Um conto por Juliana EsperançaEu, Açucena 15 anos, vou contar como foi o meu Verão.Acabaram as aulas, começaram as férias, estava eu em casa com os meus dois irmãos mais novos, Angélica 10 anos e Bernardo 5 anos, como estava sozinha decidi divertir-me no meu quarto, os meus irmãos foram brincar lá para fora e eu meti-me no quarto, vesti roupas fora do vulgar, fiz um penteado maluco e pus-me a dançar uma música dos Blue, o meu grupo preferido, estava ali eu a dançar e a cantar a fazer grandes passos e vozes, dou uma volta quando reparo que dentro do meu quarto está a minha avó paterna com uma família, estavam todos especados a olhar para mim, e eu com uma cara patética só fui capaz de dizer: “Olá ‘vó! …”, a minha avó com uma cara de espanto disse: “Açucena, vai mostrar a casa a esta família se faz favor” desliguei a música, e lá fui naquela figura ridícula mostrar a casa…

Mas vocês devem estar a pensar, mas o que é que aquela família estava a fazer em minha casa? Eu explico, a minha família tinha-se mudado há pouco tempo para ali, é uma grande casa que fica numa terrinha e para mobilar a casa e ter dinheiro para vestir e dar de comer a três filhos não é fácil, então a minha mãe teve a ideia de alugar o quarto que é para o meu irmão quando crescer e a minha avó é que está encarregada disso, e então já devem saber o que é que aquela família estava a fazer em minha casa… bem, já tinha acabado de guiar a família e fui para o meu quarto, nem cheguei a conhecê-los… chegou a noite, quando já estava tudo calmo, porque era uma confusão, duas famílias a jantar e a andar de um lado para o outro… então eu resolvi ir à cozinha comer qualquer coisa, ia a sentar-me no sofá e senti qualquer coisa, levantei-me e acendi a luz, era um rapaz, o filho da família que lá estava, ele abriu os olhos e ficou a olhar para mim com uns olhos verdes lindos, e eu disse:- Desculpa, não sabia que estavas aqui… – E ele respondeu – não faz mal, eu estou aqui porque o quarto só tem uma cama, e eu não estava a dormir…- Vou para cima – disse eu.- Espera – chamou-me ele – como te chamas?- Açucena… e tu?- Leonardo – respondeu.- …agora vou dormir, boa noite.- Boa noite.Fui para o quarto e só conseguia pensar naqueles olhos verdes a olhar para mim… Já de manhã, vesti-me e fiquei no quarto a ouvir a confusão e a escrever, até que batem à porta:- Entre – mandei entrar, era ele, o Leo.- Olá, posso?- Podes, entra.- O que estás a fazer?- Estou a escrever, estou a tentar escrever um livro.- Tens jeito para isso? É que para dançar e cantar tens… – disse ele em tom de brincadeira.- Nem me lembres esse dia…se soubesses como eu fiquei…- Deu para ver… ficaste…azul! – Brincou ele.- Eu passei pelas cores todas! Não estava nada à espera…Nós estávamos a dar-nos como velhos amigos, mas o tempo passou e os pais dele chamaram-no para ir embora para a praia… fiquei ali no quarto a pensar nele, até que me lembrei que podia ir ao quarto do meu irmão, e lá fui… entrei e vi em cima da cómoda, champôs, escovas, desodorizantes, jóias, uma carteira, CD´s e um caderno… decidi ver o caderno, claro que não estava correcto, mas a curiosidade era tanta… abri, a primeira página dizia, “pertencente a Leonardo Vieira”, assim fiquei a saber o último nome, fui abrindo e aquilo era uma espécie de diário, muito invulgar num rapaz, mas também demonstrava que ele era organizado… lá estavam as suas preferências, comida preferida, hambúrguer, grupo preferido, LinkinPark, relatórios sobre as várias namoradas que teve, amigos, e o que me surpreendeu mais foi a sua flor preferida, Açucena…ainda não tinha escrito nada sobre mim, mas tinha esperança que escrevesse…Pousei o caderno e voltei para o meu quarto, continuei a escrever, mais tarde almocei, à tarde enfiei-me outra vez no quarto, desta vez pus-me a ouvir LinkinPark, até que ouvi a carrinha da família Vieira a chegar, pouco depois bateram à porta do meu quarto, era a mãe do Leo, mandei entrar…- Olá, nunca nos chegámos a apresentar pois não?- Não… – respondi.- Eu sou a Judite e o meu marido é o João, e já deves conhecer o meu filho, o Leonardo – Apresentou-se a senhora.- Sim, já o conheço – respondi – eu sou a Açucena.- Açucena … que nome bonito, deves ter a idade do Leo, quantos anos tens?- 14, vou fazer quinze no mês que vem, Julho, no dia 13.- O Leo faz 15 em Outubro, tens sorte, só nos vamos embora no dia 2 de Agosto! Bom, vou tomar banho … até ao jantar…Era uma família bastante simpática… nesse dia não conversei com o Leo… chegou a manhã e lá estava eu no quarto … vocês devem perguntar-se porque é que eu estou sempre no quarto … é que eu gosto de ter o meu cantinho, e passo os dias em cima da cama a ouvir música, a ler ou a escrever… estava eu no quarto, quando apareceu o Leo…- Olá … então gostas da praia da Nazaré? – Perguntei eu.- Gosto…tem ambiente…porque é que nunca vais à praia? – Perguntou-me.- Porque os meus colegas são quase todos do Valado e não costumam ir à praia… – expliquei.- Porque não vens connosco? – Não sei…- Vá lá! Os meus pais também vão gostar!- E os meus irmãos?- Eles também vêm, anda!- Está bem…- Fixe!Eu fui com eles, e claro os meus irmãos foram atrás… chegámos à praia e fomos logo todos para a água, os meus irmãos ficaram à bordinha e eu e o Leo fomos enfrentar as ondas grandes que estavam naquele dia… ao fim da tarde fomos dar um passeio à borda de água, a maré estava vazia… até que por detrás de mim ouvi chamarem-me “Su!”, era a minha alcunha, “Su!”, chamaram outra vez, até que olhei, era a minha melhor amiga, a Leila, ela costumava ser atrevida com os rapazes, e eu tinha inveja terrível do corpo dela…- É o teu namorado?… – Perguntou-me ela baixinho olhando de lado para ele.- Não – respondi-lhe, e apresentei-os – Leila este é o Leonardo, Leonardo a Leila a minha melhor amiga, o Leonardo está lá em casa, a minha mãe alugou um quarto – esclareci-a.-Ah… – disse a Leila olhando-o de alto a baixo – de certeza que não namoram? – Perguntou-me outra vez ao ouvido.-Já disse que não! Somos só amigos…- Ok… amanhã vêm à praia?- Talvez – respondeu o Leo.- Então, eu estou nas pedras… bye bye… – disse ela olhando o Leo com um olhar atrevido.- xau – disse eu.- xau – disse ele.- Detesto estas raparigas assim – disse ele.- Assim como?! – Perguntei indignada.- Como a tua amiga, acham-se as melhores… só porque meia dúzia de rapazes olham para elas, acham-se as mais bonitas do mundo…ela acha que consegue alguma coisa de mim, mas não vai ter…além disso é esquelética… – mas há muitas raparigas que gostavam de ter o corpo dela…- são parvas… as que têm carne e não só ossos é que têm sorte, é sinal de que são bem alimentadas…assim, do teu género…- Obrigado… vamos, já deve estar à nossa espera…e fomos a correr para cima. No outro dia encontrámos a Leila, mas ela foi totalmente desprezada pelo Leo, e eu fiquei contente por isso…os dias foram passando e eu diverti-me imenso…Chegou o meu dia de anos e resolvi organizar uma discoteca na garagem, o Leo ajudou-me, convidei todos os meus colegas, inclusive a Leila… Chegaram todos, pus a música a tocar, mas eu quase não dançava, tinha que estar sempre a entrar e a sair por causa dos doces… eu tinha ido à cozinha e quando voltei estava o Leo encostado a uma mesa, eu ia ter com ele, mas a Leila chegou primeiro convidou-o para dançar e ele foi, eles estavam a divertir-se, até que começa uma música romântica, eles agarraram-se e eu saí de lá e sentei-me num banco à porta, estava um bocado desiludida…até que chega o Leo…(continua na próxima edição)