AN.ART: Associação Nazarena de Artes PlásticasHá dez anos atrás eles tinham dezanove ou vinte anos, o desejo de criar uma associação de artes plásticas e aquela dúvida natural a tantos criadores no início de cada projecto: uma ideia, mas uma ideia que podia não ser tão consistente quanto imaginavam (e só quem pegou num pincel pode imaginar o que custa esta angústia perante a tela em branco). Dez anos mais tarde, após a conclusão dos respectivos cursos superiores, do convívio entre membros de grupos e associações de outras localidades (e até de outros países), de uma experiência mais ampla no mundo da Arte, uma exposição no Centro Cultural da Nazaré, intitulada “Mais ou menos 10 locais” (título que não deixa de ser uma feliz coincidência), juntou-os. Sentaram-se à mesa, conversaram, discutiram e, mais uma vez, ao encontro da necessidade que sentiam em se organizar, nasceu a AN.ART: Associação Nazarena de Artes Plásticas.
Os objectivos são hoje claros: defender os interesses dos artistas e associados, preservar as condições mínimas exigíveis ao desenvolvimento do trabalho artístico, facilitar o acesso a instrumentos de trabalho, informação didáctica e científica. No entanto, a lista não fica por aqui: promover, auxiliar e divulgar o progresso da arte em todas as suas manifestações, incrementar uma dinâmica cultural concelho, com atenções especiais à população escolar, tal como a organização de cursos de formação e de aperfeiçoamento artístico, são outras das intenções. É verdade que ainda falta um espaço físico para desenvolverem projectos com o profissionalismo e a seriedade que pretendem (mas é para isso que estão a trabalhar). Podemos então ver isto como o anúncio de um crescimento da actividade artística na Nazaré? Carlos Filipe, presidente da direcção, espera que sim e acredita que, apesar de tudo, “a Nazaré está viver uma fase muito tardia de transição, do eterno cliché da representação do promontório – ou da persistência no ‘plágio’ – para uma consciência por parte dos agentes criativos do que é a realidade da arte contemporânea e subsequente alargamento da consciência crítica.” Boas notícias, portanto, às quais a AN.ART não quer ficar atrás: a promoção de ateliers colectivos, de exposições fixas e itinerantes, de encontros, colóquios, conferências, seminários, cursos, debates e workshops, são actividades igualmente previstas para o futuro.Iniciativas que, segundo Carlos Filipe, “praticamente não existem à excepção da Feira do Livro da Biblioteca da Nazaré ou de uma Bienal que deixa os trabalhos dos artistas vencedores degradados e a apodrecer nos cantos mais recônditos do Centro Cultural da Nazaré” – o que na sua opinião revela “uma falta de respeito enorme”. Claro que, para já, estão “a afinar a máquina”: além da questão logística, há quem os esteja ajudar na questão burocrática, os órgãos de comunicação estão a ser construídos, aguarda-se uma fanzine (cujo título é: “SEM TÍTULO”) e o site está a ser projectado (em alternativa recomenda-se uma visita ao blogue: arteeomundo.blogspot.com).As vantagens para os artistas que se queiram associar de um ponto de vista artístico à AN.ART (e porque falta publicar os estatutos) está em estabelecer pontes de ligação a novas experiências, partilha de conhecimento, utilização de futuras infra-estruturas, divulgação de trabalhos, tudo em prol do interesse da arte. Apoios e colaboração directa com a Câmara Municipal da Nazaré são aspectos que serão eventualmente “negociados”, esclarece Carlos Filipe, que quer “ver preservada a independência tanto quanto possível.” É ele que sublinha: “É bom que não nos esqueçamos que o associativismo é fundamental para o bom funcionamento da democracia e da sociedade.”
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