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Arte Experimental saiu à rua em Alcobaça

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2.ª edição da Rabiscuits regista evoluçãoDavid Mariano Deve ser isto o que acontece sempre que a arte sai à rua: velhos motociclos estacionados no meio do rio, pedras da calçada que levitam arrancadas do chão, fotografias penduradas em fios como num estendal de roupa e músicos em palco a debitar solos nos seus instrumentos de […]

2.ª edição da Rabiscuits regista evoluçãoDavid Mariano Deve ser isto o que acontece sempre que a arte sai à rua: velhos motociclos estacionados no meio do rio, pedras da calçada que levitam arrancadas do chão, fotografias penduradas em fios como num estendal de roupa e músicos em palco a debitar solos nos seus instrumentos de eleição. Se é isto a arte pública, não foi só isto que aconteceu durante a segunda edição da Rabiscuits 2007 – Mostra de Arte Experimental, durante o último fim de semana em Alcobaça, entre 14 e 16 de Setembro. Houve muito mais a acontecer pelas ruas da cidade: pintura, escultura, instalação-vídeo, performances, concertos, exposições, work-shops, documentários e curtas-metragens. Arte para todos os gostos, portanto, porque a arte nunca é demais.

Há um ano atrás, a Rabiscuits tinha igualmente saído à rua, mas a verdade é que não tinha saído da Praça D. Afonso Henriques (e a estreia restringira-se exactamente ali à exposição de pequenas bancas com rabiscos, esboços, sketches ou desenhos pessoais feitos por diversos artistas da região). De 2006 para 2007, o evento resolveu dar um salto em frente na evolução e tornar-se mais ambicioso: a partir de um ideário artístico baseado no desenho (os tais “rabiscos” que saíam da gaveta e na mesa do café) passou-se para uma busca de matérias tridimensionais, bidimensionais e sonoras. A Rabiscuits 2007 alargou-se, conquistou mais espaço na cidade e em redor do Mosteiro, chamou a si as pessoas que todos os dias a atravessavam (e mérito deles: conseguiu que ninguém ficasse indiferente). Parece que só há vantagens, se por um lado os jovens artistas têm assim a oportunidade e a motivação indispensável para exprimir as suas criações ou projectos, por outro chega-se muitas vezes onde é difícil de chegar: à população e àquelas mentes mais desatentas que também desta forma são sensibilizadas para a arte contemporânea. Não só isso: aqui a arte experimental tornou-se num processo integrado dentro do espaço urbano com naturais e imediatas vantagens (entre as quais uma maior acessibilidade e visibilidade do público). Veio tudo da cabeça de Gonçalo Tarquínia e Carina Costa, principais dinamizadores desta iniciativa (além de artistas com obras em exposição), que procuraram criar um “encontro espontâneo entre as pessoas e as peças.” Para isso, mais artistas e mais trabalhos significou naturalmente mais oferta: “este ano dissemos a quem quisesse participar que podia arriscar qualquer tipo de intervenção artística, mas foi um pouco por acaso que acabaram por aparecer tantas áreas diferentes, apesar da diversidade ter sido uma aposta inicial nossa.” Segundo Gonçalo Tarquínio, há um conceito que se manteve tal como o ano passado: “o lado experimental das obras de arte que são no fundo experiências que o artista tem para oferecer e que vem testar junto das pessoas.” Se a maioria dos intervenientes eram de Alcobaça, tal não constituiu regra: “tivemos gente desde Coimbra, Aveiro ou Lisboa e até da Bélgica. Funcionamos como um grupo de amigos, é tudo muito familiar e foi devido à boa vontade deles que isto foi possível.” Uma coisa é certa: da próxima vez que sairmos à rua vamos sentir falta da companhia da arte (e agora só mesmo para o ano), já que o mundo e o quotidiano não serão vistos como antes depois disto. A confirmá-lo, um saudável equívoco para amostra (e não tivemos coragem de esclarecer aquele velho casal espantado): junto à ponte e ao motociclo abandonado na correnteza questionava-se quem era que tinha afinal caído ao rio. É o que acontece a quem sai à rua e dá de caras com a arte.

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