Tragédia nas Pedras Negras

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O que restou da lancha “Francelina Maria”Pescadores nazarenos morrem em naufrágio nos SalgadosA Nazaré (re)vestiu-se de luto pela morte de mais dois pescadores da terra que perderam a vida no marAntónio Paulo/Liliana João Um pescador morreu, outro ficou ferido e um terceiro esteve desaparecido durante cerca de uma semana, na sequência do acidente com um […]

O que restou da lancha “Francelina Maria”Pescadores nazarenos morrem em naufrágio nos SalgadosA Nazaré (re)vestiu-se de luto pela morte de mais dois pescadores da terra que perderam a vida no marAntónio Paulo/Liliana João Um pescador morreu, outro ficou ferido e um terceiro esteve desaparecido durante cerca de uma semana, na sequência do acidente com um barco de pesca ocorrido na manhã do passado dia 9, numa zona rochosa conhecida como Pedras Negras, a sul da praia do Salgado, na Nazaré e na qual se verificava na altura uma ondulação de 1,5 a 2 metros.

O acidente teve lugar cerca das 8h 30m, quando a lancha “Francelina Maria” com cerca de 6 metros e registada na Nazaré, na qual seguiam António Alberto Meca de 32 anos, Joaquim Gramezino Fulgêncio de 59 e Fernando Trindade André, de 53 anos. O naufrágio terá ocorrido devido a um alegado enrolamento das redes na hélice do motor, sendo a embarcação atingida pela forte ondulação e atirada contra as rochas. Dos três pescadores, só o primeiro se salvou, tendo as autoridades recolhido o corpo de Joaquim Gramezino, enquanto que o corpo de Fernando André, apenas foi recuperado na manhã do passado domingo, junto à foz do rio Alcoa, a sul do Porto de Abrigo. A violência com que o mar atirou a “Francelina Maria” contra as rochas, ficou bem patente nos danos provocados no motor e no casco da embarcação, construída em fibra de vidro.Nos momentos que antecederam o acidente, António Meca que se encontrava à proa da embarcação, ao ver ondas alterosas que se aproximavam, alertou os colegas, cortou as botas de borracha e atirou-se à água, agarrando-se numa fase inicial à corda de atracação (bossa) e posteriormente, nadando para longe da rebentação, até ser recolhido com ferimentos ligeiros e sinais de hipotermia, pelos pescadores de outra embarcação, a “Manel Mar”, que também fainava próximo do local do acidente. Transferido para uma lancha da Polícia Marítima, António Meca foi depois levado pelos Bombeiros Voluntários da Nazaré para o Hospital de Nossa Senhora da Confraria. Uma menor capacidade de reacção ou a tentativa de salvar a lancha – já que se encontrariam a tentar libertar a hélice das redes – poderão ter levado à morte Joaquim Gramezino – dono da embarcação e tio de António Meca – e Fernando André, cujo corpo ainda foi avistado preso nas redes na zona da rebentação, em local de muito difícil acesso, acabando por desaparecer. “Ele deve ter estado preso naquela zona mas depois, com a vazante, foi arrastado para o mar”, referia o comandante Loureiro de Sousa, da Capitania do Porto da Nazaré. Depois de uma semana de espera e de alguns avistamentos, o corpo foi então recuperado no passado domingo, numa altura em que a comunidade piscatória já questionava a eficácia das operações de resgaste do inditoso pescador.Riscos nem sempre compensamAquela zona da praia do Salgado é uma das mais propícias para a pesca do robalo, do sargo e da dourada que por ali existem em abundância, levando a que muitas vezes os pescadores lancem as redes muito próximo da rebentação, com os riscos daí inerentes e violando a legislação para este tipo de pesca, que impõe o lançar das redes a pelo menos uma distância de 450 metros da linha de costa. A Capitania do Porto da Nazaré abriu um inquérito para averiguar as causas do acidente, tendo já ouvido António Meca, sobre as circunstâncias que rodearam o naufrágio.A tragédia do “Francelina Maria” segue-se a outros dois incidentes com barcos de pesca naquela zona, mas dos quais não resultaram vítimas. “Recentemente, viraram-se aqui nesta zona duas embarcações cujas tripulações caíram à água. Num dos casos, subiram para cima da quilha do barco e foram resgatados pelo salva-vidas. No segundo caso, foram salvos por um barco de pesca”, explicava o sub-chefe José Félix, da Polícia Marítima.“O destino deles estava traçado” sentenciava Capitolina Silva, que quase diariamente via os pescadores, junto à rebentação, retirando as redes com o peixe, ela que acompanhada pelo filho, foi um dos muitos curiosos que acorreram ao local da tragédia. “Só os conhecia de os ver aqui à pesca”, adiantava o filho, Ilídio Santos, confidenciando que “há poucos dias vi-os um pouco aflitos junto à rebentação, mas dessa vez conseguiram safar o barco”. Também José Pimentel, pescador a viver há alguns anos na Nazaré, não tinha dúvidas: “eles arriscaram de mais”. “Estavam a levantar as redes que deitaram de noite, só que o mar aqui não está muito bom”, salientava o pescador natural da Figueira da Foz, adiantando que o facto do robalo e o sargo andarem na rebentação e em águas turvas, faz com que “as pessoas arrisquem demasiado”.

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