Proprietário do “Luz do Sameiro” multado por manter embarcação no areal O naufrágio que levou à trágica morte de seis pescadores continua vivo com a presença o barco no areal da praia da Légua António Paulo
A Capitania do Porto da Nazaré instaurou um processo de contra-ordenação ao proprietário do “Luz do Sameiro”, barco de pesca que naufragou na praia da Légua, no concelho de Alcobaça, a 29 de Dezembro passado e que ainda não foi retirado do areal, anunciou o comandante José Miguel Pais Neto. As autoridades marítimas querem os destroços da embarcação retirados do areal antes do início da época balnear. O concessionário da praia da Légua refere que a praia está em processo de candidatura à “Bandeira Azul” e a permanência no areal do que resta da embarcação “não favorece em nada essa pretensão”, já que está colocada numa área de utilização pelos banhistas, justifica José Miguel Pais Neto.
Recorde-se que depois de danificada pelo naufrágio e exposição à força da rebentação, já em terra, o “Luz do Sameiro” sofreu recentemente um incêndio de origens não apuradas. Agora, o armador do barco e seguradora que mantém um diferendo sobre a propriedade dos salvados e sobre o valor da indemnização a atribuir à embarcação, caso não retirem o “Luz do Sameiro” do areal, ficaram a saber que as autoridades marítimas não descartam a possibilidade de serem os próprios serviços estatais a proceder à sua remoção. “Vamos pedir uma parceria com o ministério do Ambiente para actuar”, mas esse será sempre “último cenário”, caso não exista abertura do armador ou da seguradora para procederem à remoção dos destroços, explicou o comandante da Capitania, sublinhando que “os custos dessa operação serão imputados ao proprietário do barco”. Nos primeiros dias de Março, um incêndio de origem desconhecida destruiu ainda mais a estrutura do barco que encalhou a 50 metros da praia da Légua, causando a morte de seis tripulantes, dois dos quais ainda se encontram desaparecidos. “O barco já não é meu” Reagindo à instauração da contra-ordenação, o armador Manuel Maio afirma que o barco deixou de ser seu alegando que a seguradora declarou “perda total” da embarcação, sendo que assim, sublinha “os salvados são agora propriedade da seguradora”. “Eu não aceito quaisquer responsabilidades” porque “se foi declarada a perda total, então o barco já não é meu”, afirmou, adiantando ainda não ter chegado a acordo com a seguradora sobre o valor a receber. “Propuseram-me metade do que ele valia e estamos em negociações”, reforçou Manuel Maio, remetendo para a companhia de seguros a “responsabilidade” de retirar a embarcação do areal.
O “Luz do Sameiro” encalhou a escassos 50 metros da praia e durante vários dias foi fustigado pela força das ondas, tendo sido rebocado para terra a salvo das ondas, tendo-lhe sido retirado o combustível de que ainda dispunha. Desde então, a carcaça do barco permanece no areal e, embora não exista perigo de poluição, o concessionário da praia da Légua tem vindo a pedir a remoção da embarcação da zona, uma operação com um custo estimado em cerca de 20 mil euros, já que os acessos ao areal são de difícil senão impossível acesso de veículos pesados de grandes dimensões, equipados com grua. A solução para a retirada do “Luz do Sameiro” do areal da praia da Légua, deverá passar pelo seu desmantelamento no local onde se encontra, com a chamada de técnicos navais que procederão à retirada das peças mais pesadas, como o motor e outras estruturas e equipamentos em metal, facilitando o posterior transporte da carcaça. Estes são trabalhos que normalmente se prologam por algumas semanas, pelo que uma decisão quanto ao “futuro” próximo do “Luz do Sameiro” deverá ser tomada em breve, antes do arranque da época balnear.
0 Comentários