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D. Pedro tinha dois amores: Inês e Afonso Madeira

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“O Eunuco de Inês de Castro” no Cine-Teatro de AlcobaçaSabíamos que D. Pedro amara perdidamente Inês de Castro (a trágica amada que coroou depois de morta), o que não sabíamos era que D. Pedro também amara Afonso Madeira (o seu fiel escudeiro). Parece improvável, mas foi isso que vimos na peça de Armando Nascimento Rosa, […]
D. Pedro tinha dois amores: Inês e Afonso Madeira

“O Eunuco de Inês de Castro” no Cine-Teatro de AlcobaçaSabíamos que D. Pedro amara perdidamente Inês de Castro (a trágica amada que coroou depois de morta), o que não sabíamos era que D. Pedro também amara Afonso Madeira (o seu fiel escudeiro). Parece improvável, mas foi isso que vimos na peça de Armando Nascimento Rosa, intitulada “O Eunuco de Inês de Castro (Teatro no País dos Mortos)”, posta em cena pelo CENDREV e que subiu ao palco do Cine-Teatro de Alcobaça no último dia 28 de Setembro. Encenado por Paulo Lages, esta foi a forma que a companhia eborense encontrou para abordar um dos mais estranhos e bárbaros episódios do contexto inesiano: a castração do escudeiro Afonso Madeira que o rei ordenou ao que tudo indica por ciúmes e que o cronista-mor do reino, Fernão Lopes, chegou a justificar como se “o rei muito amasse o escudeiro (mais do que se deve aqui dizer).”

Tudo se passa numa ilha (numa espécie de não-lugar) chamada o país dos mortos e durante a actualidade. Ali, Inês e Constança vivem em “amistosa convivialidade” e ao contrário do que julgávamos, D. Pedro não se uniu no espaço da eternidade à sua amante. Pelo contrário, Inês de Castro não só se recusa a tê-lo por perto como não lhe perdoa a “sentença” de ter mandado cortar as partes íntimas de Afonso Madeira (que nem depois de morto as recuperou). Paulo Lages, o encenador, chamou a isto: “uma fantasmagoria em jeito de sátira dramática”. Nós chamamos-lhe um processo de análise freudiano em torno do convulso mundo afectivo e sexual de D. Pedro. “O Eunuco de Inês de Castro” não assim anda longe do psicodrama e mais perto está ainda da paródia grotesca.Peça inédita em acto único, escrita entre 2005 e 2006, percebemos aqui que o D. Pedro que a história nos ensinou a ver pela via do cânone não é o mesmo D. Pedro que esta história nos revela. Mais humano, mais torturado, mais virulento e, sim, mais fragilizado (afinal o monarca não deixava de ser um homem com intensa pulsão carnal e diversificados apetites sexuais), esta é uma visão invulgar de uma das intransponíveis figuras românticas no imaginário português.D. Pedro, o Cruel, tinha afinal dois amores: Inês de Castro e Afonso Madeira, além de uma profunda amargura pelo vazio afectivo deixado pelas acções do seu pai, D. Afonso IV. É este último que no final surge como o verdadeiro fantasma de um mundo psicologicamente perturbado, rumo à catarse final e a uma separação irredutível entre os dois apaixonados mais famosos do passado nacional. Inês de Castro nunca perdoará ao amor da sua vida o que lhe retirou qualquer ponta de humanidade: o desejo da vingança. E até nisto, “O Eunuco de Inês de Castro” se torna invulgar.

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