“PS da Nazaré a uma só voz”

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Ricardo Caneco líder da concelhia do PS da NazaréEntrevista a Ricardo Caneco presidente da Comissão Política Concelhia da Nazaré do PSCom apenas oito anos de militância rosa, Ricardo Caneco conseguiu alcançar a liderança do PS da Nazaré derrotando Isabel Vigia, a histórica militante e dirigente do partido a nível local. Agora mostra-se determinado em arrumar […]

Ricardo Caneco líder da concelhia do PS da NazaréEntrevista a Ricardo Caneco presidente da Comissão Política Concelhia da Nazaré do PSCom apenas oito anos de militância rosa, Ricardo Caneco conseguiu alcançar a liderança do PS da Nazaré derrotando Isabel Vigia, a histórica militante e dirigente do partido a nível local. Agora mostra-se determinado em arrumar a casa, fazer oposição credível e colocar o partido a falar a uma só voz, preparando uma estratégia para fazer regressar o PS no poder local. Afirma dormir descansado quanto ao risco de ser um líder concelhio a prazo, mas vai já avisando que enfrentará quem não apresentar um projecto credível ou quiser fazer o papel de oportunista. Uma entrevista de António Paulo

Acaba de viver o seu primeiro Congresso Nacional do PS enquanto presidente da Concelhia. Que experiência foi essa?Em termos pessoais esta participação foi uma novidade, que se revelou muito útil na troca de impressões com camaradas que detêm as mesmas funções institucionais, tendo por base a forma como recuperar o tradicional eleitorado socialista da Nazaré, e por objectivo último, a reconquista dos vários órgãos autárquicos. Sobre o desenvolvimento do congresso sucedeu aquilo que já se esperava: uma demonstração de grande união em torno de José Sócrates no desenvolvimento de medidas duras, mas que têm de ser tomadas e cujos resultados não podem ser exigidos ou visíveis de um dia para o outro.Como aqueles que se lhe colocam enquanto líder da Concelhia do PS da Nazaré…Eu candidatei-me a liderança da Concelhia porque achei que o rumo percorrido pelos anteriores dirigentes não deu resposta aos anseios dos socialistas em particular e dos nazarenos em geral, que não se identificavam com aquele tipo de gestão política, como o provam as sucessivas derrotas eleitorais locais. Confesso que perante as metodologias seguidas para a escolha dos candidatos pelo PS às “Autárquicas” do ano passado, quer no caso do António Trindade, quer do João Benavente, cheguei a ponderar o abandono total da política partidária, em profundo desacordo com todo aquele processo de birras e guerrilhas mútuas.Entretanto, depois das eleições alguns camaradas incentivaram-me a candidatar-me à liderança da Concelhia, o que acabei por fazer, recusando de permeio um convite da Isabel Vigia para integrar a sua lista. Assumi o desafio, ganhei as eleições na convicção de que o tinha conseguido de forma legal, aguentando com paciência todos os recursos da candidata derrotada, e agora que finalmente tudo está esclarecido de facto os desafios que nos esperam são muitos e complicados de vencer. Que desafios são esses?Perante desafios complexos os objectivos serão modestos, mas vão servir de base para que a médio prazo não se volte a repetir um processo de selecção de candidatos, como aqueles em que o PS da Nazaré se viu envolvido, com péssimos resultados para a vivência partidária socialista e para o concelho da Nazaré. Promover o diálogo, a cooperação e a articulação entre todos os eleitos pelo PS e órgãos dirigentes concelhios, será o primeiro e decisivo passo para colocar o PS a falar uma só voz, sem prejuízo do imprescindível debate interno, credibilizando assim, o partido junto do seu eleitorado tradicional e população em geral.A abertura do partido à sociedade civil, o aumento do número de militantes, a reactivação da secção de Valado dos Frades, a redefinição do modelo do pagamento de quotas e a renovação dos quadros partido através do proporcionar melhores condições e apoio à Juventude Socialista, são outras iniciativas, que esta Comissão Política Concelhia quer colocar em prática. Queremos contrariar a municipalização laranja de tudo quanto é iniciativa ou associação onde esteja presente a juventude nazarena, que por outro lado, enfrenta, por exemplo, o dramatismo de não ter saídas profissionais, a não ser batendo à porta da Câmara que, por acaso ou talvez não, é o maior empregador do Concelho.Mas esses objectivos pressupõem uma união do partido que neste momento não passa de uma miragem…De facto esse é o cenário que se vive neste momento e que queremos alterar, agora que está encerrado o capítulo dos recursos, e recursos dos recursos, por parte da camarada Isabel Vigia, julgo estarem reunidas as condições para trabalharmos em conjunto com respeito pelas opiniões e posições de cada um, de modo a que o PS da Nazaré passe a falar para o exterior, como já disse, a uma só voz. Mas também são públicas as divergências entre militantes e alguns dos autarcas eleitos, apelidando-os de “bloco central”… Eu apoio a discussão e o debate em qualquer local, o que constitui um sinal de que esses militantes estão interessados, activos e que querem participar na vida do partido e na reflexão sobre qual o rumo que na sua opinião o Concelho deve tomar, mas também tenho a obrigação de fazer ver a esses camaradas que existem locais institucionais para promover esses debates e esclarecer dúvidas e posições. Essa metodologia está a ser colocada em prática e já na última sessão da Comissão Política Concelhia, militantes, dirigentes concelhios e autarcas eleitos trocaram-se ideias e reflectiu-se no sítio próprio sobre o posicionamento do PS face ao PSD, em questões de vital importância para a Nazaré. A aceitação de pelouros pelos vereadores do PS também foi discutida nessa reunião?A Comissão Política Concelhia do PS está a reflectir e a discutir essa questão – porque agora estamos debruçados sobre a análise ao Orçamento -, e apesar de já termos definida em princípio uma linha de orientação quanto a essa matéria, quando for divulgada no momento adequado será a posição oficial do partido. Uma coisa é certa e pode desde já ser adiantada: o PS quer ser uma oposição construtiva, firme e determinada na defesa dos interesses da Nazaré, procurando ajudar o PSD e o presidente a governar a Nazaré. Atente-se na incapacidade revelada ao longo destes treze anos, com a gritante falta de visão estratégica, onde sempre imperou a gestão de mercearia ou de navegação à vista, sem um rumo definido, que em última instância atirou o município para uma situação financeira negativa, por certo bem superior aos anunciados 15 milhões de euros, sem que se vejam obras, o que torna tudo ainda muito mais grave, que suscita a seguinte questão: o que é foi feito para se estar a dever tanto dinheiro? Há treze anos que andamos a ouvir falar de marinas e áreas empresariais, e em menos tempo concelhos vizinhos passaram ou contribuíram com o seu apoio para a passagem à prática de planos e projectos estruturantes, com a maioria PSD na Nazaré a assistir de braços cruzados! Uma convergência de posições com a bancada dos Independentes na defesa de uma visão estratégica para o concelho foi um cenário já equacionado no seio do PS?O Grupo de Cidadãos Independentes conseguiu o resultado eleitoral com os votos de muitos e muitos socialistas e de eleitores que tradicionalmente votavam no PS. Neste contexto, é lógico que o PS tem todo o interesse em dialogar com os Independentes. Numa situação que se revele de interesse e benéfica para o concelho e em torno da qual seja possível encontrar pontos de convergência ou de contacto entre as duas bancadas, após uma discussão interna aturada, não vejo obstáculos intransponíveis a uma posição concertada, que leve a maioria relativa PSD a inflectir algumas das políticas negativas que tem desenvolvido para a Nazaré. Alguns actores da política local dizem que o Ricardo Caneco é como se diz na gíria política “um dirigente para queimar”. Quer comentar?Reajo a essas previsões com toda a naturalidade e dormindo tranquilo todas as noites, tanto mais, que quando me candidatei a este cargo, não foi para me perpetuar no seu desempenho. Na altura própria veremos se esta Comissão Política trabalhou bem ou mal: se os resultados forem positivos e reunir os apoios necessários, voltarei a candidatar-me. Uma certeza porém podem ter os socialistas da Nazaré: a de que não entregarei de bandeja o PS da Nazaré, a um bando de abutres, a um qualquer “D. Sebastião” ou “salvador da pátria”. Se eles aparecerem, eu não vou virar a cara à luta!

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