Câmara de Alcobaça quer conventos na “Carta Europeia de Cister”

Município reconhece a importância de internacionalizar o seu património monumental, histórico e cultural cisterciense

António Paulo

Entre os passados dias 11 e 13, a cidade borgonhesa de Pontigny, em França, acolheu mais uma assembleia geral da “Carta Europeia de Cister”, a qual contou com a participação do município de Alcobaça, que pela primeira vez presente nesta iniciativa, fez-se representar pela vereadora da Cultura, Alcina Gonçalves e por Eduardo Nogueira, adjunto do presidente da autarquia. O convite para a representação alcobacense marcar presença no encontro surgiu no seguimento de contactos estabelecidos há alguns meses, aquando da elaboração pela Câmara Municipal de Alcobaça (CMA) de um projecto candidatado em Fevereiro último ao programa “Cultura 2000”, da responsabilidade Comunidade Europeia, o qual deverá ser alvo de uma decisão até Julho próximo.

Este projecto intitulado “Raízes Europeias de Cister” – desenvolvido com parceiros em Espanha, Itália e Polónia -, visa, entre outros objectivos, criar uma rede de cidades e sítios ligados a Cister, e levar a cabo a realização de um “Congresso Internacional de Abadias Cistercienses Europeias”, já agendado para Novembro de 2008. Independentemente da decisão da Comissão Europeia, é intenção da CMA realizar o congresso, ideia que foi reforçada pelos contactos estabelecidos em França com entidades dos vários países presentes em Pontigny. A “Carta Europeia de Cister” integra proprietários públicos e privados, gestores, promotores de eventos e ligas de amigos de conventos da Ordem de Cister, oriundos de França, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Polónia, Suiça e Reino Unido, perspectivando-se que no futuro passar vir a contar com membros de Portugal, República Checa, Itália e Espanha. A CMA acredita nas virtudes de ver inscritos na “Carta Europeia de Cister” ambos os conventos cistercienses do concelho – Alcobaça e Coz -, atendendo aos benefícios que daí poderão advir ao nível da promoção externa e dos intercâmbios que entretanto poderão ser dinamizados. Não sendo proprietária de nenhum dos dois conventos, a CMA vai agora propor ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (ex-IPPAR) e à Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, a adesão dos Mosteiros de Alcobaça e de Coz à “Carta Europeia de Cister”. “Rota de Cister” e “Terras de Paixão” Os dez anos de existência da “Mostra de Doces Conventuais”, que se assinalam no próximo ano, poderão assim ser marcados pela realização do “Congresso Internacional de Abadias Cistercienses Europeias”. Mesmo antes da partida para França, Alcina Gonçalves, vereadora da Cultura na CMA, anunciou candidaturas à integração na “Rota Europeia de Cister” e ao programa “Terras de Paixão”, dos quais espera obter “financiamentos importantes” para acentuar a “internacionalização” da “Mostra de Doces Conventuais” e a para a realização do congresso internacional. A “Rota Europeia de Cister” foi um dos projectos que os deputados do PCP no Parlamento Europeu mais promoveram junto de municípios com património desta Ordem Religiosa, tendo por objectivo a criação de uma rede de trocas culturais com ajudas financeiras comunitárias. Dado o aparente impasse por parte do município de Alcobaça em candidatar-se a estes apoios – que numa primeira fase chegou a disponibilizar cerca de 100 mi euros em apoios financeiros -, Rogério Raimundo,vereador da CDU na autarquia, chegou a criticar a “falta de interesse” da CMA neste projecto, mas agora salienta a iniciativa do pelouro da Cultura, considerando que constitui uma excelente oportunidade de potenciar a “troca de informações e experiências” entre dirigentes e cidades com património cisterciense.