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Assembleia Municipal de Alcobaça junta centenas de pessoas

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Em discussão parecer contra o TGV no concelhoDavid MarianoFoi na noite de 4 de Outubro e prometia ser uma das mais concorridas e mobilizadoras Assembleias Municipais da história; pouco tempo após a intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça Gonçalves Sapinho se ter iniciado (numa altura em que o Auditório da Biblioteca Municipal era […]

Em discussão parecer contra o TGV no concelhoDavid MarianoFoi na noite de 4 de Outubro e prometia ser uma das mais concorridas e mobilizadoras Assembleias Municipais da história; pouco tempo após a intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça Gonçalves Sapinho se ter iniciado (numa altura em que o Auditório da Biblioteca Municipal era já pequeno demais para o público que ia chegando) os protestos e os tumultos daqueles que não haviam conseguido entrar obrigavam o Presidente da Mesa de Assembleia Paulo Inácio a suspender a sessão extraordinária deste órgão durante a discussão do ponto mais importante em agenda – a aprovação de um parecer redigido pelo Município contra a passagem do Comboio de Alta Velocidade (TGV) no concelho.

Por esta altura, despachados que estavam os pontos iniciais agendados, Gonçalves Sapinho ia explicando à audiência os prejuízos do TGV sobre a região, tal como previsto no troço no Troço Alenquer (OTA) – Pombal (Lote C1), quando as largas centenas de pessoas que se encontravam na rua e procuravam assistir (o Auditório da Biblioteca comporta apenas 100 lugares sentados) acabaram por ditar a interrupção dos trabalhos. A solução seria encontrada pouco tempo mais tarde e foi acordada por unanimidade entre os deputados municipais; decidindo-se a transferência da Assembleia Municipal para o Grande Auditório do Cine-Teatro de Alcobaça.Até aí, o líder do executivo camarário acusara a Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE) de falta de compromisso perante os avisos e as preocupações manifestadas pela autarquia em relação aos primeiros percursos conhecidos (e os quais a RAVE pedira para não revelar publicamente) depois de efectuadas duas reuniões iniciais com esta entidade em 2004. A partir desta data, a CMA esclareceu que nunca mais obtivera resposta às suas dúvidas e preocupações sobre os possíveis traçados, facto que segundo Gonçalves Sapinho demonstrou o “incumprimento da regras que a própria RAVE impôs”.No entanto, o chefe do executivo não deixou de apoiar a ligação do TGV entre Lisboa – Madrid, a qual considera vital na relação entre Portugal e a Europa e fundamental para o seu crescimento económico. E dividiu as águas no capítulo partidário: “Que ninguém veja a Câmara Municipal de Alcobaça a fazer oposição ao Governo com esta questão, quer fosse uma decisão do PS ou do PSD a nossa responsabilidade seria sempre perante as populações e em nome da defesa dos interesses do concelho.”Movimento Anti-TGV À medida que as largas centenas de pessoas ia abandonando o Auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça em direcção ao Cine-Teatro, percebeu-se também que grande parte desta multidão era o resultado de um Movimento Anti-TGV, organizado em pouco mais de 24 horas, por Bruno Letra, membro da Junta de Freguesia da Benedita. Abertamente contra os traçados de alta velocidade no concelho e em particular na zona da Benedita, esta organização realizou nessa mesma noite uma marcha lenta no IC2 desde a Venda das Raparigas, localidade à entrada da freguesia, até Moita do Poço, a uma velocidade inferior a 30 quilómetros por hora, rumando posteriormente para Alcobaça. Refira-se que entre os dois possíveis trajectos, a Benedita será inevitavelmente um dos locais mais afectados: a futura área industrial da Quinta da Serra ou a Avenida da Igreja arriscam-se literalmente a ficarem cortadas ao meio. Por esta razão, Bruno Letra foi um dos que apelou juntamente com Paulo Inácio, antes do retomar da sessão e no topo do terraço do Cine-Teatro, a uma participação ordeira e civilizada (relembrando-se que é proibido qualquer tipo de manifestação pública durante a Assembleia Municipal).Sessão aberta até de madrugada Foi novamente Gonçalves Sapinho a retomar a palavra num Cine-Teatro completamente repleto e preparado em tempo recorde para a apresentação técnica dos diversos prejuízos da passagem do TGV pelo concelho. “Toda a zona a Este da linha de alta velocidade vai ficar amputada do concelho de Alcobaça”, adiantou. “Este processo vai dividir populações, núcleos urbanos, destruir empresas, fábricas, arruinar a indústria da pedra e extracção de inertes que é uma riqueza local.” Razão pela qual garantiu: “Estou contra o TGV, sem reservas, sem partidos e sem governos.” A partir daqui, expuseram-se os argumentos técnicos da CMA, encomendados ao especialista Fernando Nunes da Silva, engenheiro do Instituto Superior Técnico de Lisboa, que ameaçam monumentos históricos como a Casa do Monge Lagareiro (na Ataíja de Baixo), a Ermida de São João Baptista (nos Olheiros), as grutas de ocupação pré-histórica do Carvalhal de Aljubarrota ou ainda o legado natural da maior zona freática na Europa, das Manchas de carvalhal, do Vale da Ribeira do Môgo, do Campo de Dolinas do Casal do Rei e Lagoa do Cão ou do Vale do Rio da Fonte Santa. No capítulo urbanístico, sublinhou-se a destruição de mais de mil edificações (de natureza pessoal, familiar ou empresarial) e de empreendimentos turísticos como a Casa da Padeira ou o Casal dos Cucos. De seguida, os vários deputados municipais presentes e presidentes de junta de freguesia foram assomando ao palco, defendendo na sua maioria posições contra o TGV e solidarizando-se com a posição assumida pela CMA. Foi o caso dos líderes das freguesias de Turquel, Évora de Alcobaça, São Vicente ou Prazeres de Aljubarrota e de Maria José Filipe, Amílcar Raimundo, José Diogo, Joaquim Pina e José Lourenço. Da bancada do PSD, subiram igualmente Raúl Duarte, Eduardo Marques, João Paulo Costa e Pedro Mateus Guerra, o qual apresentou uma moção não partidária contra o TGV (aprovada apenas com 4 abstenções). Já Adelino Granja, não deixou de apelar aos indirectamente afectados para se juntarem aos mais directamente afectados, reclamando a valorização da Linha do Oeste, enquanto o independente José Marques Serralheiro apresentou uma moção própria (também aprovada com 11 abstenções e 1 voto contra). Por outro lado, Basílio Martins da CDU defendeu a posição política do seu partido face a um empreendimento nacional que nunca foi considerado prioritário. A dissonância acabou por vir do PS, através de César Santos que referiu ter existido pouco tempo na análise do projecto e deu conta de “uma boa notícia para o concelho” com um novo percurso avançado pela Confederação da Indústria Portuguesa no contexto do Aeroporto de Alcochete que poderá desviar o TGV de Alcobaça – não deixando de dizer por outro lado que este é um projecto que evidencia “superior interesse nacional” a conciliar com os interesses do pais e das populações. Numa Assembleia Municipal onde foi notória a ausência de vereadores do PS (Dulce Bagagem não chegou a comparecer), a moção apresentada por César Santos registou apenas 4 votos favoráveis, terminando finalmente a sessão por volta das duas horas da madrugada.

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