Paulo Inácio quer fazer “crescer, reorganizar e formar” o PSD de AlcobaçaEntrevista com Paulo Inácio, presidente da Comissão Política de Secção de Alcobaça do PSD Paulo Inácio vai dirigir os destinos do PSD de Alcobaça nos próximos dois anos sem ter de se preocupar com eleições. Internamente quer aproveitar esse período para fortalecer o partido e formar quadros. Promete ser solidário com o executivo camarário e exigir que os quadros locais do PSD sejam chamados a desempenhar funções nos órgãos descentralizados do Estado. Apoia a construção do aeroporto da Ota, mostra-se contrário ao traçado da linha do TGV a Oeste da Serra dos Candeeiros, defende o desenvolvimento da Linha do Oeste e aposta no turismo para o desenvolvimento do concelho. Uma entrevista de António Paulo
Acaba de ser eleito líder concelhio sem adversários nas urnas. Como é que analisa este facto?No PSD não existem adversários, existem sim, companheiros que, poderiam estar dispostos a liderar outro projecto. Todavia, o facto de ter sido único candidato é sintomático da grande coesão partidária vivida nesta Secção. Aliás a minha candidatura, só ocorreu, em virtude do apelo de um número muito vasto de militantes.Num período sem eleições, como é que vai aproveitar esta acalmia eleitoral na direcção do PSD de Alcobaça?Vou aproveitar este espaço temporal para crescer, reorganizar e formar. Considero que é nestes mandatos, sem eleições, que se pode fazer um trabalho com maior profundidade e racionalidade. Mas se não há eleições previstas, anunciam-se referendos, como o da Interrupção Voluntária da Gravidez. Qual o seu posicionamento sobre esta matéria, enquanto líder concelhio do PSD? A disciplina partidária é fundamental para o bom funcionamento de qualquer partido. Porém, o PSD é um partido democrático, plural e tolerante. Qualquer líder concelhio, regional ou nacional no PSD deixa liberdade total aos militantes em matérias de consciência, como é o caso.Já afirmou que o PSD de Alcobaça tem de estar preparado para dizer presente quando o partido for Governo. Tendo em conta o passado, quer dizer que o PSD de Alcobaça não se preparou, ou tem sido menosprezado em anteriores fases governativas do PSD?O que é certo é que alguma coisa não está bem. Efectivamente Alcobaça por força da sua importância populacional, económica e social no distrito exigiria uma maior representatividade nos órgãos descentralizados do Estado. Tudo faremos para mudar esta injustiça. No futuro estaremos melhor preparados e mais exigentes. Muitas dessas chamadas têm passado, ou até partido, da Distrital do PSD. Depois do Verão vai haver eleições para este órgão. Que lugar quer para o PSD de Alcobaça nessa disputa eleitoral?Sendo que os lugares partidários são importantes, o essencial é que Alcobaça seja ouvida e respeitada de acordo com o anteriormente referido.O PSD de Alcobaça vai continuar a ser – como é voz corrente – uma câmara de ressonância da maioria na Câmara, ou pelo contrário, vai exercer um papel crítico, de forma pública e notória?O PSD de Alcobaça nunca exercerá relativamente ao executivo camarário um papel crítico de forma pública e notória. O papel do PSD é estar solidário e ao lado da Câmara de cuja liderança tanto se orgulha. Aliás estatutariamente o senhor presidente da Câmara Municipal tem assento na comissão política, portanto, o relacionamento do PSD de Alcobaça e executivo camarário é de reciprocidade e unicidade.De um modo genérico, como é que avalia globalmente os mandatos PSD no executivo camarário? Na sua perspectiva, o que deverá ser corrigido no futuro?Os mandatos do PSD na Câmara Municipal de Alcobaça, têm sido históricos. Efectivamente Alcobaça encontrava-se numa apatia generalizada, sem um rumo ou estratégia definida. Após a chegada do PSD ao poder definiu-se claramente um caminho de afirmação das Freguesias e uma aposta clara no Turismo. Em tempo de dificuldades económicas Alcobaça assistiu a investimentos nunca vistos, que, inevitavelmente, num futuro próximo darão resultados. Relativamente ao que no presente e no futuro terá que ser corrigido, é uma matéria de análise permanente, mas interna.E no seu entender o que é que a oposição deveria corrigir, para se assumir como uma alternativa consistente ao PSD em Alcobaça? Certamente não estará à espera que o líder do PSD de Alcobaça ensine a oposição para se assumir com alternativa, não seria eticamente aceitável, nem seria um acto de inteligência.Genericamente, quais os desafios estratégicos que em matéria de desenvolvimento concelhio, se colocam ao PSD, enquanto poder em Alcobaça?Conforme já anteriormente referi os desafios estratégicos, há muito estão definidos. E estes não são mutáveis a curto ou médio prazo. Assim, reafirmamos a execução dos investimentos no Turismo e como é do conhecimento público, a afirmação das vocações dos eixos naturais de desenvolvimento do concelho de Alcobaça.Aeroporto da OTA e TGV: o que é que Alcobaça tem a ganhar, ou a perder, com a concretização destes projectos?No mandato anterior, enquanto deputado municipal, fui o primeiro a insurgir-me contra a passagem do TGV no concelho de Alcobaça. Ainda não mudei de opinião. Na verdade, após a minha denúncia a “RAVE” ainda não explicou a anulação do estudo do traçado do TGV a Este da Serra dos Candeeiros. Não considero uma inevitabilidade a passagem do TGV a Oeste da Serra dos Candeeiros. Considero que se o TGV atravessar o concelho de Alcobaça, este tem tudo a perder e nada a ganhar. As zonas “no edificantis” são brutais com escassas passagens desniveladas correndo-se o risco sério de desagregação territorial e populacional, para não falar dos impactos nefastos ambientais e a certeza do pagamento diminuto da expropriações e ausência de qualquer estação no concelho de Alcobaça. Já a paragem do TGV numa estação em Leiria, trará vantagens a Alcobaça.No que concerne ao aeroporto da OTA temos tudo a ganhar. É um investimento de grande monta com uma área de influência enorme que nos confere maior centralidade, sendo expectável o surgimento de um maior investimento turístico e industrial no concelho de Alcobaça em virtude do novo aeroporto.Que papel deve ter o Mosteiro de Alcobaça no desenvolvimento do concelho? Na sua óptica, esse caminho está a ser trilhado?O Mosteiro de Alcobaça como Património da Humanidade que é, tem um papel vital na nossa estratégia de desenvolvimento. E esse caminho, há muito que está a ser trilhado. Valorizando-se a mais bela história de amor de todos os tempos, o executivo teve a feliz ideia de designar Alcobaça como a “Terra de Paixão”. Esse simples gesto é paradigmático da consciência total das potencialidades de desenvolvimento que o Mosteiro de Santa Maria pode dar a Alcobaça. Parece simples e fácil, mas, nunca o tinha sido feito. Têm-se executado políticas de recolocação do Mosteiro de Santa Maria nas rotas mundiais turísticas e culturais. Igualmente o senhor presidente de Câmara, há muitos anos a esta parte, enquanto Deputado à Assembleia da República, propôs ao Estado a criação de uma Fundação Cisterciense com sede em Alcobaça. Igualmente defendeu, e continua a defender, com todo o apoio do PSD, tendo sido dados já grandes passos, a instalação de um hotel de elevado nível, no Mosteiro de Alcobaça. Se todos juntos, como desejamos, obtivermos este desiderato, Alcobaça será definitivamente revolucionada.Na sua óptica, estando bem servida de acessibilidades rodoviárias, Alcobaça deve deixar “cair” a Linha do Oeste, ou deve bater-se por esta ferrovia, como um outro eixo de desenvolvimento?Obviamente que Alcobaça deve bater-se com todas as sua forças pelo desenvolvimento da linha do Oeste. Como já deve ter reparado, assistimos hoje, a uma revolução qualitativa em São Marinho do Porto. A requalificação em curso coloca definitivamente como uma das mais belas praias do País e da Europa. Dificilmente se encontra na costa portuguesa uma marginal de qualidade superior à de São Martinho do Porto. Com uma estação ferroviária, a escassos metros da praia, a Linha do Oeste torna-se uma mais valia essencial no desenvolvimento turístico de São Martinho do Porto, para além de outras estações que poderão e deverão ser revitalizadas.
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