Cândido Ferreira está preocupado com a actual situação financeira da companhiaCompanhia residente do Teatro Chaby Pinheiro na Nazaré debate-se com problemas financeirosOs apoios estatais acabaram por não chegar e a companhia residente do Teatro Chaby Pinheiro espera e desespera pela verba prometida pela Câmara Municipal da Nazaré Liliana JoãoFoi há cerca de dois anos que foi apresentado o projecto vencedor do concurso de uma criação de uma companhia de teatro residente no Teatro Chaby Pinheiro, numa parceria estabelecida entre a Câmara Municipal da Nazaré (CMN) a Confraria de Nossa Senhora da Nazaré (CNSN) e a Associação de Defesa da Nazaré (ADN).
O objectivo era transformar o Teatro Chaby Pinheiro num pólo singular no panorama cultural da região, tornando-o um espaço o espaço privilegiado de desenvolvimento de uma actividade teatral de carácter profissional e de iniciativa não governamental, tal como previa o protocolo celebrado entre as três entidades impulsionadoras do projecto. A companhia residente teria como principais vertentes de actuação a definição de um programa regular para o Teatro Chaby Pinheiro, tal como a formação e animação cultural, através da dinamização dos grupos de teatro do concelho e do desenvolvimento de projectos de investigação junto do meio escolar e académico. Cândido Ferreira, que em conjunto com Antónia Terrinha, encabeçou a candidatura vencedora do concurso, ano e meio depois de ter começado as actividades no Teatro Chaby Pinheiro, como companhia residente falou com o REGIÃO, explicou como está a companhia a nível de projectos e comentou a sua actual situação financeira . “Quando pensámos em concorrer ao concurso como companhia residente, acreditamos que seria uma boa aposta. No Verão de 2004, fizemos uma peça na Nazaré, que esteve em cena durante dois meses, ainda não como companhia residente, e tivemos uma assistência muito razoável, o que nos abriu boas perspectivas, mas as coisas não aconteceram, como estávamos à espera” contou Cândido Ferreira. Protocolo de intençõesSegundo Cândido Ferreira, o protocolo que foi feito com as três entidades promotoras “foi um protocolo de intenções, onde se comprometeram de dar o apoio possível para a instalação da companhia, já que iriam sempre existir os apoios do Ministério da Cultura”. Os tão esperados apoios estatais acabaram por não chegar, e “a verba que tinha sido prevista ser atribuída aos teatros descentralizados dos grandes centros, acabou por não aparecer”, lamentou o actor. A companhia, por decisão do júri, não foi contemplada com uma verba regular, mas teve a hipótese de concorrer a verbas de concursos pontuais, mas mais uma vez, essas verbas não chegaram devido ao cancelamento desses concursos estatais. Foi aí que, há cerca de seis meses, foi aprovada na Câmara Municipal, a atribuição de uma verba de 35 mil euros, “sendo que 10 mil euros seriam entregues de imediato, para pagar empréstimos contraídos e actualizar os salários e os restantes 25 mil euros entregues até ao passado mês de Setembro”, explicou Cândido Ferreira. No entanto, até à data, a Câmara Municipal apenas disponibilizou 15 mil euros, ficando muito àquem do que tinha sido prometido. “Neste momento, estamos completamente aflitos porque o dinheiro não nos foi entregue e foram contraídos empréstimos na banca e não os podemos pagar”, confidenciou Cândido Ferreira.Cortes forçadosA companhia, inicialmente, era composta por cinco elementos permanentes que, como referiu o actor, “seria o essencial, mesmo sabendo que uma companhia precisaria de muito mais. Mesmo assim, arriscamos com um responsável técnico, uma produtora e três actores: a Antónia e eu, que desempenhamos funções de encenadores, para além de sermos actores, e o Fernando que também é actor e animador”. Neste momento, a companhia está reduzida a três elementos, tendo sido dispensados o responsável técnico e a produtora, o que contribuiu para diminuir despesas fixas. Nos últimos espectáculos, a companhia teve de recorrer à contratação temporária de uma produtora e de técnicos. “O dinheiro está completamente em falta. Estamos completamente a zero, com dívidas e com cerca de quatro meses de ordenados em atraso”, lamentou Cândido Ferreira. O actor explicou que, actualmente, não depende a cem por cento dos rendimentos da companhia, mas os restantes dois actores têm na companhia o único rendimento. Na opinião do actor, “no futuro, o protocolo terá que clarificar todas estas questões, como é o caso de quanto é a verba e e especificar a data limite de sua entrega. Tem de haver o mínimo de planificação para que esta situação não repita”. No entanto, Cândido Ferreira reconhece que “apesar de termos tido conhecimento de que este ano não haveria apoio estatal, decidimos, mesmo assim arriscar”. O actor confessa que “o nosso maior cansaço não tem sido do trabalho, mas sim do desgaste e enormes preocupações decorrentes de falta de meios financeiros”.Conquistas e novos projectos“Quando nos estabelecemos no Teatro Chaby Pinheiro, a nossa ideia era aproveitar o teatro lindíssimo, numa localização perto de Lisboa, mas ao mesmo tempo inserido numa atmosfera calma, sem grande distracções, onde podemos produzir livremente”, lembra o actor que acredita que as pessoas têm vindo a aproximar-se da companhia para a participarem na vida activa do teatro. “Aqui não havia o hábito de ir ao teatro e agora as pessoas já o adquiriram”, sublinhou o artista ao REGIÃO classificando a resposta do público como “razoável”. Presentemente, a companhia está a preparar um espectáculo para os mais novos, mas já existem projectos para quatro espectáculos e mais três peças para crianças. A companhia residente do Teatro Chaby Pinheiro, designação que Cândido Ferreira admite “mudar para um nome formal, já que a companhia não tem uma designação oficial”, trabalha com as crianças e com os mais idosos, através de trabalhos desenvolvidos no Centro de Dia. As “Oficinas de Teatro”, onde as pessoas têm a possibilidade de fazer exercícios relacionados com o teatro é outro trabalho de formação, desenvolvido aos sábados à tarde no próprio teatro.Existem também os “Clubes de Teatro” que no ano passado funcionaram nas instalações do teatro, mas que este ano já funcionaram nas próprias escolas, preparatórias e secundárias, com os actores da companhia a deslocarem-se às escolas, uma vez por semana, onde os alunos têm a possibilidade de ter aulas extra-curriculares da “arte de Talma”.
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