José Joaquim Piló e o “Mar Salgado” ancorado em PenichePescador da Nazaré encontrou a morte ao largo de Peniche A faina e o mar voltaram a cobrar um tributo à comunidade piscatória nazarena ao fazerem mais uma vítima mortalCarlos BarrosoUm pescador da Nazaré, tripulante há cerca de ano e meio do arrastão “Mar Salgado”, matriculado em Aveiro, morreu na madrugada de sábado passado, ao cair ao mar, ao largo da costa de Peniche. José Joaquim Piló, de 53 anos, em circunstâncias ainda por apurar, ter-se-á desequilibrado e escorregado pela rampa da popa que serve para lançar e alar a rede, tendo caído ao mar. Versões dos tripulantes, do “Mar Salgado” apontam para que a vitima tenha batido com a cabeça durante a queda, o que lhe terá provocado a perda dos sentidos, uma vez que sabia nadar.
Ao aperceber-se do sucedido e em acto contínuo, o mestre do “Mar Salgado” lançou-se às águas, na tentativa de salvar o seu pescador, o que conseguiu tendo a restante tripulação ajudado a recolhê-lo para bordo. Contudo, José Joaquim Piló foi retirado vivo das águas, “mas mais tarde acabou por falecer, apesar do mestre do arrastão ter tentado por diversas vezes, fazer manobras de reanimação na viagem de regresso ao porto de Peniche”, revelou ao REGIÃO o genro da vítima, José António Gandaio.Em terra esperavam-no pelas 5h 13m equipas do INEM e dos Bombeiros Voluntários de Peniche, alertados via rádio pela tripulação do “Mar Salgado”, que pediu socorro pelas 3h 30m, altura em que terá acontecido a queda fatal. De acordo com fonte dos Bombeiros Voluntários de Peniche, a equipa de socorro saiu do quartel com destino ao porto de pesca da cidade, mas como o acidente ocorreu em alto-mar, a viagem de regresso do “Mar Salgado” a terra foi longa, tendo o arrastão demorado mais de uma hora a alcançar o porto. A Polícia Marítima da Capitania do Porto de Peniche, tomou conta da ocorrência, tendo o corpo de José Joaquim Piló sido transportado para a morgue do cemitério de Peniche para ser autopsiado, e posteriormente entregue à família, para que esta possa realizar as cerimónias fúnebres.Uma vida com acidentes e quedas ao mar De acordo com José António Gandaio, o sogro era pescador desde pequeno e ao longo da sua vida na faina, já tinha sofrido outros dois acidentes com quedas em alto mar. “A última vez que caiu a água foi no Algarve, há cerca de dois anos, mas já tinha sofrido outros acidentes, como um que teve há mais anos ao largo dos países nórdicos, onde andava na pesca do bacalhau, e que o deixou bastante maltratado, com ferimentos graves na cabeça”, adiantou ao REGIÃO José António Gandaio. “Dessa vez, levou com uma esfera na cabeça, e aí também caiu ao mar tendo ficado bastante maltratado”. “Andou bastante tempo com ferros na cabeça e colares, porque as lesões atingiram a zona perto da medula”, contou, frisando que “ele sempre superou bem todos estes acidentes”.Quanto ao que terá sucedido a bordo do “Mar Salgado”, na madrugada de sábado, José António Gandaio sustenta que “durante a queda ele só pode ter batido com a cabeça em algum lado, porque o meu sogro nadava bem”. “Como a queda se deu com o barco em andamento, concerteza foi preciso dar a volta para apanhar o meu sogro o que deve ter demorado o seu tempo, o que poderá ter feito com que tenha engolido muita água, apesar do mestre da embarcação se ter atirado à água, procurando ir em seu socorro”.José Joaquim Piló, deixa viúva e dois filhos maiores de idade, uma vez mais, a carregar de luto a comunidade piscatória da Nazaré, vila que o viu nascer, e na qual cresceu e sempre residiu.
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