Valdemar Rodrigues
Professor UniversitárioA fotoacima foi tirada no passado dia 16 de Setembro de 2006 na zona requalificada da envolvente do Mosteiro de Alcobaça. Este dia foi marcado por dois eventos que decorreram no Mosteiro: a IV Cerimónia de Entronização da Confraria da Pêra Rocha do Oeste e a celebração da tomada de posse do padre Francisco Cosme na paróquia de Alcobaça, em substituição do prior Fernando de Cima.
Desde logo esta foto suscita uma pergunta: porque razão não foram os carros estacionados no parque do alto da Cova da Onça ou em zona autorizada para o efeito, como teria de acontecer, sob pena de coima, com a viatura de qualquer cidadão que desejasse visitar o Mosteiro de Alcobaça?A resposta a esta pergunta é fácil: porque seria muito mais incómodo para as pessoas e porque a opção de estacionar nesta zona junto ao Mosteiro não perturba a vida de ninguém nem altera minimamente o ambiente da zona. Pelo contrário anima-o, permite o acesso facilitado das pessoas, incluindo as mais idosas ou com dificuldades de locomoção, e contribui para dinamizar o comércio local.A foto refuta ainda duas teorias. Uma é a de que são sobretudo os condutores desobedientes e preguiçosos (que não gostam de andar a pé) que teimam em violar as regras de estacionamento. Ora o facto é que se assim fosse, e até para darem o bom exemplo aos restantes cidadãos, os nossos amigos confrades e membros da comunidade católica alcobacense teriam ido estacionar a sua viatura nos lugares designados para o efeito. Não o fizeram, e quanto a nós muito bem. A segunda teoria que esta foto ajuda a refutar é a de que é possível, por meio de leis restritivas (ao bom jeito jacobino, portanto) alterar os hábitos das pessoas, mesmo quando esses hábitos são razoáveis, ou seja, quando a sua prática resulta à vista de todos em maiores benefícios do que prejuízos para a comunidade dos cidadãos. É claro que o jacobinismo, confrontado com esta refutação, recorre imediatamente à racionalidade científica e às insondáveis razões que justificam andar a pé, mesmo quando não podemos ou quando não queremos. Só que aqui o jacobinismo cai, por falta de autenticidade, na teia que ele próprio montou. Pois se acreditasse mesmo naquilo que prescreve para o povo, seria ele o primeiro a alterar os seus hábitos, o que na maioria dos casos não faz.Fica pois a sugestão para que se mantenha na zona referida o parque de estacionamento automóvel que, afinal, já existe. Limitado no número de lugares mas de livre acesso a todos os cidadãos e não só a alguns ou em “ocasiões especiais”, em geral politicamente justificadas. E com parquímetros, para que os senhores automobilistas não se esquivem ter de pagar pela poluição sonora e visual que causam e pelos custos acrescidos de manutenção da zona.
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