José RafaelPresidente da Concelhia de Alcobaça da JSD.No passado dia 21 de Julho, o Núcleo da JSD da Benedita, apoiado pela Concelhia de Alcobaça, levou a efeito um debate sobre o tema “Esquerda e Direita”, com o claro intuito de contribuir para a formação de uma maior consciência política dos mais jovens. Assim, num debate bastante participado e com grande intervenção da audiência presente foram discutidos estes dois conceitos de uma forma acalorada.O que me proponho aqui hoje é contribuir para esse debate e esclarecimento apresentando uma visão possível para essa dicotomia.
Direita e Esquerda são termos espaciais, que começaram por dividir a Câmara Francesa (durante a Revolução de 1789) entre os que se sentavam à direita e à esquerda, entre os apoiantes da ordem e os da mudança. Esta é a génese de dois conceitos, que por si só não fazem sentido, mas que se legitimam por oposição, e que se enraizaram na sociedade ao longo dos tempos sem que nunca se conseguisse dar uma definição clara e concreta do que significavam (assim talvez se justifique a sua intemporalidade). De facto, a Direita tem representado tradicionalmente o lado da ordem, da estabilidade e da tradição, a posição moral, legal, legítima. A Esquerda, por outro lado, está associada ao radical, ao perigoso e ao novo. Parafraseando Mário Soares, num texto de Abril de 2005, presente no arquivo da sua fundação, “os que querem conservar o que está, são de direita (conservadores) e os que acreditam que é possível transformar o mundo para melhor e lutam para que isso aconteça, são de esquerda (progressistas). Ainda que tenhamos a experiência histórica de que em nome de belas utopias se cometem abusos, atrocidades e imperdoáveis crimes.” Tomando em atenção o que diz Norberto Bobbio, a Direita enfatizaria a liberdade enquanto que a Esquerda o faria em relação à igualdade.Ao longo dos tempos tem existido uma tendência clara para a diminuição desta clivagem aproximando-se os dois pólos de um centro aglutinador. Assim, desde que o socialismo democrático abandonou a inspiração marxista e as correntes neoliberais se distanciaram das teorias do Estado mínimo, já quase ninguém entre os partidos moderados coloca em causa a necessidade de regulação da economia pelo Estado e o imperativo ético de pôr em prática programas vastos de protecção social. A Esquerda moderna visa ao máximo de bem estar social, com o decorrente intento de minimização das diferenças sociais, dentro de condições compatíveis com a satisfatória preservação da competitividade internacional da respectiva sociedade; enquanto que a Direita moderna visa ao máximo de eficácia e de competitividade, para a respectiva sociedade, dentro de condições compatíveis com satisfatórios níveis de bem estar social e de redução das desigualdades. As prioridades é que são diferentes! (Hélio Jaguaribe)É nesta Direita moderna promotora da eficácia, da eficiência, da competitividade e ambiciosa, sem nunca pôr em causa a preocupação social inerente à condição humana, que me revejo e acredito.
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