Após o 25 de Abril – consequências sociais

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Fernando LindonProfessor UniversitárioApós o 25 de Abril de 1974, o modelo de desenvolvimento português, ao contrário da Europa civilizada, adoptou um percurso errático, acelerado, brutalizado, e profusamente errado. Surgiu uma pequena burguesia herdeira do Estado Novo mais materialista e consumista. Outra classe social, muito modesta, veio sistematicamente persistindo, vivendo todos os dias, de forma crescente […]

Fernando LindonProfessor UniversitárioApós o 25 de Abril de 1974, o modelo de desenvolvimento português, ao contrário da Europa civilizada, adoptou um percurso errático, acelerado, brutalizado, e profusamente errado. Surgiu uma pequena burguesia herdeira do Estado Novo mais materialista e consumista. Outra classe social, muito modesta, veio sistematicamente persistindo, vivendo todos os dias, de forma crescente à beira do abismo e da proletarização.

Esta gente que tem cerca de 370 euros mensais para viver, este povo que pede fiado nas farmácias porque não tem dinheiro para comprar os medicamentos, este aglomerado social que depois de ter pago o Passe Social só tem dinheiro para comer uma vez por dia, esta amálgama de indivíduos que perdeu os seus pequenos negócios e agora empenha os seus bens para comprar leite, esta massa humana que não tem carro nem casa própria e que vive a quilómetros da cidade e que se levanta às 6 horas da manhã para deixar os filhos na escola e tomar a bicha dos transportes públicos, este conjunto populacional que perdeu a terra e vive a velhice em profunda depressão e isolamento, este conjunto de entidades que não sendo indigente perdeu o emprego e ainda não arranjou outro (tendo sido abandonados pelo sistema político), parecendo remediada é hoje apenas pobre. A alternância partidária dos partidos com assento parlamentar, nos órgãos de soberania nacional e regional, após o 25 de Abril, independentemente de múltiplas campanhas hipocritamente moralistas, condenaram muitos portugueses tão-somente à POBREZA. Será realidade a mais, mas esta é sem dúvida uma parte da realidade portuguesa. A despesa pública do estado Português já ultrapassa os 45% , o PIB por habitante português oscila em torno dos 75% (face à média da UE alargada. Actualmente, a taxa de desemprego em Portugal oscila em torno de 7% . Os contratos de trabalho precários representam cerca de 20% dos contratos permanentes. Os portugueses com de pensões de sobrevivência e invalidez, apresentando um valor médio de 370 euros, correspondem a 6% e 12% , respectivamente. O rendimento dos agricultores portugueses é cerca de 30% inferior ao nível médio comunitário. No âmbito do Reg. CEE nº170/83, que instituiu o Regime Comunitário de Gestão e Conservação dos Recursos da Pesca, a frota pesqueira portuguesa tem sido sistematicamente reduzida, ocorrendo uma quebra no pescado superior à da média europeia. Os consumidores industriais de electricidade em Portugal pagavam, em Julho de 2004, 103 euros contra os 98 pagos pelos congéneres espanhóis. No último ano, as tarifas para os clientes industriais portugueses foram ainda as oitavas mais caras da EU. A abolição das barreiras alfandegárias, feito no âmbito da Organização Mundial do Comércio, a China e a Índia, que em 2002 já detinham uma quota de 36% e 12% das importações europeias, vêm ampliando ainda mais a sua taxa de exportação. Não será pois altura de questionar os políticos e sistemas politico-partidários instituídos? O que pode justificar o persistente apoio a politicas que degradam a vida do povo português? Aos portugueses cabe o direito de resposta.

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