O arguido Francisco Páscoa (à esquerda) à saída do Tribunal de Caldas da RainhaComplexo caso de alegada burla financeira com offshores a partir da BeneditaJulgamento do caso “Melchizedek” prossegue no Tribunal de Caldas da Rainha e já tem sessões marcadas até 14 de Junho António PauloOnde pára o dinheiro? Esta é a questão para a qual até agora ainda não surgiram respostas no julgamento da alegada burla financeira com offshores, já conhecido como o “caso Melchidezek”, isto após a realização de oito sessões em que o colectivo de juízes presidido por Paulo Coelho, coadjuvado pelos seus colegas Rui Alexandre e Maria Emília, interrogou ao longo de quase cinquenta horas o arguido Fernando Cardoso.
Este ex-professor na Benedita e “consultor financeiro” procurou com as suas declarações dar ao Tribunal a sua versão sobre os factos de que está acusado, manifestando, por vezes, dificuldades em justificar algumas provas documentais, alegando desconhecimento ou esquecimento, e não sabendo, de todo, esclarecer qual o destino final do dinheiro que os “investidores” aplicaram no seu negócio de “incorporações” no Domínio de Melchizedek. Mas quando instado de forma muita directa pelo juiz Rui Alexandre a pronunciar-se sobre a similitude de “pirâmide” da sua “actividade” com os casos da “D. Branca” e da “Afinsa/Fórum Filatelico”, Fernando Cardoso foi claro ao afirmar que “não há semelhança nenhuma”.Fernando Cardoso reconheceu perante o Tribunal que apenas uma das operações financeiras realizadas com o Credit Bank International teve “sucesso”, a que se seguiu uma segunda, que “resultou em incumprimento a partir da primeira tranche do reembolso do investimento”. Foi então que Fernando Cardoso e Carlos Machado – arguido que não compareceu em julgamento – e que está ser julgado à revelia – começaram a operar com a, que nunca cumpriu com nenhum dos contratos celebrados com o American Group Bank (ABG). Esta era uma incorporação detida por aqueles dois arguidos na Austrália, em conjunto com Francisco Páscoa e Judite Cardoso, e através da qual movimentavam via agência do Deustch Bank de Badajoz, para um banco americano, no qual a Oakhaven Investments detinha contas, os dinheiros entregues pelos investidores, para serem aplicados em “programas de alto rendimento”.Mil por cento de rendimento“Programas de alto rendimento” que Fernando Cardoso não soube explicar ao Tribunal em que consistiam, mas sobre os quais referiu aos juízes “estar, ainda hoje convicto, de que as aplicações permitiam a obtenção de rendimentos de mil por cento”. Perante os incumprimentos dos contratos pela Oakhaven Investments, e pressionado pelos investidores, Fernando Cardoso disse ao Tribunal ter-se deslocado em 1999 a Miami, nos Estados Unidos da América, onde em conjunto com alguns dos lesados promoveu duas manifestações frente à casa de Herman Flowers, administrador da Oakhaven Investments, para exigirem a devolução dos capitais investidos e respectivos rendimentos. O que acabou por nunca suceder, de acordo com Fernando Cardoso a referir ao Tribunal ter “apresentado queixas no FBI e Interpol”.O arguido Francisco Páscoa – funcionário administrativo na empresa de Fernando Cardoso – foi ouvido em apenas duas sessões, admitindo ao colectivo ter tido um papel activo em apenas uma incorporação, ter prestado alguns esclarecimentos aos clientes sobre os investimentos em incorporações ou offshores, mas sublinhando que as decisões mais importantes eram sempre tomadas por Cardoso e Machado.Os factos constantes da acusação que se revestem de alguma complexidade, tem sessões marcadas até ao próximo dia 14, devendo em breve começarem a ser ouvidas as 121 testemunhas, arroladas pela acusação e defesa. Desde a passada segunda-feira que começaram a ser ouvidas as primeiras testemunhas de acusação, entre as quais alguns agentes da Polícia Judiciária que investigaram este caso.
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