Visitar e “beber” para crer

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Ministro Jaime Silva assegura um Museu nacional do Vinho de portas abertas. Museu Nacional do Vinho em Alcobaça com continuidade garantida Ministro assegura que o museu continuará de portas abertas e desafia autarquia e privados a envolverem-se na sua gestão e dinamização António Paulo O ministro da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime […]
Visitar e “beber” para crer

Ministro Jaime Silva assegura um Museu nacional do Vinho de portas abertas.

Museu Nacional do Vinho em Alcobaça com continuidade garantida Ministro assegura que o museu continuará de portas abertas e desafia autarquia e privados a envolverem-se na sua gestão e dinamização António Paulo O ministro da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva, desafiou, no passado 13, em Alcobaça, os produtores de vinho do Oeste a estabelecerem uma parceria com o ministério e a Câmara Municipal local com o objectivo de colocar no mapa do turismo enológico o Museu Nacional do Vinho, instalado na cidade. O governante que confessou o seu “desconhecimento” sobre o museu, referiu no final da visita que “temos de pôr este museu a receber mais pessoas, integrando-o na rota dos vinhos do País”, reforçando, a “necessidade de se trabalhar para aumentar o número de visitantes”, que em tempos passados chegou aos dez mil, mas que actualmente se contam apenas em cerca de três mil por ano.

De acordo com Jaime Silva, este objectivo só poderá ser atingido se, por exemplo, o museu incluir uma valência gastronómica, garantindo-se assim o aumento do número de visitantes e a sua sustentabilidade financeira. “Porque não hão-de cá vir pessoas beber ou comer, ou até comprar a sua garrafa de vinho?”, questionou-se Jaime Silva, que admitiu avançar no curto prazo avançar com reuniões de trabalho, envolvendo o seu ministério, o ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Alcobaça (CMA), tendo em vista estabelecer uma parceria que permita assegurar a existência do Museu, e sobretudo, torná-lo num espaço museológico vivo, uma tarefa para a qual, no entender do governante, “o ministério da Agricultura não tem vocação, nem especialistas capazes de o fazer”. A visita teve como principal objectivo encontrar uma melhor estratégia para a gestão do museu, tarefa que de acordo com Jaime Silva, apenas será “possível com o conhecimento do espaço”, razão para esta deslocação ao museu, acompanhado pelo presidente CMA, Gonçalves Sapinho e do presidente do Instituto da Vinha e do Vinha, António Rego. Os cerca de três mil metros quadrados do museu são actualmente geridos por dois funcionários, que passaram para o quadro da mobilidade do ministério, mas Jaime Silva garantiu, porém, que “os funcionários não vão para o desemprego”, até porque, sublinhou, “a parceria a estabelecer com a autarquia vai trazer uma boa solução para os trabalhadores”. “Este é um museu que não podemos fechar e muito rico em história”, salientou, sublinhando que “este é um espaço que ultrapassa os limites do interesse regional”, dado o espólio que possui. Satisfeito com a abertura manifestada pela tutela, o presidente da CMA, Gonçalves Sapinho, referiu que a autarquia “pode gerir melhor” o museu, do que o Estado, confidenciando, ainda, que a Associação de Agricultores local está disponível para entrar na futura parceria. Para o edil – que lembrou contactos já encetados em 2002 com a Região de Turismo de Leiria Fátima e a direcção do Instituto da Vinha e do Vinho -, a Câmara “está cem por cento disponível para uma parceria com este ministério da Agricultura”. Um espólio de dez mil peças O Museu Nacional do Vinho está instalado na antiga adega que, em 1875, José Eduardo Raposo de Magalhães mandou edificar para aí implementar e desenvolver a vinicultura da região. Alcobacense ilustre, de índole generosa e de personalidade multifacetada, licenciou-se em engenharia militar, cursou Filosofia e Matemática em Coimbra, foi, também, músico amador e regente, mas foi na sua dedicação à agricultura que deu renome à sua terra. Responsável maior pela fama e desenvolvimento da vitivinicultura de Alcobaça aplicou, na construção da sua adega, a tecnologia mais avançada ao seu tempo, patente ainda hoje na qualidade dos materiais, na racionalidade dos espaços e nas condições de higiene preconizadas. Em 1948, a Junta Nacional do Vinho (JNV), organismo corporativo e de coordenação económica, adquire aos herdeiros de José Eduardo Raposo de Magalhães, a referida adega e terrenos adjacentes, passando aí a funcionar a Adega Cooperativa e os Armazéns da JNV, devidamente modernizados e ampliados, nomeadamente na construção dos Depósitos “air form”. Em 1968, decorrente do encerramento de alguns dos armazéns da JNV, foi dado início à recolha de material vinário disperso nas suas várias delegações. Exercendo, na época, funções de delegado da JNV em Leiria, Manuel Paixão Marques, pessoa de grande sensibilidade para a conservação patrimonial, cedo se interessou pelo espólio acumulado e que, por razões logísticas, ia sendo reunido em Alcobaça. Em 1976, com a passagem da Adega Cooperativa para novas instalações e correspondente desactivação das adegas e dos depósitos, procedeu, então, à organização dos diversos espaços museológicos. Ciente do valor histórico, científico e etnográfico das peças em questão, foi dando início a uma colecção única e preciosa, enriquecida, também, com doações e material posteriormente adquirido em antigas adegas e antiquários, que sistematicamente percorreu e aturadamente investigou, como todo o verdadeiro coleccionador, em permanente busca de um ou outro objecto fundamental, temporariamente perdido. A partir de 1986, com a Organização Comum de Mercado do Vinho, resultante as adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, foi criado o Instituto da Vinha e do Vinho, organismo que herdou o património documental, móvel e imóvel da extinta JNV. É já na vigência desta instituição, que o museu abrirá as suas portas ao público, ocupando um núcleo de edifícios de indiscutível interesse arquitectónico e reunindo o mais importante espólio vitivinícola existente em Portugal. Testemunho da evolução do sector, este museu conta com um acervo de cerca de dez mil peças distribuídas pelas várias instalações coevas da primitiva adega: adega dos Balseiros, adega dos Depósitos, adega dos Vinhos Brancos, adega dos Vinhos Tintos e adega dos Tonéis. Em instalações anexas aos edifícios principais e testemunhando a intensa actividade que estes espaços conheceram outrora, existem, ainda, uma abegoaria, uma oficina de tanoaria, uma antiga “Casa da Malta”, única em Portugal, e uma taberna. O Museu Nacional do Vinho abre as portas diariamente das 9 às 12h 30m e das 14 às 17h 30m, encontrando-se encerrado aos sábados, domingos e feriados.

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