Legenda Governo quer intensificar transformação dos efluentes suinícolas em energia
Ministério da Agricultura adere ao combate à alterações climáticas Resíduos de suiniculturas poderão vir a ser transformados em energia para combater alterações climáticas Carlos Barroso O Governo quer usar os efluentes das suiniculturas para combater as alterações climáticas e produzir electricidade, estimando que possa poupar 507 mil toneladas de dióxido de carbono por ano com a aplicação destas medidas. Em comparação, a redução dos dias de serviço dos táxis, outra medida prevista pelo Governo, representa uma poupança de 3 900 toneladas de dióxido de carbono por ano. Os suinicultores da bacia do Lis, que abrange os concelhos de Leiria Batalha e Porto de Mós, estão abrangidos nesta acção de combate às alterações climáticas para a qual está previsto um investimento de 35 milhões de euros, 30 por cento dos quais financiados pelo Estado. O tratamento e valorização energética dos resíduos da suinicultura, é uma das quatro medidas do ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP) previstas no âmbito do Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC).
As acções a desenvolver prevêem a entrada em funcionamento de estações de tratamento de água residuais (ETAR), no início de 2008, em regiões prioritárias como a do Lis (Leiria, Batalha, Mós) e do Oeste (Alcobaça, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã e Óbidos) que contam, no total, com 578 mil suínos. O investimento estimado é de 62,5 milhões de euros, com 30 por cento de comparticipação estatal. O objectivo é acabar com os efeitos mais negativos desta actividade caracterizada, segundo o documento do MADRP, pela grande carga poluente, insucesso das soluções tecnológicas adoptadas para tratar os efluentes e deficiências na gestão das infra-estruturas de tratamento, exploradas directamente pelos suinicultores e respectivas associações. O MADRP quer adoptar soluções colectivas de tratamento dos esgotos baseadas na tecnologia de digestão anaeróbia, com posterior limpeza da fase líquida. O biogás produzido durante o processo de digestão anaeróbia vai ser valorizado, através de co-geração com utilização da energia térmica no processo e injecção de energia eléctrica na rede. Com estas medidas, o Governo prevê evitar a emissão de 25 quilos de metano/por cabeça/por ano, um dos gases com efeito de estufa associados à agricultura e pecuária, poupando o equivalente a 516 quilos de dióxido de carbono/por cabeça/por ano. Estima-se ainda que seja evitada a emissão de 21 quilos de dióxido de carbono/por cabeça/por ano, graças à injecção de 58 quilowatts/hora de electricidade por cada porco na rede pública. Tudo somado, o total de emissões evitadas ascende a 537 quilos de dióxido de carbono por cada porco, anualmente, o que multiplicado pelo efectivo suíno atinge 507 mil toneladas. O plano de actuação do MADRAP no âmbito do PNAC contempla ainda a avaliação e promoção da retenção de carbono em solo agrícola, a promoção da capacidade de sumidouro de carbono na floresta e o desenvolvimento sustentável da floresta, estabelecendo como meta para 2007-2012, 120 mil hectares de nova floresta. CB
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