Marple e ficou ainda conhecida como a “Rainha do Crime”) – duas das mais prolíficas escritoras inglesas de livros de aventuras e policiais que acabaram por traçar as regras essenciais ao sucesso destes géneros. Hoje não dispensa também o imaginário místico revelado por Dan Brown (esse mesmo de “O Código da Vinci” e “Anjos e Demónios”) ou a própria História de Portugal, onde não se cansa de ir buscar parte das suas principais referências.

Tal como as suas heroínas literárias, Isabel Ricardo Amaral é uma criadora prolífica que chega agora ao seu vigésimo livro (e só para termos uma ideia escreveu a sua primeira obra logo aos onze anos): “Em Busca do Mapa Perdido”, tomo inicial de uma trilogia intitulada “Porto do Graal” dedicada aos Templários que foi lançada no último sábado, dia 13 de Outubro, na Biblioteca Municipal da Nazaré. A escolha da data não foi ingénua: há precisamente sete séculos atrás, e numa sexta-feira “negra”, a Ordem dos Templários (composta por nove cavaleiros franceses e criada para proteger os peregrinos nas suas viagens à Terra Santa) era expulsa e perseguida pelo Papa Clemente V através da Europa, antes de encontrar refúgio em Portugal onde foram acolhidos por D. Dinis (o que levou à origem da Ordem de Cristo de Tomar). Será este o grande contexto de “Em Busca do Mapa Perdido”, um romance histórico de aventuras juvenis que reúne mais de trezentas páginas sobre o tema da fuga dos Templários, facto que acabou por inspirar e fascinar inúmeros escritores ao longo dos tempos. Para já este livro, editado pela editora Livros do Brasil (e cuja única autora nacional é justamente Isabel Ricardo Amaral), será o primeiro de uma colecção cheia de mistério, aventura e factos históricos fascinantes, onde se lançam pistas sobre qual poderá ter sido o papel de Portugal no rumo dado aos tesouros místicos dos Templários, após a sua extinção. A escritora pretendeu desta forma “associar uma coisa boa a algo de mau”, sem deixar de comemorar uma data importante, apesar dos seus contornos trágicos. Segundo David Sequerra, um dos apresentadores presentes no lançamento (ele que foi treinador da Selecção Portuguesa de Futebol e director do jornal O Sesimbrense), a escritora nazarena “não tem idade e é alguém que se mantém jovem e madura toda a vida”. Para ele, os “mistérios” são a matéria-prima da obra desta autora e “o grande mistério está em perceber aonde vai buscar tanta imaginação para escrever os seus livros”. Contudo, David Sequerra consegue ser mais generoso nos rasgados elogios que teceu: pode estar aqui o “remédio para a iliteracia juvenil”. O mesmo é dizer que o país e a Nazaré ganharam finalmente uma Enid Blyton “portuguesa” e os miúdos (onde se incluem muitos adultos) já têm por onde começar a ler hoje.