Armando Lopes ColunistaOs candidatos presidenciais perfilam-se. A charanga já está pronta a sair. Ninguém pode ficar indiferente. Tal é a chinfrineira, a agitação e a bambochata.Os políticos locais, ciosos de protagonismo, chegam-se à frente, põem-se em bicos de pés.
Já mandaram engalanar as ruas, já convidaram todas as personalidades ilustres e tias “dondocas” da região. E estas não se fizeram rogadas. Banharam-se e perfumaram-se. Envergaram os seus melhores trajes. Puseram os brincos, as pulseiras, os anéis e as medalhas. Também já arrebanharam uma dúzia de criancinhas, de faces rosadas e cabelos lambidos. Que ficam sempre bem nas imagens televisivas, a serem beijadas pelos candidatos. O arraial instalou-se. Invadiu as ruas das cidades, das vilas e aldeias, dos lugares. Entrou-nos pela casa dentro, sem pedir licença. E trouxe com ele os bombos e cornetas, os foguetes, os festões e as bandeiras, as castanhas, os tremoços, as pevides, as sandes de courato e os copos de três. Interrompendo-nos o sossego e impedindo-nos o descanso.Os dois maiores partidos estão divididos entre o apoio a D. Sebastião e a Matusalém. Os outros, mais pequenos, repartem as suas apostas por candidatos a uma outra eleição. Não à que elege o Presidente da República, mas apenas à que preenche os tempos de antena. Que nunca se dispuseram a usar fato e gravata e que, por isso mesmo, são candidatos virtuais, de faz de conta.Felizmente ainda sobra um candidato que personifica a esperança. Que sabe ao que se propõe e que o diz claramente, olhos nos olhos. Que tem a coragem e a ousadia de ir à luta sem apoios partidários. Que não se resigna nem se acomoda ao estado convencional das coisas. Que rompe as amarras e arrosta o futuro, de peito aberto.E que dá asas ao sonho…
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