Contacto com a “lagarta processionária” pode ser nocivo para a saúdePopulação de larvas nos pinhais nociva para os humanosDeslocam-se em procissão e têm mil pêlos urticantes prontos a descarregarem toxinas capazes de provocarem alergias, conjuntivites e problemas gástricos Maria Rosa Paiva, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa alertou recentemente para uma nova população de larvas da “processionária do pinheiro” que se desenvolve no Verão no Pinhal de Leiria e que está a alastrar pelo litoral, colocando em risco o vigor dos pinheiros e a saúde de pessoas e animais. Segundo Maria Rosa Paiva, a nova população de larvas alastrou para Sul, pelo litoral, ultrapassando já a Nazaré, e ultimamente para Norte, sendo previsível que se expanda pelo resto do país junto à orla costeira, tornando-se economicamente muito prejudicial, se a sua progressão não for contida.
Além de provocar a desfolha do pinheiro, afectando o seu crescimento, a larva causa alergias em pessoas, animais domésticos e outros mamíferos devido à acção urticante dos seus pelos ao nível da pele, do globo ocular e dos aparelho respiratório e digestivo. A investigadora recordou situações ocorridas no Verão passado em São Pedro de Moel, em que apareceram várias pessoas com graves reacções alérgicas, tais como bolhas empoladas na pele que persistiram durante mais de uma semana, e referiu o caso de um cão que ficou sem a língua por ter abocanhado um ninho de larvas. “As suas sedas, que são pelos invisíveis, contêm uma toxina poderosíssima que, além da pele, pode afectar as mucosas e causar conjuntivites e gastrites”, acrescentou Maria Rosa Paiva. Cem mil pêlos urticantesEstas lagartas chamam-se processionárias por abandonarem o pinheiro em fila, como numa procissão, em direcção ao solo, na sequência do seu ciclo de desenvolvimento. Cada lagarta possui oito receptáculos com cerca de cem mil pêlos urticantes que se abrem quando se desloca, surgindo então o perigo de entrarem em contacto com pessoas ou animais, picando-os como agulhas e injectando-lhes substâncias tóxicas. As crianças, por brincadeira, e os cães, ao cheirarem ou morderem as lagartas, são os principais afectados, sendo frequentes as situações de zonas urbanas e turísticas afectadas por este problema. Segundo a investigadora, que participou num estudo europeu sobre o controlo desta larva, conhecida como “lagarta processionária do pinheiro”, existente há milhares de anos nos países da orla mediterrânica, a nova população distingue-se da já conhecida por se desenvolver durante o Verão, e não no Inverno, como aquela. Foi detectada em 1997 numa pequena mancha do Pinhal de Leiria e, embora a sua investigação esteja ainda “limitada a pequenos estudos não subsidiados”, conhece-se já a sua genética e sabe-se que “as duas populações não se cruzam, porque o seu período de reprodução ocorre em diferentes épocas do ano”, afirmou. Com a nova população de larvas, a desfolha passou a ocorrer tanto de Inverno como de Verão, frequentemente nas mesmas árvores, debilitando as árvores e impedindo a sua recuperação.
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