População de S. Martinho não está disposta a deixar a PSP ir embora da vila

População recusa a saída a PSP da vila e exige o alargamento da área de intervenção

Os habitantes de São Martinho do Porto voltam a agitar-se com as notícias que dão como certa a saída daquela força da vila e a substituição pela GNR

António Paulo“PSP amiga São Martinho está contigo!”. Esta é uma das palavras de ordem que começa a ganhar força entre os habitantes de São Martinho do Porto, que estão a mobilizar-se através de um abaixo-assinado a circular desde o passado domingo e que na noite da próxima sexta-feira vai, por certo, esgotar a lotação do salão dos Bombeiros Voluntários locais, numa sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia local onde a eventual saída daquela força policial da vila estará em análise, e em última instância, reforçar a reivindicação não só da sua manutenção, como exigir o alargamento da área de intervenção.

Já na noite da passada sexta-feira cerca de centena e meia de são martinhenses participaram numa reunião promovida pelo auto denominado “Grupo de Amigos de São Martinho do Porto” que contou a presença do presidente da Junta de Freguesia, Manuel Antunes Pereira, e na qual ficou bem vincada a vontade dos presentes em lutarem pela permanência da PSP na vila. Para Natalino Gomes membro do “Grupo de Amigos de São Martinho do Porto”, “a substituição da PSP pela GNR, na nossa vila, implicaria um retrocesso em tudo o que a população logrou alcançar juntamente com os homens e mulheres que preenchem o efectivo da esquadra da PSP, uma harmoniosa convivência, respeito, confiança e sobretudo segurança”. “Não se pretende menosprezar a GNR, como força de segurança, nem se coloca em causa o seu potencial, mas temos a certeza de que, melhor trabalho do que é empreendido pela PSP não será alcançado com facilidade”, adverte. A viver com a PSP há 37 anos Com a PSP instalada em São Martinho do Porto há cerca de 37 anos, Natalino Gomes sublinha que “com as medidas do Governo, talvez sejam necessários mais 37 anos para reconquistar aquilo que nos querem tirar”, frisando que “não queremos ser cobaias das ideias de ilustres políticos que, sentados nos seus cadeirões, põem e dispõem, sem se inteirarem das realidades e necessidades concretas de São Martinho do Porto, avaliando, dizem eles, por critérios de optimização e segurança, revelando-se afinal em desconformidades grosseiras”. Por seu lado para Joaquim Clérigo, comandante dos Bombeiros Voluntários locais e igualmente membro do “Grupo de Amigos de São Martinho do Porto”, defende que a PSP é um “bem da freguesia que a população não quer perder” garantindo que “por isso, vão ser encetadas várias medidas com vista à defesa da permanência dos agentes da PSP na povoação”. Já o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Antunes Pereira, lembrou que “a vila chega a ter 45 mil habitantes durante os fins-de-semana, que aumentam ainda mais no Verão e nos períodos festivos, e que retirar a PSP significa aumentar a insegurança de pessoas e bens”. O autarca lembrou várias cartas enviadas à Câmara Municipal de Alcobaça a alertar para a situação que se poderá vir a criar com a saída da localidade da PSP, missivas essas, reforçadas com uma moção aprovada em Assembleia de Freguesia e enviada ao Ministério da Administração Interna, assim como um abaixo-assinado dinamizado no final do ano e que reuniu cerca de um milhar de susbcritores. A vocação urbana da PSP, o policiamento de proximidade, o conhecimento dos problemas da comunidade escolar e o aumento da população que impõe um melhor policiamento, são argumentos esgrimidos pelos defensores da manutenção na vila daquela força policial, havendo mesmo quem exija o alargar da área geográfica de intervenção.Saída falada desde 2005As primeiras notícias que deram conta da eventual saída da PSP de São Martinho do Porto remontam ao final do Verão de 2005, e surgiram de estudos da reorganização das forças de segurança prometida pelo Governo em 2003. Nesta medida, a GNR poderá vir a substituir a PSP no patrulhamento em várias localidades, deslocalizando a PSP para os aglomerados urbanos com maior número de pessoas e deixar à guarda da GNR apenas com as localidades com menos de 10 mil habitantes. Assim, a par de alguns encerramentos, prevê-se que no decurso deste ano em pelo menos em vinte quatro localidades do Continente, algumas esquadras da PSP darão lugar a postos da GNR, como são os casos, entre outros, de São Martinho do Porto, São Pedro de Moel e Lamego. O presidente da Câmara, Gonçalves Sapinho, aguardando há mais de seis meses a marcação de uma reunião solicitada ao ministro da Administração Interna, António Costa, para abordar a questão das forças de segurança no concelho de Alcobaça. A PSP de São Martinho do Porto e a criação do Destacamento da GNR em Alcobaça, criado por Decreto-Lei há vários anos, fazem parte das reivindicações do autarca. Os argumentos de Alcobaça para garantir a manutenção da PSP e alargar os serviços da GNR estão, também, num documento elaborado pela Câmara e que Gonçalves Sapinho pretende entregar pessoalmente ao ministro António Costa, o qual já terá garantido ao autarca a realização de um encontro para tratar destas questões.