Hélder Pereira o novo coordenador e treinador da MMINMeia Maratona Internacional na Nazaré com dificuldades na formação de atletasA maioria dos atletas nazarenos estão a correr por clubes fora da terra ou como individuais e o sector de formação está sem atletas Joaquim José Paparrola Conhecida por ser a “terra-mãe” das meias maratonas, a Nazaré sempre foi um viveiro de atletas, sobretudo, para as disciplinas do meio fundo e fundo, mas hoje o panorama nesta vertente é confrangedor. A Meia Maratona Internacional da Nazaré (MMIN) tem sido nos últimos anos o grande impulsionador da prática da modalidade no concelho, quer como organizador quer, precisamente, assumindo o papel de descobridor e formador de novos talentos, mas esta vertente enfrenta hoje dificuldades enormes, ao ponto de possuir apenas uma atleta iniciada – a talentosa Daniela Dias, que por sinal é da Maiorga, Alcobaça – a correr com as suas cores. Acresce a esta dura realidade, o facto, não menos estranho, de que a quase totalidade dos atletas seniores e veteranos nazarenos, estejam a correr noutros clubes da região.
Mas afinal o que se passa afinal com o atletismo da MMIN? O novo treinador do clube, Hélder Pereira – que há menos de dois meses substituiu o veterano atleta da casa Joaquim Murraças -, referiu ao REGIÃO que “quando assumi as funções encontrei uma secção de atletismo sem atletas, com pouca informação e dados sobre os ex-atletas, e sem seccionistas ”. Um começo, no mínimo difícil para Hélder Pereira, que com base no trabalho desenvolvido pelo clube e por indicação da Associação de Atletismo de Leiria (ADAL) foi convidado para “trabalhar na elaboração de um novo projecto”, protocolado entre a Câmara Municipal da Nazaré e o clube, “com o objectivo de divulgar a modalidade e proceder à captação de jovens atletas para a secção de atletismo, para os formar nas suas várias disciplinas”. Uma tarefa em que Hélder Pereira conta com o apoio de uma equipa composta pela ex-atleta Ana Rosa Ferreira e pelo velocista sportinguista Luís Freitas – que também correu com as cores da MMIN -, e cuja “prioridade”, como sublinha o técnico nazareno, incide na “captação de jovens, para se poder dar inicio ao projecto idealizado, e para posteriormente endereçar o convite aos pais dos atletas, para colaborarem na secção, apoiando os atletas, e por fim, conseguir o apetrechamento do material, necessário à prática da modalidade e à formação dos jovens atletas”. “Actualmente, existem todos os recursos humanos, físicos e logísticos, para assegurar o apoio necessário à formação dos jovens” salienta Hélder Pereira, apelando “a todos os ex-atletas e a todos os jovens com vontade de aprender as diversas disciplinas do atletismo, seja na área dos saltos, lançamentos, velocidade, fundo ou meio fundo, a aparecerem pelas 18 horas de segunda a sexta-feira, na pista de atletismo Estádio Municipal da Nazaré, ou para entrarem em contacto directamente com a MMIN”.“Pouca vontade de fazer crescer o atletismo”Por seu lado, Luís Freitas, referiu ao “REGIÃO” que “estou aqui apenas a dar apoio ao técnico Hélder Pereira, a servir de exemplo para os jovens e para os motivar na prática do atletismo”. Consciente das dificuldades, Luís de Freitas, salienta que “neste momento o cenário não é dos mais favoráveis, já que existem muitas divergências e faltas de consenso” sublinhando que “há uma atitude bastante passiva no seio da MMIN, constatando-se que existe pouca vontade em fazer crescer o atletismo”. Como outras causas para o cenário que se vive no atletismo nazareno, Luís de Freitas aponta ainda “a falta de motivação entre os jovens para a prática do atletismo é notória, muito por culpa da imagem que conservam de que atletismo é andar a correr às voltas numa pista sem parar”. Mas para o atleta do Sporting Clube de Portugal ainda há esperanças no renascimento do atletismo na Nazaré. “Existem jovens que não residem na vila, mas que são do concelho e que estão interessados na modalidade, e só temos que arranjar transporte para eles virem até à pista e é por aí que nós temos de ir”. “Depois temos de convidar os atletas seniores da Nazaré que estão a correr por outros clubes e individuais a regressarem e dar-lhes o apoio devido, e a pouco e pouco fazer crescer o clube, porque quando eu comecei o atletismo na MMIN, lembro-me que éramos 17 rapazes e umas 15 raparigas sem pista para treinar, e desses alguns foram campeões regionais e nacionais, recordistas nacionais e internacionais, como foram, os casos de Ana Rosa, Filipe Ferreira, Manuel Neves, Carlos Pereira, Mário Caseiro e tantos mais…” Apelos de muitas outras modalidades Por sua vez, o presidente demissionário da direcção da MMIN, António Espanhol “Toné”, a propósito da situação que se vive na secção de atletismo do clube, reconhece que “não tem sido nada fácil arranjar atletas para praticar atletismo, dado que existem muitas outras modalidades na Nazaré e a maioria dos miúdos têm outras opções na prática desportiva” lembrando que “há cerca de um ano aquando da minha chegada ao clube como presidente da direcção, a secção de atletismo era integrada por apenas três atletas”. “O próprio Joaquim Murraças que esteve vários anos ligado ao clube, me dizia que era muito difícil chamar miúdos para praticar a modalidade, chegando a ter apenas dois atletas: a Daniela Dias e um dos seus filhos, que por acaso, hoje já nem faz atletismo”, reforça António Espanhol. Em relação a um eventual “regresso às origens” de atletas da Nazaré que correm noutros clubes, António Espanhol adianta que “já houve contactos para que voltassem a correr pela MMIN, feitos até por parte da autarquia, mas eles fizeram exigências, muito complicadas de aceitar, porque a MMIN não tem capacidades financeiras e não só, para proporcionar a estes atletas tudo o que nos pediram”.
0 Comentários