João Paulo DelgadoDeputado na Assembleia Municipal da Nazaré pela CDU-Quando me foi pedido para escrever um artigo para este número do Região da Nazaré, pensei desde logo abordar o tema das pescas, falar da situação actual e das alternativas sugeridas pela CDU no seu dossier – Pescas, que recentemente foi apresentado no Salão Mar-Alto.
Contudo, depois da última Assembleia Municipal (30/06/06) senti que não deveria deixar de divulgar tudo o que ali se passou, vocês, leitores, têm o direito de saber em que estádio se encontra a nossa democracia, de que forma é exercida por quem comanda os destinos da nossa terra. Não poderia encerrar em mim ou deixar de resgatar daquelas quatro paredes os acontecimentos daquela sessão. Então, decidi que o artigo que era para ser sobre as pescas teria que ser pescado noutras águas e com outros anzóis…Tendo em conta que a Assembleia Municipal serve para fiscalizar a actividade do município e o desempenho do seu executivo, dirigindo-se a este com o intuito de se certificar sobre as mais diversas matérias que envolvem a vida de uma autarquia, nada mais se pede aos partidos da oposição a não ser que façam funcionar a mesma, com questões directas e objectivas e requerendo respostas tão claras e directas quanto possível, a fim de esclarecer a população relativamente às suas dúvidas. Oposição que não o faça esvazia de sentido a sua própria denominação. Por isso, nós na CDU, tudo o que queremos é fazer funcionar a Assembleia Municipal, fazendo jus à democracia e representando da melhor maneira possível quem acreditou que podíamos ser uma alternativa credível e uma oposição forte, construtiva e séria, com soluções, sugerindo rumos e apresentando políticas justas, defendendo sempre a igualdade de oportunidades e denunciando os favorecimentos e as situações menos transparentes.Foi neste contexto de uma oposição forte, e tendo em mente as palavras de Agostinho da Silva “o mundo só avança, na medida em que se pergunta” que a CDU pediu um esclarecimento ao chefe do executivo sobre o vencimento dos três assessores recentemente contratados para a área das pescas, gestão da qualidade e cultura. Após esta interpelação, o Sr. Presidente da Câmara começou a transparecer um grau de irritabilidade indisfarçável, um nervosismo trepidante e um descontrolo evidente. Foi então que partiu para a agressão verbal para comigo, na qualidade de representante desta força partidária, facto que me recuso a pormenorizar por considerar demasiadamente grosseiro, que em nada dignifica e eleva a postura de alguém que simboliza uma terra e um povo.A triste situação foi registada por todos os que compunham aquela sala, a indignação era evidente e as manifestações de desagrado vinham de vários lados. Apraz-me registar que esta situação não é inédita, pois já na Assembleia Municipal de 27/12/05 o Sr. Presidente da Câmara abordou sarcasticamente um elemento do grupo de trabalho da CDU que se encontrava na zona reservada ao público, violando as regras de funcionamento da Assembleia Municipal. Assim, com esta falta de democraticidade, de abertura e de tranquilidade para gerir os destinos da terra, não admira que o concelho se encontre neste impasse económico, cultural e social. Por tudo isto, não é de estranhar a imensa névoa em que a Nazaré se encontra há décadas. E quando a Nazaré começar a ver de novo, isto se a cegueira não for incurável, escolherá políticos realmente democratas e que respeitem a oposição, considerando-a como parte fundamental da estrutura democrática que deve nortear o poder local.
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