Rui SerafimProfessorQuem é da minha geração ou de gerações anteriores conviveu com uma série de acontecimentos políticos e sociais que marcaram, com um cunho indelével, a vida de cada um. A fronteira temporal, por isso histórica, passou a ser ‘antes e depois do 25 de Abril”, como se de uma nova era se tratasse.
Encontramo-nos em vésperas de mais um “25 de Abril”. Ao dizermos ‘mais um’ parece que entrámos numa contagem de rotina e que estamos apenas diante de uma inevitabilidade do calendário, cuja única vantagem se traduz em ser feriado e não trabalhar. Na realidade, será assim para uns, não será assim para outros. Não há que fazer juízos de valor sobre o assunto ou não fosse a liberdade um bem inalienável. Ressalve-se, porém, que compete a cada um de nós o exercício e a salvaguarda da cidadania, não a deixando por mãos alheias. É justamente nessa medida – de uma cidadania responsável – que cabe integrar a memória do 25 de Abril e de tudo aquilo que com ele se relaciona, sob pena de lhe acontecer o mesmo que aconteceu ao 1º de Dezembro e ao 5 de Outubro.É por isso que para muitos cidadãos e cidadãs deste país se torna intolerável o tratamento que está a ter o edifício que albergou a sede da polícia política de Salazar e Caetano, na rua António Maria Cardoso, em Lisboa, isto é: que seja transformado em mais um condomínio fechado. Dizendo de outra maneira: que seja apagada, sem qualquer sinal, a memória material da hedionda PIDE/DGS. «Sem memória não há futuro» sintetiza esse movimento cívico (http://maismemoria.org/). A pedagogia feita pela memória é um elo decisivo da cadeia humana pela liberdade. Os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau estão de pé para percebermos mais vivamente os horrores do nazismo.
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