Falésias do Sítio, na Nazaré, surgem mencionadas no relatório do INAG como de “risco”Riscos de desmoronamento de falésias de quinze praias da região do Oeste Campainhas de alarme também soaram na Nazaré e em Alcobaça António Paulo Algumas restrições à circulação automóvel e pedonal no cimo da falésia do Sítio da Nazaré e a interdição do uso das escadas de acesso a um pesqueiro junto ao Forte de São Miguel, são algumas das medidas que o Ministério do Ambiente (MA) decidiu implementar proximamente na Nazaré, face ao risco de derrocadas das arribas. Também na faixa costeira do concelho de Alcobaça, o MA vai decretar interdições de acesso a uma parte de um restaurante em Água de Madeiros e à área de falésia contígua, assim como vai analisar as situações de risco em que poderão estar a incorrer algumas habitações construídas em cima das arribas de Vale Furado.
Estas medidas fazem parte de um conjunto de acções preventivas, constantes de um relatório do INAG que indica três grupos de medidas a adoptar face às situações de risco encontradas no troço de costa entre a Marinha Grande e Alcobaça e que vão da simples reposição de sinais vandalizados à interdição de sectores de risco em zonas de utilização frequente. As acções a desenvolver incidem sobre um total de quinze praias da região do Oeste, distribuídas pelos concelhos de Alcobaça (2), Nazaré (2), Marinha Grande (2), Caldas da Rainha (1), Peniche (3), Lourinhã (1), Torres Vedras (2) e Mafra (2). Alcobaça, Peniche e Lourinhã são os concelhos com maior dimensão de zonas perigosas nas arribas, e o relatório prevê a substituição e colocação de avisos em mais 129 locais, juntando-se às 79 placas já existentes. A interdição de acessos e de habitações constituem os casos “mais problemáticos”, reconhece o próprio INAG, acrescentando que a situação deve ser reavaliada em conjunto com as autarquias, “para com bom senso, mas com realismo”, propor uma solução. Perante a possibilidade de interdição de alguns acessos no Sítio e Forte de São Miguel, o presidente da Câmara Municipal da Nazaré, Jorge Barroso, espera “abertura” por parte do MA para definir a “melhor solução” ao nível local. Jorge Barroso adianta que o relatório não é claro quando fala das praias da Nazaré, explicando que “a questão que se coloca na praia do Forte de São Miguel e do Sítio, é a escada que dá acesso aos pescadores desportivos, junto ao farol”. O autarca esclarece ainda que na praia Norte, na base da falésia do Sítio, existe uma zona onde poderão cair algumas pedras, sublinhando, contudo, que “já foi devidamente sinalizada e vedada”. Ao lado das decisões técnicas Por seu lado, Gonçalves Sapinho, presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, sublinha que a autarquia está “cem por cento ao lado das decisões técnicas”, prometendo apoiar as “medidas de prevenção” ou a “correcção daquilo que há para remediar”. “Mas a Câmara não vai fazer rigorosamente nada” sublinha o edil, justificando que em Água de Madeiros e Vale Furado, as habitações referenciadas como estando em risco, foram construídas há trinta e quarenta anos. “Nós não autorizámos nada que não estivesse de acordo com o Plano Director Municipal ou Plano do Ordenamento da Orla Costeira”, reforça o autarca, salientando, que as zonas de risco agora indicadas pelo INAG, estão sinalizadas, há, pelo menos, três anos. “Queremos saber o que é que o Estado quer fazer. Se tivermos de deslocar habitações é preciso negociar com o INAG, Ministério do Ambiente e privados”, sustenta Sapinho.O relatório do MA foi elaborado por uma comissão técnica de vigilância e acompanhamento das arribas e contou com a supervisão do Governo Civil. Estas situações, começaram pela primeira vez a ser enfrentadas em Fevereiro passado, quando o gabinete do governador civil do distrito, José Miguel Medeiros, concluiu um levantamento dos casos mais graves, após ter passado a pente fino toda a faixa costeira da região. Adelino Mendes, adjunto do governador civil, explica que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) vai “ser chamado” a apresentar soluções nos casos mais graves, garantindo que o Governo Civil ficará responsável “em articulação com forças de segurança” pelo reforço de acções de vigilância. Entretanto, mesmo depois de alertados quer por placas já colocadas ou pela atenção dada ao assunto pela comunicação social, para o perigo de desmoronamento, os habituais frequentadores das praias e zonas costeiras em causa, continuam a frequentar e pescar nas áreas de risco. Perante estes comportamentos, o comandante da capitania do Porto da Nazaré, Loureiro de Sousa, remete para a consciência cívica, o respeito pelas medidas implementadas pelo Governo, frisando que, “é impossível vedar o acesso às praias”.
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