Cristina António, médica veterinária municipal de Alcobaça, faz o exame clínico de todos os animais que entram no canilVeterinária Municipal de Alcobaça aposta na prevenção e sensibilização Em vésperas de mudar para novas instalações Cristina António fala das condições do actual “canil municipal”Liliana JoãoEm todos os municípios, compete à Divisão Veterinária Municipal a desinfestação da superfície e esgotos do Concelho, incluindo escolas, mercados e instalações municipais, a detecção, inventariação e controlo de focos de insalubridade relacionados com espécies infestantes e animais domésticos, o desenvolvimento de campanhas de sensibilização sobre questões relacionadas com animais domésticos, nomeadamente, o abandono, a prevenção de zoonoses e a recolha dos dejectos de canídeos da via pública, o atendimento a reclamações do âmbito da actividade. Para além disso, o Médico Veterinário Municipal, deverá dar apoio nas áreas de higiene alimentar e fiscalização hígio-sanitária, com desenvolvimento de campanhas de sensibilização sobre essas temáticas, para além de estar responsável pela gestão do Consultório Veterinário Municipal.
“Qualquer município tem problemas de animais vadios nas suas ruas”. É assim que Cristina António, responsável pelo Gabinete Veterinário Municipal de Alcobaça e médica veterinária municipal do concelho, desde 16 de Maio de 2003. Actualmente, Cristina António é o único elemento do gabinete veterinário, sendo casualmente auxiliada por estagiários “no âmbito de um programa do centro de estágios profissionais e centro de emprego. De há dois anos para cá tenho tido a trabalhar comigo engenheiras alimentares ou técnicas de nutrição, e este ano, uma médica veterinária como auxiliar, que também já terminou o seu estágio”, explica a médica veterinária. Para além do canil municipal, é a médica veterinária que faz a fiscalização de todos os mercados municipais, os sete que existem no concelho de Alcobaça para além de desenvolver trabalho em colaboração com a delegação de saúde na área da restauração.Actualmente, o espaço destinado ao Gabinete Veterinário Municipal foi sujeito a obras, e “tenho tudo subdividido em temas, tentando aproveitar ao máximo o espaço”, explicou Cristina António. Quando chegou tentou melhorar e alterar os procedimentos relativos aos cães e gatos do canil municipal, e as instalações existentes. Apesar das instalações actuais que existem serem muito reduzidas, “que apenas me permitem ter lugar para quatro cães, são divisões individuais, que todos os dias são lavadas e desinfectadas”. Segundo a veterinária municipal, os animais tem alimentação de ração e à chegada ao Gabinete Veterinário Municipal, são sujeitos a um exame veterinário, com posterior relatório clínico. Adopção ou eutanásia “Os animais permanecem no canil durante os oito dias, o prazo legal para estarem no canil municipal e depois entram numa campanha de adopção”, explica Cristina António que assegura que nenhum animal recolhido é devolvido às ruas. “É lógico que a situação de animais abandonados nas ruas é um problema que existe em todos os municípios e quando não existe uma estrutura que não suporte a permanência por mais tempo, como o nosso caso actual, em que só há duas saídas: a eutanásia ou a adopção. Quando os animais estão saudáveis e eu tenho possibilidade de os manter mais tempo nas instalações, tento ao máximo fazer com que sejam adoptados”, explica a veterinária. No entanto, como a maioria dos animais que se encontram na via pública são animais que são abandonados por terem doenças de saúde pública, zoonoses, tumores ou feridas, “grande parte desses animais não tem outra alternativa, em termos de saúde pública, senão a eutanásia”, esclarece a veterinária municipal, assegurando que “a eutanásia sou eu que a pratico já que se trata de um acto exclusivamente medico-veterinário, ou sob a orientação de um medico-veterinário e a eutanásia é praticada sob as normas da direcção geral de veterinária, correspondendo ao mínimo de sofrimento do animal”. Cristina António contou pormenorizadamente como pratica este acto. “Normalmente utilizo uma pré-anestesia, e só depois aplico a técnica que é emanada na norma, com o mínimo de sofrimento para o animal. Aqui não há nenhum tipo de torturas porque, acima de tudo, sou médica veterinária e gosto muito de animais”. No entanto, a veterinária refere que quando pratica este acto não o faz com uma atitude de clínica mas sim com uma autoridade veterinária municipal já que “infelizmente a eutanásia tem que existir em todos os municípios e não podemos ser utópicos e dizer que ninguém pratica a eutanásia. Isso não é possível acontecer já que há situações em que a eutanásia é inevitável”.Falta de espaço no actual canilCristina António explicou ao REGIÃO que “a maior dificuldade que eu tenho neste momento é o facto de o espaço ser bastante limitado”. No entanto, e quando chega a altura da captura dos animais na via pública, “todo o material é obrigatório em termos de bem-estar”. A captura é feita pelos funcionários da câmara com um laço apropriado, extensível automático, luvas e uma rede rodeada a chumbo, autorizada por lei. Cristina António assegura que “todo o material actualmente ao serviço é de obrigação legal e quando a recolha é feita, o animal vem para Gabinete Veterinário para ser observado”. “Em algumas situações, o animal tem de ser eutanasiado de imediato, como são casos de animais com tumores enormes e em condições de saúde muito más”, explica a veterinária que acrescenta que “por lei, não podemos desenvolver clínica no Gabinete Veterinário Municipal e apenas podemos prestar os cuidados mínimos, ou então, a vacinação anti rábica que é obrigatória por lei, e a identificação electrónica. São estes os actos que podemos fazer aqui, os outros são de competência de clínica veterinária privada e eu não posso eticamente andar aqui a dar vacinas de outra forma que não seja a vacina da raiva”.Acções de sensibilizaçãoNo primeiro ano como responsável pelo Gabinete Veterinário Municipal de Alcobaça, Cristina António contactou com o “Espaço Mágico” da Câmara Municipal, um espaço desenvolvido pela Divisão do Ambiente, que desenvolve várias acções nas escolas do ensino básico do concelho, e desenvolveu uma acção relacionada com animais. “Visitei 22 escolas, abrangi 450 alunos, onde levei cães e gatos que estavam nas instalações. Durante estas acções falei sobre as condições em que os animais têm que estar alojados e as obrigações dos detentores dos animais”, explicou a veterinária municipal acrescentando que “este ano comecei pela verdadeira competência do veterinário municipal, a saúde pública, ou seja falar sobre a zoonose, doenças transmissíveis dos animais ao Homem”. A veterinária acredita que transmitindo a informação às crianças, esta informação acaba por chegar aos adultos já que “sabemos que pelas crianças as informações chegam aos seus pais”. Cristina António confessa a sua paixão pela área de sensibilização facto que explicam todas estas acções desenvolvidas, já que “directamente eu não sou obrigada a fazer este tipo de campanhas como veterinária municipal”. No ano de 2005, com o apoio de uma estagiária técnica de nutrição desenvolveu duas acções direccionadas para a área alimentar. “A acção na área alimentar, “Comer bem para viver melhor”, que decorre até meados deste mês de Março, fala-se sobre os hábitos alimentares, a higiene alimentar”, refere Cristina António.Novas instalações na Fervença“Aqui não há canil municipal, há sim um espaço reservado para a colocação de situações de abandono de animais na via pública. São divisórias muito pequenas e que me permitem no máximo ter quatro animais”, um espaço que Cristina António tem dificuldades em gerir, que limita a recolha dos animais. Está agendado para meados deste mês, e segundo a veterinária municipal, a mudança do canil das actuais instalações, nas oficinas municipais, para um espaço provisório, junto à ETAR, em Fervença, com capacidade para albergar cerca de 20 animais. Para além disto, existe um projecto que “irá substituir o espaço minúsculo actual. O canil irá passar para um alojamento que poderá albergar de 70 a 80 animais”. Para além de albergar os animais abandonados, neste canil municipal “haverá sala de esterilização, onde haverá todas as condições que são obrigatórias pela direcção geral de veterinária”, permitirá gerir toda esta recolha de animais pelo concelho, e “uma sala pedagógica”.
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